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Nós, entidades e indivíduos da Rede Alerta contra o Deserto Verde/Brasil, abaixo signatários, queremos expressar nossa grande preocupação com o histórico e o destino das certificações FSC no Brasil, legitimando monoculturas de árvores em larga escala, ainda que já exaustivamente demonstrada a sistemática violação de direitos sociais, ambientais e econômicos no entorno desses grandes plantios agroquímicos.
Se o FSC está em processo de revisão do princípio 10, reavaliando a política que rege a certificação dessas monoculturas empresariais, queremos expressar desde já nossa expectativa de que o FSC não mais certifique esse tipo de manejo de uma só espécie, em ciclo curto e larga escala.
No Brasil o FSC já certificou vastas áreas de monoculturas de eucalipto. Há inúmeros documentos, publicações, estudos, pesquisas, teses demonstrando os profundos impactos dessas monoculturas sobre povos indígenas, comunidades quilombolas, trabalhadores rurais sem terra, camponeses brasileiros. A monocultura em larga escala do eucalipto não gera emprego, requer vastas extensões territoriais, expulsa a família do campo, provoca o esgotamento e contamina rios e córregos, pouco gera de impostos. Ainda assim o FSC vem certificando grandes empresas em áreas originalmente de Cerrado ou Mata Atlântica, legitimando o latifúndio monocultor, em detrimento da defesa dos direitos dos povos das florestas.
Empresas como Suzano-Bahia Sul, Plantar, V&M, Klabin, jamais poderiam ter sido certificadas com o selo do FSC. Bem como empresas como Aracruz, Veracel, Votorantim, todas plantadoras de eucalipto em larga escala, jamais poderão vir a ser certificadas com um selo verde que requer viabilidade econômica, adequação ambiental e justiça social. Certificar esse tipo de empresa monocultora de árvores em larga escala é absolutamente contraditório com a própria missão e o sentido mesmo do FSC.
Neste momento em que se conclui o nada participativo processo brasileiro de revisão do princípio 10, o FSC deve desde já retirar o selo das empresas Suzano-BahiaSul, da Plantar, da V&M, dando início a um processo de reavaliação profunda de todas as monoculturas em larga escala de eucalipto já certificadas no Brasil.
Cordialmente,
1. AGB/ES – Associação dos Geógrafos Brasileiros – Seção ES
2. AMAR - Associação de Defesa do Meio Ambiente de Araucária - PR
3. APROMAC - Associação de Proteção ao Meio Ambiente de Cianorte - PR
4. APTA – Associação de Projetos em Tecnologias Alternativas
5. Arlete Maria Pinheiro Schubert – Historiadora – ES
6. Brasil Sustentável e Democrático – RJ
7. Brigada Indígena – ES
8. CAA/NM - Centro de Agricultura Alternativa do Norte de Minas
9. Carlos Casteglione - Deputado Estadual PT-ES
10. CDDH – Centro de Defesa dos Direitos Humanos - Teixeira de Freitas/BA
11. CDDH-Serra – Centro de Defesa dos Direitos Humanos Serra/ES
12. CEPEDES – Centro de Estudos e Pesquisas para o Desenvolvimento do Extremo Sul - BA
13. Christian Aid – Inglaterra
14. COHRE - Centro pelo Direito à Moradia contra Despejos - Programa das Américas
15. CPT/MG – Comissão Pastoral da Terra
16. Emil Schubert – Pastor Em. IECLB
17. Espaço Cultural da Paz – Teixeira de Freitas/BA
18. Fábio Martins Villas – Indigenista - ES
19. FASE/BA – Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional
20. FASE/ES – Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional
21. Fórum Estadual de Mulheres/ES
22. Geertje van der Pas - CMC Holanda/CIMI Brasília
23. Movimento Nacional dos Direitos Humanos/Regional Leste
24. MPA/ES – Movimentos dos Pequenos Agricultores
25. MST/ES - Movimento doa Trabalhadores Rurais Sem Terra
26. ODESC - Organização de Desenvolvimento Sustentável e Comunitário - MG
27. Prof. Dr. Klemens Laschefski - Porta-voz para as Florestas Tropicais - Amigos da Terra Alemanha e Pesquisador Visitante - IGC/UFMG.
28. Sebastião Ribeiro Filho, advogado – ES
29. Temístocles Marcelos Neto - Coordenador da Comissão Nacional do Meio Ambiente da CUT Nacional