A seguinte Declaração foi emitida em 24/11/05 em Vitória, Espírito Santo, Brasil, em uma reunião internacional para consolidar o apoio às comunidades locais contra as plantações de árvores em grande escala e contra as árvores geneticamente modificadas. A reunião foi co-patrocinada pelo Movimento Mundial pelas Florestas Tropicais, FASE-ES e o Projeto Global Justice Ecology.
O nome da cidade de Vitória, no Brasil, deriva da “vitória” dos portugueses colonialistas contra os habitantes indígenas originais da terra. Atualmente, o mesmo nome tem um significado totalmente diferente. Os indígenas Tupinikim e Guarani têm retomado as terras que lhes foram roubadas pela gigante corporação de fábricas de celulose Aracruz Celulose. Outras comunidades locais e organizações da sociedade civil que, através da união na luta têm debilitado o poder da companhia, se têm unido à luta contra a companhia e suas fábricas. Portanto, se têm transformado em um símbolo de vitória para os povos do mundo inteiro que estão lutando contra corporações similares.
Os povos do mundo inteiro também estão unindo-se em nível local, nacional e internacional, para pressionar sobre as plantações de árvores em grande escala que têm estado privando-os de seus meios de vida e destruindo suas terras.
Essas lutas nos reuniram em Vitória, Espírito Santo, Brasil, para fortalecer os movimentos dos povos locais contra corporações que estão promovendo as plantações de monoculturas de árvores em grande escala.
Com esse objetivo:
Apoiamos as lutas dos povos locais pelos direitos à terra e acesso à terra
Apoiamos a lutas dos povos locais que estão defendendo seu direito à água, biodiversidade, solos, alimentos, remédios, combustível, etc. que provêm da terra.
Apoiamos as lutas dos povos locais por autonomia e autodeterminação.
Apoiamos as lutas dos povos locais contra as plantações para pasta de madeira e fábricas de celulose.
Apoiamos as lutas dos povos locais contra as plantações de dendezeiros.
Apoiamos as lutas dos povos locais contra as plantações como sumidouros de carbono.
Apoiamos as lutas dos povos locais contra as plantações de biomassa.
Apoiamos as lutas dos povos locais contra a certificação de plantações de árvores em grande escala.
Apoiamos as lutas dos povos locais contra os organismos geneticamente modificados (OGM) e a oposição contra a introdução de árvores geneticamente modificadas que exacerbariam muito os impactos sobre as comunidades locais das plantações de árvores em grande escala. Portanto, fazemos uma convocação para uma proibição global da liberação de árvores geneticamente modificadas no meio ambiente.
As plantações de árvores em grande escala, sejam geneticamente modificadas ou não, são o resultado final de uma série de mecanismos econômicos globais colocados em cena por uma série de atores internacionais que fazem com que seja possível para as corporações, assumir o controle das terras, da água e da biodiversidade dos povos, com o fim de aumentar os lucros. Além das corporações da celulose e do papel, as instituições internacionais que trabalham para debilitar os povos locais em favor dos lucros corporativos e do modelo neoliberal incluem Instituições Financeiras Internacionais como o Banco Mundial, o Banco Interamericano de Desenvolvimento e o Banco Asiático de Desenvolvimento; organizações como a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação; bancos comerciais; e consultoras em florestamento, todas as quais atuam com o apoio de governos nacionais.
Portanto exigimos que os governos nacionais acabem com esse destruidor modelo e atuem para apoiar os direitos e meios de vida dos povos locais, em vez de subjugá-los.
Convocamos os povos do mundo para que se unam às lutas dos povos locais que estão defendendo seus direitos, terras, água e biodiversidade.
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