Em 2003, um comitê da 9ª Conferência das Partes (COP9) da Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudança Climática (UNFCCC, sigla em inglês), realizada em Milão, estabeleceu que as árvores transgênicas podiam ser usadas dentro do chamado Mecanismo de Desenvolivimento Limpo (MDL) em plantações estabelecidas sob a hipótese de compensarem as emissões de carbono das indústrias no Norte industrializado.
Como resposta, uma rede internacional de agrupações se uniu para exigir das Nações Unidas a retirada das árvores GM do Protocolo de Quioto. Elas perceberam que a decisão que possibilitava que as empresas vendessem “créditos de carbono” tinha se tornado ainda mais perturbadora com a inclusão de arriscadas e incertas plantações de árvores GM que seriam usadas como sumidouros de carbono – e isso só pioraria a situação (vide boletim Nº 80 do WRM).
A CAN (Climate Action Network), uma rede internacional de ONGs ambientalistas no mundo inteiro que trabalha para promover ações governamentais e individuais a fim de limitar a mudança climática provocada pelo homem, também tem exigido a exclusão das plantações de monoculturas de árvores do MDL argumentando que as extensas plantações comerciais ameaçam a diversidade biológica, a proteção das bacias e os sustentáveis meios de vida locais. O grupo solicitou, também, a rigorosa exclusão das espécies invasoras exóticas ou as geneticamente modificadas dos projetos de florestamento e reflorestamento do MDL.
Neste ano, a COP12 da Convenção reuniu-se em Nairobi, Quênia, de 6 a 17 de novembro. Mais uma vez, exigiu-se a proibição do uso de árvores geneticamente modificadas nas plantações estabelecidas como sumidouros de carbono.
“A liberação das árvores GM nas enormes plantações para armazenagem de carbono deve ser proibida,” afirmou Anne Petermann do Global Justice Ecology Project, explicando que : “O escape de pólen ou sementes das árvores GM em florestas nativas poderia causar impactos ecológicos sérios e totalmente imprevisíveis que podem afetar a capacidade das florestas para armazenar carbono, piorando assim o aquecimento global”. Andrew Boswell do Large Scale Biofuels Action Group acrescentou: “ Levando em consideração a decisão preventiva sobre árvores GM que a Convenção das Nações Unidas sobre Diversidade Biológica tomou em março de 2006, exortamos os países do Sul a permanecerem firmemente cautelosos quanto à adoção dessas tecnologias que não podem controlar e que, provavelmente, não sejam para seu próprio benefício.”
Infelizmente, a Convenção serviu como um fórum para os grandes interesses que pouco se importam com o ambiente e as pessoas e muito se importam com o dinheiro (vide as Notícias da COP 12 da Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudança Climática em http://www.wrm.org.uy/actors/CCC/index.html#nairobi).
Artigo baseado em: “CAN Recommendations: Modalities for Including Afforestation and Deforestation under Article 12”, COP 9, Dezembro de 2003; "False & Destructive “Solutions” to Global Warming: Groups Condemn Large-Scale Biofuels, Genetically Engineered Trees & Crops, Monoculture Tree Plantations”, Comunicado à Imprensa na Convenção Marco das Nações Unidas sobre Mudança Climática, Nairobi, Quênia, 16 de novembro de 2006.