Engano e destruição por trás da definição de florestas da FAO

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Engano e destruição por trás da definição de florestas da FAO: Compilação de artigos do Boletim do WRM no âmbito do 21 de março – Dia Internacional das Florestas da ONU

Durante décadas, o WRM tem revindicado que a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) reveja com urgência a sua definição de floresta, que beneficia principalmente os interesses das empresas de plantações de monoculturas industriais de árvores. A definição da FAO reduz a floresta a qualquer área coberta por árvores, descartando outras formas de vida, bem como a diversidade biológica, cíclica e cultural que a constitui, em interconexão contínua com comunidades que dependem dela. Essa definição reducionista também permite que dezenas de milhões de plantações industriais de monoculturas de rápido crescimento sejam consideradas “florestas plantadas” nas estatísticas florestais dos países, apesar de todos os impactos sociais e ambientais bem documentados. A ONU declarou o 21 de março como Dia Internacional das Florestas e, desde então, ele tem sido mais uma oportunidade para denunciarmos a definição enganosa da FAO.

Já em 2009, o WRM denunciou, em seu Boletim 141, que “a definição de florestas não é uma discussão acadêmica ou linguística: é uma questão política que tem graves consequências concretas em termos sociais e ambientais. Definir plantações como florestas dá poder o setor empresarial – principalmente empresas de plantação – e tira poder das comunidades locais que se opõem a essas empresas e querem proteger seus meios de subsistência. A FAO continua cumprindo esse papel ao se recusar a mudar a sua definição”.

A definição de floresta da FAO continua sendo a mais usada. Ele serve de guia para as definições nacionais de floresta em todo o mundo – como nós denunciamos em uma Carta Aberta em 2017 –, bem como para fóruns internacionais onde se tomam decisões, como as negociações sobre o clima. O Acordo de Paris da ONU, de 2016, promove ainda mais a expansão das plantações de monoculturas de árvores. Isso é feito por diferentes meios – desde a promoção de plantações de árvores como supostos sumidouros de carbono até duvidosos programas de reflorestamento ou restauração e à promoção da madeira como fonte de energia para substituir os combustíveis fósseis. Uma das razões por trás dessa promoção é que o Acordo de Paris adota a definição de floresta da FAO.

Como o WRM declarou em uma Carta Aberta à FAO em 2014, juntamente com a Via Campesina, Amigos da Terra Internacional e Focus on the Global South: “A definição prejudica ao menos 300 milhões de mulheres e homens em todo o mundo que, de acordo com a FAO, dependem diretamente das florestas para sua subsistência”. A FAO deve assumir total responsabilidade pela forte influência que sua definição de floresta tem sobre as políticas econômicas, ecológicas e sociais em nível global.

Apresentamos uma compilação de artigos do Boletim do WRM de 2015 até 2018 e outras informações sobre os diferentes impactos e consequências dessa definição de floresta da FAO. Esperamos que isto sirva para destacar a importância de exigir uma mudança dessa definição.

Plantações não são florestas!

Faça o download da compilação aqui