Amigos da Terra África

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Membros da Amigos da Terra África (FoE África) da Gana, Togo, Serra Leoa, África do Sul, Nigéria, Maurício, Tunísia e Suazilândia se reuniram durante cinco dias em Accra, Gana para analisarem os problemas que enfrenta o meio ambiente africano. Uma ênfase especial foi colocada na atual crise alimentar e os agrocombustíveis no continente.

Os grupos da FoE Africa lamentaram o fato de a África ser caracterizada como um continente cronicamente faminto; e rejeitaram a projeção do continente como um emblema da pobreza e da estagnação, e portanto como um continente dependente da ajuda alimentar. A FoE África reiterou o fato de o sucesso agrícola do continente ter sido esmaecido por políticas neoliberais geradas externamente como os Programas de Ajuste Estrutural impostos no continente pelo Banco Mundial, o FMI e outras
Instituições Financeiras Internacionais.

A FoE Africa expressou aversão pela forma em que o ônus de obter soluções, a cada crise enfrentada pelos países do Norte, é transferido para a África. Exemplo disso é o ônus injustamente colocado no continente pela mudança climática e as crises energéticas. A África é obrigada a adaptar-se aos impactos climáticos e também está sob a mira por suas terras de cultivo para a produção de agrocombustíveis destinados a alimentar as fábricas e a maquinaria nos países do Norte.

A FoE Africa concluiu que:

1. A África contribuiu muito pouco para a mudança climática e os países do Norte têm com ela uma dívida histórica por sofrer os custos da adaptação sem exigir ao continente um ônus maior através dos chamados mecanismos de financiamento de carbono.

2. A África já não deve ser usada para a prática do dumping com produtos agrícolas que concorrem com a produção local e destroem as economias locais.

3. A África não deve ser exposta à contaminação dos OGMs através da ajuda alimentar e/ou agrocombustíveis.

4. Os africanos devem reclamar a soberania sobre sua agricultura e truncar as tentativas do agronegócio para transformar a chamada crise alimentar em oportunidades lucrativas através da fixação de preços, acumulação e outras práticas comerciais desleais.

5. Nós rejeitamos a promoção da transformação de extensões de terras africanas em plantações de monoculturas e cultivos para a produção de agrocombustíveis sob o pretexto de algumas dessas terras serem terras marginais. Nós apontamos que o conceito de terras marginais é um disfarce para uma maior marginalização dos pobres na África através da desapropriação e o deslocamento de seus territórios.

6. A África tem estado subsidiando o desenvolvimento mundial durante muito tempo e isso precisa mudar, os recursos africanos devem ser usados para o desenvolvimento da África e em benefício das comunidades locais.

A FoE África exorta a todas comunidades da África a se mobilizar, resistir e modificar as práticas prejudiciais que consolidam a submissão e a exploração em nosso continente.

Declaração da Amigos da Terra África
em sua Reunião Geral Anual celebrada em Accra, Gana, de 7 a 11 de julho de 2008

Assinado por: Gana, Togo, Nigéria, Camarões, Serra Leoa, ,Tunísia, Suazilândia, África do Sul, Maurício.