Na Guatemala as autoridades governamentais continuam promovendo a mineração de metais, apesar do descontentamento generalizado em comunidades locais e povos indígenas, que têm realizado uma série de consultas a vizinhos e de boa-fé, nas quais evidenciam sua total rejeição a esta atividade.
Durante anos, a mineração metálica era planejada e explorada nas serras e cadeias montanhosas, mas há mais de dois anos surpreendeu a notícia de quatro licenças que visavam a prospecção e reconhecimento de ferro e outros minerais metálicos no litoral sul do país.
As empresas Tikal Minerals, subsidiária da Mayan Iron Corp e a Firecreek Resources, subsidiária da G4G, têm, ao todo, uma área de mais de 3.000 quilômetros quadrados, ambas com autorizações e licenças concedidas pelo Ministério das Minas e Energia. A primeira planeja a prospecção na região litorânea terrestre e a segunda o reconhecimento de metais no leito marinho. Ambas acarretam uma enorme ameaça para os sistemas naturais da região, mas especialmente para o ecossistema manguezal.
Os manguezais guatemaltecos oferecem muitos benefícios para as comunidades locais, que lá obtêm pescaria para sustento e comércio, bem como coleta de outras espécies usadas para a alimentação: camarões, siri- azul, caranguejos, escargots, entre outras.
A empresa Tikal Minerals apresentou no final de dezembro de 2010 o Estudo de Impacto Ambiental (EIA) do projeto Porvenir Central. O polígono mineiro abrange 98 quilômetros quadrados e cerca completamente uma das duas únicas áreas protegidas de manguezais do país, o Parque Nacional Sipacate- Naranjo, que possui além de manguezal, outros ecossistemas associados: esteiros, zonas úmidas com herbáceas, lagoas costeiras, praias arenosas e praias lamacentas.
Esse EIA foi impugnado por várias organizações ecologistas, entre elas a Escola de Pensamento Ecologista (SAVIA), a Coordenadora Guatemalteca pelos Manguezais e a Vida, a Associação de Vizinhos para o Desenvolvimento Integral de Champerico, a Redmanglar Internacional e a Aliança Cidadã para a Costa Sul.
Recentemente o Ministério do Ambiente anunciou a rejeição do EIA sob o argumento de os impactos negativos serem maiores do que os positivos. Mas para nós que sabemos do que são capazes as empresas mineiras para atingir suas metas, ainda não cantamos vitória e estamos atentos a possíveis recursos que possam ser apresentados por suas bancas legais para reverter a resolução que rejeita seu propósito de prospecção e exploração no futuro nossas características areias negras.
Mas a voracidade dessas empresas não terá um caminho fácil. O sentimento de indignação da população costeira cresce a cada dia e está disposta a tudo para defender suas praias, esteiros e manguezais, unida em uma única voz: Manguezal SIM, Mineração de ferro NÃO!
Por Carlos Salvatierra, Secretário Executivo Redmanglar Internacional,redmanglar@redmanglar.org