Assim como outros países invadidos pelas plantações de monoculturas de árvores (chamadas por alguns sul- africanos de “câncer verde”), a África do Sul mostra que esses esquemas não visavam o melhoramento da qualidade de vida das comunidades locais. Muito pelo contrário.
Além das informações fornecidas pelo relatório sobre os impactos da terceirização no florestamento (vide Boletim nº 96 do WRM), estatísticas chocantes surgiram da primeira oficina para o fortalecimento do setor florestal que ocorreu em Londres do Leste no dia 12 de setembro.
“O problema de os trabalhadores receberem entre R20 e R22 (3- 4 dólares americanos) ao dia é o que mais nos preocupa”, disse Thami Zimu, um madeireiro e agricultor de cana-de-açúcar da Costa Sul que falou em favor dos empreiteiros.
“A carta de fortalecimento da economia negra de ampla base (BBBEE pela sua sigla em inglês) deve procurar dar indicaçðes para terminar com isso.”
Ela disse que os baixos salários dos trabalhadores foram devidos em grande medida às baixas rentas que os contrantantes principais pagavam aos sub-contratantes.
Um participante afirmou que, infelizmente, os contratantes principais no setor florestal não fazem parte das audiências públicas. “Se eles estivessem aqui, nós detalharíamos o grande sofrimento e abuso que nós, incluindo mulheres e jovens, suportamos enquanto somos trabalhadores nas áreas rurais. “Um importante número de mulheres são asinadas na parte traseira de caminhðes e tratadas com crueldade enquanto recebem baixos salários,” disse o representante do distrito de ORTambo.
As desiguiais relações de poder entre os sub- contratantes e os contratantes principais foram denunciadas como a causa chave dos problemas no setor e relacionadas com o alto índice de terceirização do estado, estimado em cerca de 90% de todas as atividades florestais.
Junto ao legado de devastação social, econômica e ambiental ocasionada pelas antigas estruturas coloniais, as plantações de monoculturas de árvores não fazem outra coisa a não ser continuar com o caminho de empobrecimento, ainda com maior desigualdade, de exclusão e degradação ambiental.
Artigo com base em informações obtidas em “South African forestry labourers are paid as little as R20 a day”, Zine George, mailto:enviado por Phillip Owen, GEASPHERE, E-mail: wac@geasphere.co.za, www.geasphere.co.za