>>> Baixe Qual o futuro do Movimento Mundial pelas Florestas Tropicais? 20 anos após o documento "Abordar as causas subjacentes do desmatamento". (Disponível apenas em inglês. Em breve disponível em português)
Em 1999, foi publicado o relatório “Abordando as causas subjacentes do desmatamento e da degradação florestal: estudos de caso, análises e recomendações de políticas”. Foi o resultado de uma colaboração entre o Fórum Intergovernamental de Florestas (IFF) da ONU e um grande grupo de ONGs, incluindo o Movimento Mundial pelas Florestas Tropicais (WRM).
Os grupos envolvidos no relatório prepararam mais de 60 estudos de caso detalhados sobre as principais causas subjacentes do desmatamento em níveis nacional e internacional, e organizaram nove oficinas internacionais. O objetivo do processo era aumentar o conhecimento e conscientizar sobre as causas subjacentes do desmatamento entre formuladores de políticas, bem como elaborar recomendações sobre como eles poderiam resolver essas causas.
Em 2019, depois de vinte anos e um aumento significativo das perdas florestais, o Secretariado Internacional do WRM decidiu revisitar esse processo. Nossa primeira ideia foi identificar e analisar as causas subjacentes do desmatamento que ainda fossem relevantes e quais novas causas podem estar sendo determinantes na perda de florestas. No entanto, no decorrer das discussões, nós nos questionamos se não havia outra pergunta a ser feita, talvez ainda mais importante: O que nós, do WRM, podemos aprender com esse processo específico de 20 anos atrás?
O envolvimento do WRM nesse processo se baseou em vários pressupostos, e alguns deles mudaram. O que mudou em função disso também é a posição do WRM em relação à participação em fóruns internacionais de políticas florestais. Embora continuemos acompanhando o que se discute nesses fóruns para alertar organizações e ativistas de base sobre ameaças futuras, questionamos o pressuposto que sustentou o processo de construção de Causas subjacentes: o de que os formuladores de políticas tomarão as decisões necessárias se recebam as informações corretas. No entanto, o WRM acredita que o que impede o desmatamento são as lutas das comunidades contra a apropriação e/ou destruição de suas terras. Assim, o WRM está se envolvendo mais em processos que fortalecem a resistência concreta das comunidades em países e regiões de florestas tropicais.
Pedimos a Larry Lohmann, antigo membro do Comitê Consultivo do WRM, que refletisse sobre o significado dos pressupostos de 20 anos atrás e de agora para o trabalho futuro do WRM na contenção do desmatamento. Seu texto é resultado de um exercício que incluiu conversas com a equipe do Secretariado do WRM, o Comitê Consultivo e aliados próximos do Secretariado Internacional na América Latina, na África e na Ásia.
Este documento confirma que, em termos gerais, a análise feita há 20 anos sobre as causas subjacentes ainda é válida, e que elas foram reforçadas. Ainda mais importante, o documento abre as portas para uma reflexão autocrítica sobre o trabalho e o papel do WRM nos últimos 20 anos, levantando uma série de outras questões para discussão e desafios ao trabalho nos próximos anos.
Embora focado no trabalho do WRM, acreditamos que este documento também possa ser do interesse de um grupo maior de organizações nacionais e internacionais, e de movimentos e ativistas comprometidos com uma reflexão crítica sobre as consequências do envolvimento em processos internacionais de elaboração de políticas e no apoio às lutas sociais nas florestas.
Montevidéu, dezembro de 2020
Equipe do Secretariado Internacional do WRM