Chile: novo mártir mapuche é morto por causa de atentado de empresa florestal

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No passado dia 10 de maio, Zenén Díaz Necul, mapuche de 17 anos, foi atropelado por um caminhão enquanto participava de uma passeata em repúdio de um atentado levado a cabo por guardas florestais da empresa Mininco contra as simbologias e elementos culturais, espirituais e religiosos Mapuche. O protesto foi realizado na área do Viaduto de Malleco.

Em face do ocorrido, a Coordenadora Mapuche Arauco Malleco declara:

Diante do assassinato brutal do jovem mapuche Díaz Necul:

1. Este assassinato está emoldurado dentro do conflito mapuche que travam as comunidades que lutam por seus direitos territoriais contra o Estado e o sistema capitalista, que se manifesta principalmente nos investimentos que as empresas transnacionais (florestais e energéticas) têm em nosso território ancestral.

2. A responsabilidade política por esta morte recai no Estado e nas empresas florestais que são os sustentadores de uma política represiva permanente que se revela nos planos político, judicial e policial, estabelecendo uma verdadeira caça através da perseguição, a militarização das áreas em conflito, a represão seletiva e indiscriminada contra qualquer expressão de mobilização e luta de nosso Povo.

3. Cabe ao Estado a responsabilidade já que é o sustentador e administrador de um sistema que ampara os investimentos das transnacionais através de uma intervenção política que condena nossas comunidades à pobreza, controlando políticas de devolução de terras, obrigando as comunidades à mobilização, que, ainda por cima, é fortemente reprimida.

4. A responsabilidade direta por este assassinato recai diretamente nas forças repressivas, principalmente de carabineiros, que através de suas forças especiais e grupos táticos geraram verdadeiros campos de batalha contra os mapuches mobilizados. Neste caso, duvidamos da versão oficial de ter se tratado de um caminhoneiro que logo fugiu, já que conhecemos os métodos repressivos que são usados pelas forças repressivas; sabemos, além disso, que foram os carabineiros do grupo tático junto a guardas florestais os atores da invasão e da destruição do rehue e dos trabalhos realizados no contexto da recuperação desenvolvida pelas comunidades da zona.

5. Por tudo o que foi acima mencionado é que reivindicamos o jovem mapuche Zenón Díaz Necul como um novo mártir da causa mapuche e o colocamos na condição de weichafe, porque caiu lutando no contexto da resistência por sua comunidade e por seu Povo.

6. Declaramos que dividimos a dor da perda e somos solidários com sua família e as comunidades da área e esclarecemos que nossa melhor homenagem a seu valor será seguir lutando pela reconstrução de nosso Povo Nação Mapuche.

7. Pedimos às comunidades e as áreas de conflito para prestarem atenção a estes acontecimentos e para avançarem em seus processos de recuperação territorial e política e para não se sentirem amedrontados em face das arremetidas repressivas. E também, pedimos a nossos weichafe a prestarem homenagem ao novo mártir caído.

Em memória de Jorge Suárez Marihuan, de Alex Lemun y Zenón Díaz Necul