No dia 23 de junho de 2005, a Associação pela Defesa da Ria de Galicia encaminhou uma carta junto à delegação do FSC na Espanha solicitando a "urgente cancelação da certificação da gestão florestal sustentável concedida à NORFOR, devido às profundas deficiências do relatório de certificação e a clara inadequação do sistema de gestão da NORFOR em relação aos princípios e critérios do FSC".
A empresa NORFOR é uma filial da empresa espanhola Ence (produtora de celulose) que obteve certificação em abril de 2005.
A carta foi acompanhada de um minucioso relatório de 85 páginas. A carta enviada ao FSC salienta que, de acordo com esse relatório e considerando a análise realizada do processo, das consultas e contatos mantidos com pessoas e integrantes dos setores envolvidos em atividades florestais e de defesa do meio ambiente e o exame detalhado de reportagens da imprensa e outras publicações, resulta evidente que a empresa NORFOR está voltada basicamente à monocultura de eucalipto e que o descumprimento de grande parte dos princípios e critérios estabelecidos pelo FSC é um fato incontestável.
Afirma-se também que o objetivo básico de tal empresa é a obtenção da máxima produção de biomassa na forma de fibra de madeira, com os mínimos custos, mesmo se isso acarretar um severo dano ambiental e o empobrecimento no setor florestal e na economia rural, como é demonstrado no relatório.
Na carta, também é solicitado o envio do relatório elaborado pela Associação pela defesa da Ria ao órgão central do FSC, com o pedido de que os outros processos de certificação realizados pela empresa SGS no mundo inteiro sejam revisados por entidades ou pessoas independentes, com o intuito de apurar a existência de irregularidades e deficiências da magnitude das encontradas no relatório de certificação da NORFOR.
O Conselho de Manejo Florestal (FSC, sigla em inglês) iniciou um processo de "Revisão da Certificação de Plantações" que, em certa medida, significou um reconhecimento do fato de a certificação de plantações não conseguir o objetivo fundamental declarado pelo FSC de "promover o manejo ambientalmente responsável, socialmente benéfico e economicamente viável das florestas do mundo" (ver detalhes no boletim nº86).
Assim como manifestamos na reunião que iniciou este processo de revisão, ficamos animados de que "o processo incluísse a participação daqueles que têm uma visão crítica e se opõem à expansão das monoculturas em grande escala".
Porém, lamentamos que durante a realização deste processo, nosso pedido de moratória para novas certificaçoes de plantações não tenha sido atendido. Nesse momento, dissemos que se o FSC reconhecia a existência de problemas nessa questão, a moratória temporária da certificação era a opção mais sensata. Se tivesse sido assim, certificações como a concedida à empresa NORFOR nunca teriam ocorrido.
Esperamos sinceramente que a revisão tenha como resultado mudanças no sentido de não permitir, no futuro, que monoculturas em grande escala ou empresas como a NORFOR obtenham a certificação.
Artigo baseado na carta da "Asociación pola Defensa da Ría"
Vide carta em: http://www.wrm.org.uy/actores/FSC/cancelacionNORFOR.pdf
Vide relatório na íntegra em: http://www.wrm.org.uy/actores/FSC/informeNORFOR.pdf