O WRM se solidariza com a luta das mulheres do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) no Brasil que, neste dia 13 de março, realizam várias ações no país pela reforma agrária e contra as múltiplas violências contra as mulheres, sob o lema “Agronegócio é violência e crime ambiental. A luta das mulheres é contra o capital”.
Uma das ações acontece no estado do Espírito Santo, onde 1000 mulheres ocuparam uma área da empresa Suzano. Há anos a empresa atua de forma impune, concentrando terras e cometendo violações contra comunidades indígenas, quilombolas, camponesas sem terra. A Suzano é a maior exportadora de celulose para produzir papel usado na Europa, nos EUA e na Ásia. A ocupação é um ato de resistência contra um modelo que privilegia o lucro em detrimento da vida e da justiça social.
Leia o comunicado produzido pelo MST no estado do Espírito Santo:
Cerca de 1000 mulheres Sem Terra ocupam na manhã de hoje (13) área da Suzano no município de Aracruz, Espírito Santo (ES). Com a Jornada de Luta das Mulheres Sem Terra, as companheiras apontam a Reforma Agrária Popular como caminho para o enfrentamento à fome, à violência no campo e à crise ambiental.

O MST denuncia as práticas criminosas da empresa Suzano e anuncia que para que se faça justiça social e ambiental no campo e na cidade, é preciso mais Reforma Agrária para assentar as famílias que querem produzir comida e não commodities. São 22 áreas em conflito com a Suzano no Espirito Santo e em todo Brasil que não avançou nenhuma negociação.
“As multinacionais não estão preocupadas em obter terras para resolver o problema da fome no país, pelo contrário, se favorecem da prática da grilagem de terras e esquemas de lavagem para manutenção de seus lucros. Exemplo disso é a Suzano, empresa de papel e celulose, que quer dobrar o monocultivo de eucaliptos, mas sabemos que isso não resolve o problema do preço dos alimentos e ainda agrava uma série de problemas ambientais”, destaca Lia Fernandes, da Direção Nacional do MST.
A Suzano detém 2,7 milhões de hectares de terras no Brasil, sendo 1 milhão destinados à “conservação” e 1,4 milhões em monocultivo de eucalipto, onde é possível assentar mais de 100 mil famílias. Muitas das plantações da empresa estão em áreas griladas.

A ocupação em meio ao monocultivo do eucalipto, foi colorida pelos lenços de chita e simboliza a ousadia, a rebeldia e a combatividade das mulheres Sem Terra. Essa força insurgente, que impulsiona a seguir de punho e enxada erguidos na defesa da Reforma Agrária Popular, sinônimo do fim da fome e caminho para o enfrentamento à crise ambiental e à violência no campo. São os Aromas de Março, que as Sem Terra carregam todos os dias, no cultivo da terra e dos afetos, no romper das cercas do latifúndio e do poder patriarcal e racista.
Fotos: MST
Para mais informações sobre as violações da Suzano e as consequências do modelo de plantações de árvores em larga escala, acesse:
- Cartilha: O que você precisa saber sobre a empresa Suzano Papel e Celulose
- Artigo: Comunidades quilombolas recuperam terra e água após 40 anos de monocultura de eucalipto no Brasil
- Artigo: Resistência de comunidades quilombolas frente à empresa Suzano no Extremo Sul da Bahia, Brasil
- Documento: Plantações de árvores para o mercado de carbono. Por que, como e onde elas estão se expandindo?
- Cartilha: 12 respostas a 12 mentiras sobre plantações industriais de árvores