Colômbia: U’was exigem a saída imediata da Ecopetrol de seu território sagrado

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Parece que não existe trégua para o povo U’wa em sua longa resistência de defesa de seus direitos ancestrais à vida e a suas terras, e de rejeição aos projetos de exploração petroleira em seu território tradicional (vide boletins 10, 22, 29 e 38 do WRM). O Plano Colômbia, a Ecopetrol e suas empresas petroleiras associadas, o governo omisso, todos são ameaças para o território dos U’wa, que é por eles considerado como “o coração do mundo. Por ele correm as veias que alimentam o universo. Se for destruído, o mundo se dessangra”.

Em face do prosseguimento das pesquisas sísmicas por parte da Ecopetrol, o povo U’wa emitiu o comunicado a seguir:

“Comunicado à opinião pública nacional e internacional”
Resguardo Unido U’wa, Cubará, 25 de agosto de 2004

Se a Ecopetrol continuar com a execução do projeto Sirirí em território U’wa, nossa cultura será aniquilada.

Com esta afirmação queremos relembrar e informar que a Ecopetrol e suas empresas associadas como a Oxy (Occidental Petroleum Corporation) têm destruído tanto as culturas indígenas quanto o meio ambiente. Existem claros exemplos disso: Guahibos em Arauca, Los Motilones Bari no Norte de Santander, os irmãos indígenas do Putumayo, e agora nós. Nestes lugares predomina a violência, a fome, o deslocamento, o abandono do governo e a pobreza absoluta.

O Plano Colômbia facilitou a invasão em nossas terras por parte das empresas transnacionais de petróleo como a Oxy, já que com a forte militarização de nossas terras está garantindo as operações petroleiras como a pesquisa, exploração e transporte do ouro negro do departamento de Arauca a Coveñas, e o projeto Gibraltar 1. Em resposta a esta necessidade de segurança petroleira na Colômbia foram criadas as duas áreas de reabilitação sendo que uma delas, no departamento de Arauca, atinge diretamente nosso território.

Roberto Afanador Cobaría -Berito Kubaruwa- atual Presidente do Cabildo Mayor, tomou posse ontem, dia 11 de fevereiro, perante o prefeito do município de Cubará. Este líder U’wa tem recebido de nossas máximas autoridades a ordem oficial de continuar com a campanha nacional e internacional contra o projeto de pesquisa e exploração petroleira que a Ecopetrol faz avançar no território ancestral U’wa.

“O povo U’wa não vai negociar a exploración petroleira em nosso território sagrado”. Decisão oficial do Sexto Congresso da Associação U’wa. 19-26 janeiro de 2003.

Em virtude de a Ecopetrol continuar com atividades de pesquisa sísmica em território U’wa, sentimos a necessidade de propor novamente a demanda contra o governo colombiano apresentada no mês de maio de 1997 perante a Comissão Interamericana de Direitos Humanos da OEA. Também denunciamos e rejeitamos os oferecimentos de projetos que a Ecopetrol está fazendo a algumas comunidades como mecanismos e estratégias divisionistas para debilitar a resistência U’wa.

Hoje, como já o fizemos antes, nós, do povo U’wa solicitamos que tanto os colombianos quanto o Mundo se pronunciem perante o senhor Presidente da República da Colômbia, Alvaro Uribe Vélez, e seus ministros, exigindo o respeito do direito à vida, à cultura e ao meio ambiente em nosso território, já que a Ecopetrol está causando danos humanos e no meio ambiente que são irremediáveis para o Povo U’wa, Colômbia e o Mundo”.

Através de seu Cabildo Mayor, o povo U’wa denuncia também:

“* Que desde o passado mês de fevereiro, a Ecopetrol está desenvolvendo, no bloco Sirirí, um processo de queima de gás e extração de cru em pequena escala, sem terem sido assinados acordos com o Cabildo Mayor U’wa.

* Que a poluição gerada pela queima de gás causa graves problemas de saúde na comunidade indígena U’wa, causa sérios problemas ambientais que incidem nas mudanças climáticas e ainda provoca grandes deslizamentos de terra”.

O povo U’wa faz um apelo à comunidade nacional e internacional, aos movimentos ambientalistas e às organizações de direitos humanos para que “exijam do governo colombiano o respeito dos direitos humanos e ambientais do povo indígena U’wa, e que determine que a empresa Ecopetrol suspenda imediatamente a queima de gás e extração do cru”.

E além disso, desmentem enfaticamente os boatos de que o Cabildo Mayor tenha feito acordos de exploração petroleira no território U’wa.

Artigo baseado em informação obtida dos Comunicados de imprensa do Cabildo Mayor do povo U’wa, de 25 de agosto e 6 de setembro de 2004, correio electrônico: mozambique84@hotmail.com