Em junho, o Banco Mundial co-organizou a Carbon Expo, em Colônia, Alemanha. A feira exibiu projetos que procuram compradores corporativos e governamentais de países industrializados para os créditos de redução de emissões de gás de efeito estufa que esse projetos alegam produzir.
No estande do governo brasileiro, os visitantes da feira encontravam um folheto sobre o projeto Plantar (vide também boletins números 70 e 72 do WRM). Mas a informação do folheto contrastava gritantemente com a mensagem que dois representantes do Sindicato de Trabalhadores Rurais de Minas Gerais, onde o projeto Plantar está localizado, trouxeram para Colônia. Na opinião de Grace Borges dos Reis e Juarez Santana Teixeira, um Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (CDM) sob o Protocolo de Kyoto que financia a expansão das plantações de monoculturas de árvores como Plantar era apenas uma fachada verde para as companhias plantadoras. Os representantes do sindicato brasileiro apresentaram evidência sobre como dois projetos de plantações que procuram ser aceitados como projetos de CDM, têm contribuído com a degradação ambiental e as tensões sociais. Os pequenos cultivadores cujas terras estão localizadas ao redor das plantações estabelecidas por duas companhias – a Vallourec & Mannesmann de Brasil e a Plantar S/A - têm visto córregos e pântanos secar-se enquanto as plantações os cercam. Os representantes do Sindicato de Trabalhadores Rurais mais uma vez pediu a essas companhias e aos governos do Norte que estão proporcionando o financiamento para a expansão das plantações de eucalipto de Plantar através do Fundo Piloto de Carbono (PCF) do Banco Mundial, que exclua o projeto Plantar do rol definitivo de projetos que o PCF apoiará para serem registrados como projetos de CDM.
Além da confusão, a controvérsia e as contradições que rodeiam o projeto Plantar, um representante do governo brasileiro explicou na feira que “neste ponto Plantar é apenas um projeto PCF, não um projeto CDM porque não cumpre com os requisitos do governo brasileiro”. A aparente falta de aprovação completa pelo governo brasileiro faz surgir ainda mais dúvidas sobre o rigor com o qual o Fundo Piloto de Carbono examina seus projetos. E para a SinksWatch essa aparente falta das aprovações necessárias é mais uma das razões, que já são muitas, para dizer não a Plantar como projeto de CDM, porque financiar a expansão de plantações de monoculturas de árvores não é uma contribuição para lentear a mudança climática nem constitui desenvolvimento sustentável dos pequenos cultivadores que vêem suas terras secar-se enquanto as plantações se expandem.
Por Jutta Kill, SinksWatch, E-mail: jutta@fern.org , http://www.sinkswatch.org