“O nome da cidade de Vitória, no Brasil, deriva da “vitória” dos portugueses colonialistas contra os habitantes indígenas originais da terra. Atualmente, o mesmo nome tem um significado totalmente diferente. Os indígenas Tupinikim e Guarani têm retomado as terras que lhes foram roubadas pela gigante corporação de fábricas de celulose Aracruz Celulose. Outras comunidades locais e organizações da sociedade civil que, através da união na luta têm debilitado o poder da companhia, se têm unido à luta contra a companhia e suas fábricas. Portanto, se têm transformado em um símbolo de vitória para os povos do mundo inteiro que estão lutando contra corporações similares.”
Boletim Nro 101 - Dezembro 2005
Plantações de monoculturas de árvores
O TEMA CENTRAL DESTE NÚMERO: PLANTAÇÕES DE MONOCULTURAS DE ÁRVORES
As plantações de monoculturas de árvores em grande escala estão sendo promovidas no Sul por um grande número de governos, instituições internacionais e atores corporativos. As comunidades locais estão sofrendo o impacto dessas plantações e estão lutando para recuperar o controle sobre seus territórios. Em virtude dos impactos sociais e ambientais negativos que essas plantações envolvem, o WRM organizou uma Reunião Internacional sobre Plantações (junto com a FASE-ES e o GJEP), que se realizou de 21 a 25 de novembro de 2005 em Vitória, Espírito Santo, Brasil. O encontro reuniu experiências de pessoas que trabalham em diferentes países e assuntos relacionados com as plantações. No presente boletim incluímos uma versão resumida da maioria das apresentações da reunião para compartilhar informação e análise com todos os leitores do boletim.Boletim WRM
101
Dezembro 2005
NOSSO PONTO DE VISTA
AVANÇOS
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9 Dezembro 2005Os impacto negativo das plantações de árvores sobre as florestas e os povos que moram nelas foi salientado pela WRM desde sua criação em 1986. A “Declaração de Penang em 1989, que apresentou a visão compartilhada pelos membros da WRM. Identificou as plantações de árvores como “ parte integral das políticas e das práticas que levam ao desmatamento no mundo afora em nome do desenvolvimento”. O anterior não foi uma “descoberta” intelectual, foi o resultado da identificação de lutas locais que foram levadas adiante na Índia contra as plantações de árvores. A análise dessas lutas e o apoio dado a elas levou à WRM a incluir o tema na sua agenda.
DIFERENTES PAÍSES, SIMILARES PROBLEMAS
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9 Dezembro 2005Os promotores das plantações de árvores com fins industriais alegam que as plantações constituem “reflorestamento”, que aumentam a área de florestas, que providenciam trabalhos para os povos locais, ou reduzem a pressão sobre as florestas naturais. A realidade no Camboja evidencia que esses argumentos são apenas propaganda. O Primeiro Ministro do Camboja, Hun Sen, tem entregue vastas áreas de concessões de terras, muitas delas para seus conhecidos comerciais e amigos. Apesar de que a Lei de Terras do Camboja de 2001 limita o volume das concessões de terras para 10.000 hectares, muitas das concessões ultrapassam de longe essa superfície.
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9 Dezembro 2005A recente reunião internacional do Movimento Mundial pelas Florestas para fazer um balanço das suas atividades e uma re-elaboração das suas estratégias no combate às plantações industriais de monoculturas de árvores em larga escala, escolheu um lugar simbólico para seu encontro – o Estado do Espírito Santo, Brasil.
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9 Dezembro 2005Lumaco (que significa “Água de Luma”) é uma comuna de passeio desenhada em uma grande área de plantações florestais e comunidades empobrecidas. Oferece muito pouco para quem quiser ficar. Lumaco é parte das comunas conhecidas no Chile como florestais. A visão de futuro da comunidade expressada em seu Plano de Desenvolvimento Comunal 2000-2006 diz ansiar “uma comuna com pobreza superada, limpa e em ordem, frutífera e progressista, com desenvolvimento e unidade, com expectativas, com educação intercultural, diversa, com boa qualidade de vida para seus habitantes mapuche e não mapuche”. Passemos breve revista à sua história.
