Toda vez que se usa a expressão "florestas plantadas" o conceito pode remontar-se à Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) baseada em Roma. Quanto mais é o conceito impugnando pelos povos locais e ONGs que lutam contra as plantações, mais a FAO desenvolve apoio para mantê-lo.
A razão é simples: a FAO tem escolhido estar ao serviço das corporações do norte que se beneficiam com as plantações de árvores –particularmente do setor da celulose e do papel. Apresentar as plantações de monoculturas de árvores disfarçadas de "florestas plantadas" tem resultado ser uma boa ferramenta de marketing que serve para esconder o desastre social e ambiental que envolvem as plantações de monoculturas de árvores de madeira rápida em grande escala.
Boletim Nro 123 - Outubro 2007
NOSSO PONTO DE VISTA
COMUNIDADES E FLORESTAS
-
17 Outubro 2007Uma intensa onda de frio atravessou a Argentina na primeira quinzena de julho. Nas cálidas terras da província do Chaco, onde a média anual é de uns 20ºC foram registradas marcas abaixo de zero. Esse brusco declínio da temperatura manifestou em mortes a dimensão da emergência sanitária e alimentar que vivem os povos indígenas Toba, Mocovi e Wichi nesse distrito do nordeste do país, onde a saúde está minada pela desnutrição, a tuberculose e o chagas. Em poucos dias o número de mortes chegou a 10; até 2 de outubro, esse número pulou para 16, sendo que a maioria são Tobas.
-
17 Outubro 2007Visitei Camarões em duas ocasiões, dezembro de 2006 e setembro de 2007. Nas duas viagens fiquei chocado pelo número enorme de caminhões carregados com enormes toras de árvores tropicais que podiam ser vistos em quase qualquer estrada. A grande maioria era transportada aos portos para ser exportada- sem processar- principalmente aos países do Norte. Ao ver aquelas “florestas nativas sobre rodas” viajando ao longo das estradas me lembrei do livro de Eduardo Galeano “ As veias abertas da América Latina”. No caso, tratava-se das veias abertas da África Central (Camarões, República Democrática do Congo, República do Congo, Gabão) e as toras representam a vida dos povos e florestas africanas que são extraídas para o consumo dos países do Norte.
-
17 Outubro 2007O dia 26 de setembro de 2007 não será fácil de esquecer em Intag, a área subtropical anti-mineira do noroeste do Equador. Depois de meses à espera de uma resolução, o Ministério das Minas e Petróleos anunciou a suspensão das atividades mineiras da mineradora canadense Ascendant Cooper, proprietária das concessões no local. A decisão do ministro Galo Chiriboga está juridicamente sustentada pelo fato de a empresa ter iniciado suas atividades em descumprimento da lei, já que não solicitou as correspondentes autorizações e relatórios do Município de Cotacachi.
-
17 Outubro 2007Em Honduras são desmatados de 80.000 a 120.000 hectares ao ano. Nossas florestas são multidiversas: de pinheiro, com uma variedade de sete espécies; latifoliadas, com 200 espécies de árvores e uma rica biodiversidade principalmente em terras baixas; nubladas latifoliadas, com pinhais ou florestas mistas em terras altas; latifoliadas em locais de clima seco; e manguezais.
-
16 Outubro 2007Uma série de grandes barragens são propostas atualmente para a Bacia do Rio Sekong no sul do Laos. Além das dezenas de milhares de pessoas no Laos que seriam afetadas por estes projetos, os meios de vida de 30.000 pessoas que vivem rio abaixo ao longo do Sekong no Camboja também estão ameaçados. No entanto, as barragens estão sendo planejadas sem consideração pelo impacto sobre as pessoas e o meio ambiente no Camboja.
-
16 Outubro 2007Em março de 2007, foi lançado um apelo nacional e internacional diante do iminente desmatamento e destruição total, por parte de uma empresa chamada UMBU S.A., de 24.000 has (240 Km²) de floresta virgem e intocada, no coração da área denominada “Amotocodie”, norte do Chaco Paraguaio. Amotocodie faz parte do território ancestral do Povo Indígena Ayoreo, e continua sendo habitado de forma permanente por dois grupos ayoreo isolados. São grupos que nunca têm tido contato com a sociedade moderna e que vivem sua vida tradicional em estreita relação de interdependência e apoio mútuo com a natureza e a floresta.
