O governo de Moçambique está dando andamento à expansão de monoculturas em grande escala de espécies exóticas de rápido crescimento, principalmente de eucalipto, pinheiro e teca, no norte do país. Em novembro de 2009, Winfridus Overbeek, membro da Rede Alerta contra o Deserto Verde e Domingos Firmiano dos Santos, líder comunitário afrobrasileiro (quilombola) de Angelim e líder nacional da CONAQ (Coordenação Nacional das Comunidades Quilombolas) fizeram uma visita de campo a Moçambique.
Ambos ativistas, envolvidos há muito tempo na luta contra as monoculturas de árvores no Estado do Espírito Santo, intercambiaram experiências com as comunidades afetadas no tocante aos impactos das plantações de monoculturas de árvores.
Organizações nacionais engajadas na questão- a UNAC (União Nacional de Camponeses) em Moçambique, e a UCA (União dos Camponeses e Associações de Lichinga)- receberam e acompanharam a delegação brasileira e organizaram visitas para que eles pudessem tomar conhecimento da atual introdução e expansão das monoculturas de árvores em Moçambique (vide Boletim Nº150 do WRM).
Como resultado da visita, foram elaboradas duas ferramentas – um vídeo e uma publicação. O vídeo “Ninguém come eucalipto. Em Moçambique também não” está disponível só em português e pode ser descarregado emhttp://www.wrm.org.uy/ninguem_come_eucalipto.html
A publicação “O avanço das monoculturas de árvores em Moçambique. Impactos sobre as comunidades camponesas na província de Niassa - um estudo de campo”, de Winfridus Overbeek, faz uma breve descrição da introdução e a expansão das monoculturas de árvores em grande escala em Moçambique e os diferentes estágios de implementação nas províncias de Nampula, Zambézia, Manica e Niassa.
Niassa, a maior província de Moçambique, tem sido o alvo do governo moçambicano para encaminhar algumas das companhias e investidores interessados nas plantações de pinheiros e eucaliptos que pretendem plantar várias centenas de milhares de hectares. A publicação oferece informações mais detalhadas da situação em Niassa incluindo a área potencial de plantações de árvores, os investidores, bem como o desenvolvimento potencial de projetos de MDL (Mecanismo de Desenvolvimento Limpo) por parte de empresas dos países industrializados do hemisfério norte que usariam as plantações de árvores para compensarem as emissões de CO2 em seus países.
A publicação pode ser acessada emhttp://www.wrm.org.uy/paises/Mozambique/livro.pdf