Colômbia: a incrível e triste certificação das plantações da Smurfit

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Em 2003 o WRM fez uma visita de campo à Colômbia para conhecer e colher depoimentos das comunidades afetadas pelas plantações da empresa Smurfit. Na época, sustentávamos em um artigo o seguinte:

“ …Os povoadores locais nos disseram que ‘as plantações têm acabado com a água’, que ‘as fumigações acabam com tudo o que há no solo’, que ‘quase não há fauna’, que antes havia ‘nuvens de pássaros’ e que ‘agora somente no verão aparece algum pássaro, mas não no inverno’ e que ‘o peixe também acabou’.

A respeito do emprego, informaram-nos que ‘todo o trabalho é feito por peça’ (por empreiteiras) e que ‘o contrato implica trabalhar como dois e cobrar como um’. Apenas sobrevive o mais forte: ‘se [o trabalhador] não atingir o desempenho exigido, será demitido; as pessoas não podem ter mais de 40 anos de idade e todos devem ser fortes para atingir esse desempenho’. Em matéria de organizações de trabalhadores, não apenas não há sindicato mas ‘o que se queixa, vai para fora’ e ‘por aqui não se fazem comentários’.”

Na época pensávamos que com esse currículo, era impossível que alguma vez as plantações da empresa pudessem obter a certificação de uma produção social e ambientalmente responsável da madeira. No entanto, nesse mesmo ano, apesar de seus nefastos antecedentes, a Smurfit conseguiu a certificação de 38.000 hectares de plantações. Coincidentemente, em 2003 testemunhávamos com muita preocupação que apesar de seus antecedentes, a Smurfit -através de Víctor Giraldo- era membro da Diretoria do FSC (Conselho de Manejo Florestal), de acordo com informação da página na web do FSC.

Recentemente o WRM foi convidado novamente à Colômbia a percorrer áreas onde há grandes extensões de plantações da mesma empresa. A situação não tem mudado nada. Pelo contrário, os impactos se aprofundaram. Enquanto isso, a Smurfit continua sendo membro da Diretoria do FSC.

Por mais informação sobre os impactos das plantações da Smurfit na Colômbia, recomendamos ler:
http://www.wrm.org.uy/boletim/77/AS.html#Colombia; http://www.wrm.org.uy/boletim/107/opiniao.html#Colômbia, e “Cómo afecta a las comunidades campesinas y a la biodiversidad. La industria papelera en la zona Andina”, Guillermo Castaño Arcila, Revista Semillas en la economía campesina, Nº 20, dezembro de 2005, http://www.semillas.org.co/articulos.htm?x=24037