O próximo dia internacional da mulher é um dia para celebrar os avanços que as mulheres já conseguiram obter em termos de direitos conquistados; por outro lado, é um dia de luta também para denunciar as tantas violações às quais as mulheres no mundo inteiro ainda estão sendo submetidas.
Neste editorial, queremos lembrar e homenagear em especial as mulheres que cotidianamente lutam pelas florestas tropicais na Ásia, na África e na América Latina, florestas que não são simplesmente terras para elas, mas são territórios que cumprem um papel fundamental em sua vida social, econômica, cultural e espiritual. Defender esses territórios e as florestas mexe com interesses econômicos que veem a floresta apenas como terras para conseguir lucros rápidos, por exemplo, extraindo madeira valiosa; esses interesses destroem a floresta e o fazem mesmo que seja proibido por lei. Eles costumam reagir com violência em muitos lugares.
Quem está sentindo isso na pele é Laísa Santos Sampaio, que vive na floresta amazônica no Brasil. Ela mora na primeira reserva extrativista que foi criada em 1997, no estado do Pará. Desde então, o assentamento de famílias que vivem da floresta sofre invasões de fazendeiros, madeireiros e daqueles que exploram o carvão. Laísa é ameaçada de morte por defender a floresta. Ela pediu para ser protegida através do programa de proteção aos defensores de direitos humanos do governo federal brasileiro, mas o pedido, numa análise preliminar, foi negado. Uma indicação de que as ameaças são muito sérias é o fato que a irmã de Laísa, Maria do Espirito Santo, já foi assassinada, junto com o cunhado da Laísa, José Cláudio Ribeiro, em maio de 2011. Defendiam a mesma causa. Em homenagem à sua luta, o casal recebeu, depois do assassinato, um prêmio póstumo da ONU.
Laísa é professora na escola local e participa do Grupo de Trabalhadoras Artesanais Extrativistas, um grupo de mulheres que produz fitocosméticos e fitoterápicos com óleo da andiroba. Ela costuma fazer um trabalho de sensibilização pelo extrativismo, o uso da floresta sem destruí-la. As ameaças mudaram radicalmente a vida da Laísa; ela perdeu sua liberdade.
Mulheres como Laísa vivem em todos os países onde temos florestas tropicais, na América Latina, na África e na Ásia; são lutadoras que buscam cuidar e melhorar a vida de suas famílias e comunidades, sempre defendendo as florestas. Laísa e sua comunidade lutam contra madeireiros e fazendeiros que invadem a comunidade, enquanto, em outros lugares, comunidades lutam contra empresas de mineração, hidrelétricas, plantadoras de monoculturas em larga escala, de petróleo e gás, etc., Todos esses setores também costumam contribuir com a destruição da floresta e violam os direitos dos povos que dependem da floresta e sempre cuidaram dela.
Fazemos um apelo para que se apoiem e defendam as lutas dessas comunidades, em especial das mulheres defensoras das florestas, e exigimos medidas urgentes dos governos das florestas tropicais para reconhecer os direitos de suas populações, incluindo os direitos das mulheres, e que se dê proteção a todas e todos aquelas e aqueles que são ameaçados ou perseguidos por essa causa.
Pedimos aqui, em especial, que seja preservada a vida de Laísa (por favor, assine a petição online http://www.peticaopublica.com.br/?pi=P2012N20715)