As comunidades quilombolas do Vale de Acará, estado do Pará, Brasil, através da associação AMARQUALTA, junto a comunidades indígenas Tembê e Turiwara, denunciam mais uma ação violenta da empresa de plantações de dendê Brazil Biofuels (BBF).
Em 12 de abril, seguranças da BBF fortemente armados entraram numa área que a empresa cobriu com a monocultura de dendê. Essa área faz parte de um território que é parcialmente quilombola e outra parte indígena. Os seguranças entraram disparando armas de fogo e atingindo alguns quilombolas de raspão (veja vídeo). Por sorte, não houve mortos. Em seguida, as comunidades fizeram um protesto pacífico, bloqueando parcialmente uma estrada que corta seu território.
Em coletiva de imprensa no dia 18 de abril, as comunidades denunciaram ainda que a referida liminar judicial fere um acordo homologado entre a empresa e as comunidades em 2022 na Vara Agrária de Castanhal que estabelece que ambas as partes não adentrariam o território alheio até que a questão fundiária fosse resolvida. A AMARQUALTA denuncia que há tempos a BBF vem violando esse acordo judicial com seus seguranças ameaçando as comunidades. Também denuncia a morosidade das autoridades em regularizar seus territórios, o que poderia resolver o conflito de vez.
Esse episódio é apenas mais um de muitos episódios recentes em que a BBF vem praticando violência e intimidação contra comunidades quilombolas e indígenas, cujos territórios a empresa ocupa ilegalmente para promover o plantio do dendê em larga escala. Tanto que no dia 17 de abril, o Ministério Público Estadual (MPE) do Pará denunciou o chefe de segurança da BBF, Walter Ferrari, e o proprietário da empresa Eduardo Schimmelpfeng da Costa Coelho por constituírem um “grupo de caraterísticas paramilitares”, que “praticaram e ordenaram o cometimento de crimes de tortura, dano e roubo”. Devido a perpetuação das ações violentas da BBF, o MPE pediu sua “prisão preventiva”.
Enquanto em seu site a BBF afirma que “respeita a sociedade e o meio ambiente”, na realidade ela ocupa terras que foram desmatadas e griladas e que pertencem a comunidades tradicionais e indígenas, ataca essas comunidades constantemente e contamina suas águas com agrotóxicos e com os resíduos do processamento do dendê.
Leia aqui em português o comunicado preparado pela AMARQUALTA para a coletiva de imprensa.
Nosso repúdio à empresa BBF; e toda a nossa solidariedade à luta quilombola e indígena!