Objetivando o desenvolvimento do turismo, nos últimos quinze anos, as autoridades do município de Colina têm outorgado terrenos adjacentes ao Mangue da Vela. A decorrente construção de moradias e locais comerciais implicou que esses terrenos fossem aterrados com entulho a expensas do ecossistema e do espaço necessário para o crescimento do mangue.
Em resposta a essa situação, e preocupados com os impactos da atividade turística no frágil ecossistema, representantes da Vigias Ambientais Voluntários e da Associação Ecologista para a Preservação Ambiental (AEPA-Falcão) apresentaram uma série de denúncias. Foi realizada uma vistoria ocular no Mangue da Vela (a Salinita) com a presença de autoridades municipais, do Ministério do Ambiente e Recursos Naturais, do proprietário do terreno e de um representante da ONG AEPA-Falcão, resultando na paralisação das atividades de aterragem na área adjacente à ponte de acesso à Vela de Coro, até ser apresentado, por parte do dono do terreno, o projeto de desenvolvimento turístico que se pretende construir na área alagada.
O mangue é um ecossistema fundamental para a proteção do litoral em face das inclemências do clima. Também é refúgio, lar e fonte de alimento de numerosas espécies de fauna e flora, fornecendo, além disso, uma série de bens e serviços à população que mora nas imediações e que, em grande parte, depende do mangue para sua sobrevivência.
O desenvolvimento da indústria turística, envolvendo a construção de estradas, ruas, grandes prédios, derrubada e aterragem de áreas de mangue, provoca grandes impactos, porquanto o ecossistema todo é alterado substancialmente.
Hoje, mais de um ano depois das mencionadas denúncias, há quem ainda insiste na promoção do desenvolvimento turístico no município de Colina a expensas do mangue, sem questionar o custo ambiental e social que acarreta. Sequer contam com uma Avaliação e Estudo de Impacto Ambiental no Mangue da Vela que meça o estrago causado ao ecossistema.
Enquanto está-se ao aguardo de um firme pronunciamento por parte das autoridades nacionais, terrenos próximos ao mangue continuam sendo aterrados para a construção de moradias com autorização das autoridades municipais de Colina.
Em defesa dos ecossistemas litorâneos e da vida comunitária, aqueles que hoje estão sendo lesados por essa atividade, e com o apoio de organizações ambientalistas da Venezuela, da Rede Latino-americana Mangue e do Greenpeace Internacional, exigem que seja garantida uma maior proteção do mangue. Além disso, eles reclamam das autoridades a realização de uma Avaliação de Impacto Ambiental e que, dependendo dos resultados, seja reparado o estrago ambiental. Contudo, o mais importante é que as instituições e organizações envolvidas no conflito ambiental, bem como a comunidade em geral, sejam informadas dos resultados finais.
Os moradores locais continuam aguardando a elaboração de um "plano de manejo ambiental sustentável do Mangue da Vela".
A AEPA-Falcão exige das autoridades municipais de Colina e das autoridades garantes do direito ambiental e humano no país a promulgação de disposições ou decretos que protejam o ecossistema de mangue e a realização de um firme pronunciamento para resolver o conflito ambiental, garantindo a proteção do mangue, sua diversidade e o respeito pelos direitos humanos e liberdades fundamentais das comunidades atingidas.
Artigo elaborado a partir de informação de: "A un año del conflicto AEPA-Falcon exige mayor protección al Manglar de la Vela", enviada por Anelis Teolinda Moya, correio eletrônico: aepafalcon@hotmail.com