Todos os “dias internacionais” referem a questões problemáticas de importância global que precisam ser abordadas pela sociedade em conjunto. A expansão das monoculturas de árvores tem resultado em tantos impactos sociais e ambientais que deu origem à idéia de estabelecer um Dia Internacional para colocar a questão no nível global. A data de 21 de setembro foi escolhida seguindo a iniciativa das redes locais no Brasil, que em 2004 decidiram estabelecer essa data- que é o Dia da Árvore nesse país- como um dia de lutas contra as monoculturas de árvores.
Nro 134 - Setembro 2008
Dia Internacional Contra as Monoculturas de Árvores
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DIA INTERNACIONAL CONTRA AS MONOCULTURAS DE ÁRVORES
Este boletim do WRM é uma contribuição para as atividades a ser desenvolvidas no dia 21 de setembro, Dia Internacional Contra as Monoculturas de Árvores. A Amigos da Terra Internacional, a Global Forest Coalition e o Movimento Mundial pelas Florestas Tropicais concordaram em juntar forças para, nessa data, despertar a consciência de todos a respeito dos problemas sociais e ambientais decorrentes da expansão de tais plantações. Em consonância com esse esforço colaborativo, o editorial do boletim incluído nesta edição foi produzido conjuntamente pelas três organizações. Mais importante ainda é que os artigos revelam um amplo leque de impactos e lutas em diferentes continentes e em diferentes tipos de plantações. Esperamos que o boletim seja uma ferramenta útil para o dia 21 de setembro.
Boletim WRM
134
Setembro 2008
NOSSO PONTO DE VISTA
AS MUITAS RAZÕES
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27 Setembro 2008Falta de água, mudanças na flora e na fauna, perda de terras, violações dos direitos humanos, destruição da trama social; esses são alguns dos problemas que acarretam as monoculturas de árvores. Quem sabe bem disso são as comunidades locais, que sofrem na própria pele esta invasão; no entanto, suas denúncias e lutas são sistematicamente ocultadas pelo poder das empresas e seus aliados. A seguinte apresentação Power Point (http://www.wrm.org.uy/plantaciones/21_set_pt/ppts.html) visa dar um espaço a essas vozes, para que se espalhem, circulem e se juntem a outras até se transformarem em um grito unânime que arranque, de raiz, este modelo pernicioso e imposto de monoculturas de árvores em grande escala. Convidamos vocês a usar e difundir esta ferramenta.
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27 Setembro 2008Para as comunidades locais que habitam em áreas florestais resulta bem clara a diferença entre uma floresta e uma monocultura de árvores. Contudo, essa clareza não existe no nível da profissão florestal, que foi formada a partir do conceito de as plantações serem florestas e cumprirem funções semelhantes às florestas. Isso não é um assunto de pouca importância, já que os profissionais florestais são os assessores dos governos, que consideram que eles -e não as comunidades locais- são os especialistas na matéria. A partir desse assessoramento, os governos elaboram e implementam ambiciosos planos florestais que freqüentemente consistem na plantação de vastas monoculturas de árvores, que não têm nada em comum com as florestas.
QUANDO AS ÁRVORES SE TORNAM DESERTOS
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27 Setembro 2008A plantação de árvores é uma atividade que em geral é percebida como positiva. O ato da plantação de uma árvore- seja em uma escola ou em uma comunidade camponesa- simboliza em muitas sociedades o cuidado da natureza e uma contribuição da geração atual para as gerações futuras.
IMPACTOS DAS PLANTAÇÕES DE ÁRVORES SOBRE AS PESSOAS
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27 Setembro 2008No sudoeste florestal de Camarões, próximo a Kribi, há duas plantações industriais enormes que cobrem no total uma superfície de 62.000 ha. Uma delas, a HEVECAM, é uma monocultura de héveas (seringueiras) pertencente ao grupo cingapurense GMG, e a outra, a SOCAPALM, é uma plantação de dendezeiros, propriedade do grupo francês Bolloré.
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27 Setembro 2008Em 1925, a Firestone Tire & Rubber Company assinou um contrato por 99 anos com o governo para arrendar um milhão de acres [aproximadamente 405.000 hectares] de terras para estabelecer uma plantação de borracha. A área total da concessão da Firestone representa 4% do território da Libéria e quase 10% de suas terras agricultáveis.
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27 Setembro 2008A monocultura é contra a natureza, que é diversa. É por isso que um sistema não natural como o das plantações industriais de monoculturas de árvores desencadeia vários impactos negativos. Um deles é o incêndio.
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27 Setembro 2008No Nordeste do Camboja, diferentes grupos indígenas têm vivido durante séculos, preservando um ecossistema de florestas imenso e extremamente diverso, mantido intato até as recentes décadas, quando começou a explotação massiva das florestas. As práticas agrícolas indígenas, como em outras áreas cobertas por florestas no mundo, têm contribuído para manter a biodiversidade e estão entre as mais sustentáveis conhecidas até agora. A subversão desse sistema ecológico e social está cheia de conseqüências para as comunidades indígenas e as mulheres, como esta mulher Bunong de Mondulkiri explica:
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27 Setembro 2008A Indonésia é a segunda maior produtora de azeite de dendê do mundo; junto com a Malásia, são responsáveis de aproximadamente 80 por cento da produção global de azeite de dendê. Com aproximadamente 6 milhões de hectares de terra plantados com dendezeiros, a Indonésia planeja uma importante expansão que prevê cobrir até 20 milhões de hectares para o ano de 2020. A expansão dos dendezeiros tem implicado e implica a ocupação de terras tradicionais pelas companhias para em primeiro lugar “clarear a área” (ou seja, desmatar) e então desenvolver uma plantação de dendezeiros. A ocupação de terras significa por sua vez o deslocamento de comunidades locais de sua terra, causando assim vários conflitos –aproximadamente 400 no país inteiro, de acordo com a ONG indonésia Sawit Watch.
