A nova tendência: bioenergia em grande escala a partir de biomassa de madeira

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Neste número, analisamos a geração de energia em grande escala a partir da biomassa de madeira. Trata-se de uma nova tendência na qual, principalmente na União Europeia, usa-se mais madeira para alcançar os objetivos de uso da “energia renovável”.

O que se quis apresentar como um aproveitamento amigável de resíduos de madeira em pouco tempo se revelou mais um processo em grande escala, que requer um consumo crescente de madeira, fazendo surgir novas commodities para o mercado de energia, como os cavacos (chips) e os granulados (pellets).

Até agora, essa demanda foi abastecida principalmente pela América do Norte (Estados Unidos e Canadá), mas os dados indicam que, assim como os agrocombustíveis, a geração de energia a partir de biomassa de madeira, em um modelo imutável de produção e consumo, leva a uma expansão dos monocultivos no Sul global, desta vez, de árvores como eucaliptos de rápido crescimento.

O Movimento Mundial de Florestas Tropicais (WRM) produziu o relatório “Plantações de árvores no Sul para gerar energia no Norte: uma nova ameaça para comunidades e florestas”, que publicará em breve em inglês, castelhano, português e francês.

Além de apresentar o tema, o relatório aporta dados sobre a promoção da bioenergia na Europa e cita projetos de biomassa em grande escala em alguns países europeus, como usinas no Reino Unido, o uso de biomassa na Alemanha, a maior plantação europeia de árvores para esse fim na Polônia, as projeções da Finlândia, a demanda potencial de países como Japão, Coreia do Sul e China, e dos Estados Unidos. Mas também fala da oposição crescente, especialmente no Reino Unido, nos Estados Unidos e na Austrália, em alguns casos, liderada por grupos comunitários preocupados com os graves impactos sobre a saúde pública das usinas de energia a partir de biomassa, já que provocam altos níveis de contaminação do ar,parecidos aos que provocam as usinas de carvão mineral. Em vários casos, os grupos comunitários também se informaram sobre os graves impactos que elas geram sobre as florestas, a terra e a mudança climática, e se uniram a outras campanhas nacionais e locais. A oposição cidadã conseguiu que fossem rejeitadas várias solicitações para a construção de centrais.

Sabendo da importância de fortalecer as lutas e alianças para deter essa tendência que resulta em tantos impactos negativos, o relatório do WRM espera gerar consciência entre organizações no Sul e no Norte com relação a esse novo problema, e o presente boletim constitui uma prévia do referido relatório, no qual se poderá encontrar um aprofundamento maior do tema, bem como todas as fontes do documento.