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9 Dezembro 2005No Equador convivem três modelos de monoculturas de árvores: o dos mal chamados “sumidouros de carbono” da fundação holandesa FASE, o das plantações de pinus nas comunidades andinas promovido por organizações vinculadas à igreja e o modelo de plantações para celulose. No presente artigo nos concentramos neste último e mais recente modelo.
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9 Dezembro 2005Asia Pulp and Paper (APP) é uma das maiores empresas de celulose e papel do mundo. Esta empresa é responsável pelo desmatamento em grande escala das florestas da Indonésia. Além disso, APP tem gerado na Indonésia uma quantidade de conflitos ainda não resolvidos com as comunidades locais. Uma pesquisa de próxima publicação realizada por Rully Syumanda, ativista pelas florestas de Amigos da Terra Indonésia/WALHI, e Rivani Noor da Aliança Comunitária contra a Indústria da Celulose (CAPPA), documenta o historial preto da empresa en Sumatra.
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9 Dezembro 2005Em 1994, a Fundação FACE assinou um contrato com as autoridades ugandenses para plantar árvores em 25.000 hectares dentro do Parque Nacional do Monte Elgon em Uganda. A Fundação FACE está trabalhando com a Autoridade de Vida Selvagem de Uganda (UWA), que é responsável pelo manejo dos Parques Nacionais desse país. A Fundação FACE (Forests Absorbing Carbon Dioxide Emissions -Florestas que Absorvem Emissões de Dióxido de Carbono) foi estabelecida em 1990 pelo conselho de geração de eletricidade holandês com o fim de plantar árvores para absorver e armazenar carbono, supostamente para compensar as emissões de gases de efeito estufa de uma nova central elétrica a ser construída na Holanda.
"SOLUÇÕES CORPORATIVAS: PLANTAÇÕES PARA SEQÜESTRAR CARBONO E ÁRVORES GM
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9 Dezembro 2005Desde seu início em 1986, o Movimento Mundial pelas Florestas Tropicais tem estado preocupado com a forma na que as florestas, a terra e as vidas dos povos rurais são afetadas pela produção industrial de uma grande variedade de mercadorias -soja, pasta de papel, petróleo, madeira, azeite de dendê, milho, bananas, café e muitas outras. Portanto, foi oportuno que em meados da década de 90 o WRM começara a dar o alarme sobre outro mercado de exportação novo em folha que também poderia chegar a ter sérios efeitos sobre as florestas e os povos que dependem delas: o comércio da capacidade biológica de ciclagem de carbono. De que forma esse “serviço ambiental” particular se transformou em um novo produto de exportação do Terceiro Mundo?
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9 Dezembro 2005A Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO) denuncia testes de campo ao ar livre com árvores GM em 16 países do mundo inteiro. Apesar de que a maioria estão localizados nos EUA, os outros estão na França, na Alemanha, na Grã Bretanha, na Espanha, em Portugal, na Finlândia, na Suécia, no Canadá, na Austrália, na Índia, na África do Sul, na Indonésia, no Chile e no Brasil. A China é o único país que se sabe que tem desenvolvido plantações comerciais de árvores GM, com bem mais de um milhão de árvores plantadas em dez províncias.
RECOMENDADOS
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9 Dezembro 2005A seguinte Declaração foi emitida em 24/11/05 em Vitória, Espírito Santo, Brasil, em uma reunião internacional para consolidar o apoio às comunidades locais contra as plantações de árvores em grande escala e contra as árvores geneticamente modificadas. A reunião foi co-patrocinada pelo Movimento Mundial pelas Florestas Tropicais, FASE-ES e o Projeto Global Justice Ecology.
DIFFERENT COUNTRIES, SIMILAR PROBLEMS
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9 Dezembro 2005The recent international meeting of the World Rainforest Movement to take stock of its activities and to reelaborate its strategies in the struggle against large-scale industrial tree monocultures, chose a symbolic place to be held - the State of Espírito Santo in Brazil.