Cambodja: a Pheapimex retoma o desmatamento para uma fábrica projetada de celulose e papel

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Na Cambodja, mais de 80% da população habita áreas rurais e 36% vive em extrema pobreza, e ganha menos de 50 centavos de dólar dos EUA por dia. Apesar de que muitos habitantes se ganham a vida com produtos da floresta, o desmatamento faz parte da política e a economia nacionais. Os críticos dizem que as autoridades locais e estaduais defendem as necessidades dos pobres da boca para fora.

Em meados de novembro, teve lugar um outro evento, onde os mais afetados tiveram a menor participação na negociação. A gigante companhia Pheapimex Co. Ltd. começou obras para cortar 6.800 hectares de floresta de sua concessão de 315.000 hectares de terra, para depois plantá-la com eucaliptos e acácias, para alimentar uma fábrica projetada de celulose e papel na província de Kandal. A concessão de terras da companhia se estende de lado a lado das províncias de Pursat e Kompong Chhnang, e é uma das muitas concessões que a companhia tem na Campuchéia (nas províncias de Stung Treng, Kratie, Kompong Thom e Koh Kong). O sistema de concessões começou em meados da década de 90 e ainda continua sendo o método preferencial de manejo das florestas na Campuchéia, apesar das críticas gerais.

A Pheapimex tinha começado o projeto em 2001, mas o interrompeu por causa da forte oposição de ONGs e dos povoadores locais, que perceberam que seus meios de subsistência estavam ameaçados. Atualmente a companhia tem reenvidado e tem retomado o corte da floresta. Mas de novo tem achado a resistência dos povoadores locais. Centenas de povoadores se têm organizado a aproximadamente 5 km do sítio das obras e reunido no distrito de Krakor da província de Pursat, no noroeste. Mais de 100 pessoas permaneceram à noite no sítio de protestações, para esperar que continuassem no dia seguinte, mas durante a noite, foram atacadas por uma granada de mão que feriu seis delas.

Sete povoados estão dentro da área de concessão onde a floresta faz parte da vida dos povoadores que coletam frutas e outros produtos. “Se perdermos essa terra, perderemos nossos trabalhos. Sobrevivemos por causa dessa floresta” disse Hem Sam, de 42 anos de idade.

Artigo baseado em informação de: “The death of Cambodia's forests”, Keith Andrew Bettinger, enviado por Oliver Pye, E-mail: opye@oxfamamerica.org ; “Villagers Protest Plans for Forest Clearance”, The Cambodia Daily, http://www.e-khmer.com/news/ ; “Protest against clear felling of a Cambodian forest”, ABC Asia Pacific, http://www.abcasiapacific.com/news/stories_to/asiapacific_stories_lofi_1243023.htm