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27 Setembro 2008Na Malásia, a expansão do óleo de dendê ocorre de forma paralela com o desmatamento- apesar de os representantes do governo afirmarem o contrário. Um comunicado de imprensa emitido por Sahabat Alam Malaysia [SAM] - Amigos da Terra Malásia, no dia 6 de agosto de 2008, revela que cerca de 2,8 milhões de hectares de terras com grandes extensões de florestas em Sarawak foram entregues a concessões de plantações, principalmente de dendezeiros e de árvores de crescimento rápido para celulose.
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27 Setembro 2008A rodovia que une Trang e Krabi no Sul da Tailândia é um exemplo do que os economistas chamam de desenvolvimento. O que costumava ser uma floresta tropical exuberante tem sido transformado em inumeráveis fileiras de dendezeiros ou seringueiras. A monotonia é alterada às vezes por umas poucas casas e lojas cercadas por um mar de monoculturas de árvores. No final da rodovia, as granjas camaroneiras ocupam o lugar das florestas de mangues e somente uma fina fileira de mangues que rodeia o rio foi dispensada da destruição. O modelo das monoculturas parece ter vencido a rica biodiversidade da região.
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27 Setembro 2008A Patagônia concentra só 4% das plantações florestais da Argentina. O escasso desenvolvimento do setor na região é considerado pelas autoridades e empresários como um amplo campo de oportunidades: 4 milhões de hectares para florestar distribuídos nas províncias de Neuquén, Río Negro e Chubut. Para esse horizonte estão voltadas as autoridades nacionais e locais que, em abril encontraram-se na Primeira Reunião de Coordenação do Plano Florestal Regional Patagônico- realizado na cidade de Esquel, Chubut-, e vislumbram o Congresso Florestal Mundial como uma grande vitrine que em 2009 concentrará investidores, consultoras e representações estrangeiras no país.
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27 Setembro 2008Imagine uma área do tamanho de 500.000 campos de futebol plantados com uma única espécie de árvore. Uma floresta? Não, um deserto verde. Sem pessoas, sem água, sem outras plantas. Em poucos anos, assim será a paisagem do Rio Grande do Sul, estado do extremo sul do Brasil, onde três empresas concentram a produção de celulose, com danos sociais e ambientais. O Rio Grande do Sul, assim como Uruguai e Argentina, faz parte de uma sistema ecológico conhecido como Pampa, com uma biodiversidade única, que inclui centenas de aves e mamíferos, que só podem ser encontrados neste sistema. No subsolo desta região, está uma das maiores reservas de água da América do Sul.
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27 Setembro 2008O caso do Chile é apresentado, na América Latina, como um modelo bem-sucedido em matéria de florestas, apesar de numerosas organizações chilenas e em particular de indígenas Mapuche virem denunciando há anos os impactos das grandes plantações de pinheiros e eucaliptos instalados no sul do país. Contudo, isso não foi um obstáculo para que consultores florestais bem remunerados continuassem repetindo as mesmas mentiras e convencendo os governos de outros países (Peru e Equador são os casos mais recentes) a transitar o "bem-sucedido" caminho chileno. Como parte do pacote publicitário, aqueles que promovem o modelo incluem a suposta capacidade de as plantações gerarem empregos, e a decorrente melhora na qualidade de vida das populações locais.
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27 Setembro 2008Em meio a tanta apropriação e despojo por parte dos grandes interesses mercantis resulta estimulante receber notícias que informam das vitórias obtidas pela tenaz resistência dos povos.
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27 Setembro 2008Imagine uma área do tamanho de 500.000 campos de futebol plantados com uma única espécie de árvore. Uma floresta? Não, um deserto verde. Sem pessoas, sem água, sem outras plantas. Em poucos anos, assim será a paisagem do Rio Grande do Sul, estado do extremo sul do Brasil, onde três empresas concentram a produção de celulose, com danos sociais e ambientais. O Rio Grande do Sul, assim como Uruguai e Argentina, faz parte de uma sistema ecológico conhecido como Pampa, com uma biodiversidade única, que inclui centenas de aves e mamíferos, que só podem ser encontrados neste sistema. No subsolo desta região, está uma das maiores reservas de água da América do Sul.
CERTIFICAÇÃO DE PLANTAÇÕES
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27 Setembro 2008A Asia Pulp and Paper é provavelmente a companhia de papel mais controvertível no mundo. Ela tem destruído vastas áreas de floresta em Sumatra e substituiu centenas de milhares de hectares com plantações de monoculturas. Em dezembro de 2007, o Conselho de Manejo Florestal (FSC) anunciou sua “dissociação” da APP depois de que a companhia começou a utilizar o logotipo do FSC. O FSC emitiu uma declaração dizendo que tem “a obrigação de proteger a reputação e a integridade associada com nosso nome e logotipo para os consumidores e para nossos sócios e membros de confiança”. Parece finalmente que o FSC percebeu que é esverdear companhias ambientalmente e socialmente destruidoras. Lamentavelmente, a dissociação da APP continua sendo um evento isolado.
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27 Setembro 2008Faz quase cinco anos que a empresa Aracruz ganhou o Selo Verde de qualidade para suas plantações aqui no extremo sul da Bahia. Normalmente é uma conquista muito importante para a Empresa, pois esta certificação significa entre outras coisas que a Empresa trabalha socialmente justo e ecologicamente respeitando todas as leis ambientais, tanto as leis municipais, estaduais como também as leis federais. Para a exportação um selo assim é fundamental para a empresa pois ela ganha grande prestígio no exterior.