-
16 Outubro 2007De 8 a 13 de outubro, as organizações de pescadores, colhedores artesanais, ambientalistas e acadêmicos de 10 países da América Latina, organizados na Redmanglar Internacional, se reuniram no município de Cuyutlán, Estado de Colima, no México. Durante toda uma semana de trabalho foi denunciado que no mundo é reafirmada e fortalecida uma política de apropriação e uso de espaços litorâneos e marinhos nos quais os interesses econômicos de uns poucos se antepõem à conservação dos ecossistemas que sustentam a vida e os direitos básicos das comunidades locais.
COMUNIDADES E MONOCULTRAS DE ÁRVORES
-
17 Outubro 2007A invasão de territórios de populações locais pelo projeto agroindustrial da Aracruz Celulose S.A., implantado nas décadas de 1960 e 1970, no Espírito Santo, causou enormes perdas materiais e simbólicas para as populações indígenas e quilombolas. Algumas delas são irrecuperáveis. “É meus primos. Quando a Aracruz chegou aqui e botou eles pra fora... ela chegou invadindo. Quando ela chegou, eles ficaram com medo e largaram a terra deles e foram embora. Ela chegou com um monte de tratô e passou em cima das casinhas deles. As casinhas era de palha, barreada, que eles morava. Aí, tem os meus primos que têm vontade de retornar pra dentro da aldeia de novo”. (Maria Loureiro, aldeia tupiniquim de Irajá).
-
17 Outubro 2007Entre os anos de 2001 e 2005 era possível comprar nos EUA uma placa de madeira compensada fabricada pela companhia Pizano S.A., uma das maiores empresas florestais da Colômbia. A placa estava fabricada em parte com madeira provinda de plantações certificadas pelo FSC (Conselho de Manejo Florestal) e o resto provinha de florestas naturais do Nordeste da Colômbia, florestas nas que a guerrilha, os grupos paramilitares e o Exército combatiam pelo controle do território e seus recursos naturais. Portanto, as placas de madeira compensada estavam manchadas com sangue.
-
17 Outubro 2007Mais cedo neste ano, em uma tentativa de desencorajar o uso de sacolas plásticas, o governo queniano lançou um imposto de 120 por cento sobre o plástico. Enquanto o imposto poderia parecer uma decisão favorável para o meio ambiente, poderia resultar em sérios impactos para o meio ambiente. Um dos beneficiários da decisão será a Pan African Paper Mills, de propriedade parcial do governo.
-
16 Outubro 2007No final de julho, grandes incêndios arderam em parte da Suazilândia e no leste da África do Sul. Os incêndios deixaram um saldo de mais de 20 pessoas mortas, mataram rebanhos e animais silvestres, e deixaram lares queimados e plantações e lavouras destruídas. Em ambos países, as equipes contra incêndios e o pessoal de emergências foram exigidos demais. Foi uma catástrofe de grandes dimensões. Notícias do IOL (Independent Online) informaram que cerca de 80 por cento do território nos arredores da cidade Paulpeitersburg da província de KwaZulu-Natal na África do Sul– uma das áreas mais afetadas e com mais plantações de madeira- tem sido devastado.
-
16 Outubro 2007Durante anos, o WRM tem estado documentando os impactos sociais e ambientais das monoculturas de árvores. No entanto, até agora não tínhamos as informações sobre o ponto de saída da cadeia: os viveiros onde são produzidas os milhões de plantas destinadas a ser plantadas. Recentemente foi concluída uma pesquisa sobre as condições de trabalho e o uso de agrotóxicos nos viveiros das duas maiores empresas florestais certificadas no Uruguai pelo Forest Stewardship Council (FSC): a Eufores (Ence- Espanha) e a FOSA (Metsa Botnia- Finlândia). (1)
ÁRVORES GM
-
17 Outubro 2007Em agosto de 2007, a ArborGen assinou um contrato que vira o objetivo da companhia de ser "o ator preeminente no desenvolvimento e marketing global das árvores modificadas geneticamente para a indústria florestal" mais perigosamente perto de ser realidade.
-
17 Outubro 2007Recentemente, o Instituto Florestal Europeu (EFI) divulgou uma declaração em favor da pesquisa de árvores geneticamente modificadas. Várias das 131 organizações membro do EFI (institutos de pesquisa, universidades e empresas) estão envolvidas com a pesquisa de árvores GM. O presidente do EFI, entre 2004 e 2006, foi François Houllier, diretor científico do Instituto Nacional para a Pesquisa Agrícola (INRA) da França que está desenvolvendo pesquisas em árvores GM. Outros membros envolvidos em pesquisa de árvores GM são o Instituto de Pesquisa Florestal finlandês (METLA) e o Centro Federal de Pesquisa para o Florestamento e os Produtos Florestais (BHF) na Alemanha.