Em 25 de novembro, Dia Internacional para a Eliminação da Violência contra as Mulheres, o WRM compartilha o podcast A luta das Mulheres pela Terra, produzido em colaboração com a rede mexicana Mulheres da Costa em Rebeldia; a organização feminista indonésia Solidaritas Perumpuan; e Aminata Finda Massaquoi, jornalista e coordenadora nacional da WORNAPI, uma rede de defesa das mulheres em Serra Leoa.
Cada um dos três episódios do podcast conta uma história sobre a resistência das mulheres em lugares onde as plantações industriais de dendezeiros invadiram terras nas quais as comunidades costumavam cultivar seus alimentos, criar animais e coletar frutas e medicamentos naturais. Um dos episódios também mostra como as mulheres se organizaram para defender seus territórios, não apenas de empresas de dendê, mas também de projetos de carbono e de um grande programa de produção de arroz.
Essas histórias revelam como empresas e governos usam e reforçam estruturas patriarcais para promover esses projetos, que causam vários tipos de opressão e violência contra as mulheres.
As mulheres costumam ser excluídas dos processos decisórios que resultam na implementação de plantações industriais ou projetos de carbono. “Quando chegam, as multinacionais envolvem os homens e excluem as mulheres de todas as negociações”, explica uma mulher apresentada no episódio Serra Leoa: viver e resistir cercadas pelas plantações da Socfin. Mulheres da chefia de Malen (agora completamente rodeada de cercas que a separam de monoculturas de dendê) compartilham sua trágica experiência de perder terras agrícolas que antes garantiam alimentos e eram uma fonte regular de renda para elas e suas famílias. “Chamam essa empresa de Socfin, mas ela deveria ser chamada de “Sofrimento”, porque a chegada dela aqui nos trouxe sofrimento”, diz uma das mulheres.
Além de não deixar espaço para a produção de alimentos, as monoculturas de dendê também poluem rios e outras fontes de água. Essa situação sobrecarrega as mulheres, que geralmente são responsáveis por fornecer comida e água para suas famílias, bem como realizar tarefas de cuidado. O episódio Mulheres da costa de Chiapas enfrentando o dendê descreve essa situação e apresenta depoimentos sobre como elas se organizaram e atuaram para conscientizar as comunidades e parar a expansão das plantações.
Projetos de compensação de carbono nas florestas, como os de REDD, também geraram violência contra as mulheres, pois as impediram de usar a floresta como faziam tradicionalmente. Eles bloqueiam o acesso dessas mulheres a alimentos e medicamentos e, ao fazer isso, destroem a cultura e os conhecimentos das mulheres. “Com os projetos de dendê e REDD, o conhecimento que as mulheres têm vai acabar desaparecendo”, denuncia uma mulher da província de Kalimantan Central, na Indonésia. O episódio Mulheres Dayak defendem a floresta de Tambun Bungai explica as diferentes formas de opressão que as mulheres enfrentam em função desses tipos de projetos e como elas se organizaram para defender seu território.
Neste 25 de novembro, manifestamos a nossa solidariedade para com as mulheres de todo o mundo que estão se organizando para denunciar a opressão patriarcal e lutar por suas terras, sua cultura e suas vidas. PAREM com todas as formas de violência contra as mulheres!!!