O Cacique Babau, da comunidade de Tupinambá Serra do Padeiro, estado da Bahia (Brasil), sofre repetidas ameaças contra ele e sua família. Diante desta preocupante situação, pessoas e organizações sociais, por meio de uma carta ao Governador Rui Costa, exigem que o Estado garanta a integridade do Cacique e de sua família. Pedimos o seu apoio assinando em solidariedade (veja o formulário abaixo).
A comunidade da Serra do Padeiro é uma das comunidades Tupinambás que vivem dentro do território indígena entranhado na Mata Atlântica no estado da Bahia. Desde o século XVI, quando o Brasil foi colonizado pelos portugueses, e começou a passar por ciclos de exploração capitalista, esse território, por ser uma das áreas mais conservadas da região, é alvo de ataques de grandes latifundiários e, por isso, a história dos Tupinambás tem sido marcada por massacres e tentativas de expulsá-los do seu território. No entanto, sua história é, sobretudo, marcada pela forte resistência para conservar aquilo que há de mais sagrado para eles: as florestas que cobrem as serras da região e que garantem alimento e água em abundância, e um território bom para se viver. O Babau, o cacique da comunidade da Serra do Padeiro, resume isso dizendo que o território é “a mãe-terra, e ela é composta de tudo; a mãe-terra deixou o rio que é o leite que nos alimenta, nos dá de beber, a floresta, que é nosso teto e nosso banquete para nos alimentar”. Para os Tupinambás, a conservação da mata, abundante especialmente nas serras, é essencial também porque a floresta é a morada para os “encantados” que orientam os Tupinambás na sua caminhada de vida, ou, como diz o Babau: as matas “representam nossa fé, cultura, nossa religião”.
A defesa de o seu território coloca mais uma vez Babau, sua família e sua comunidade em perigo. Pedimos que você apoie esta luta assinando esta carta que será enviada ao Governador da Bahia para sua segurança e proteção.
Ao
Governador do Estado da Bahia – Rui Costa
Ministério Público Federal.
As entidades e pessoas abaixo assinadas vêm solicitar ao Governo do Estado da Bahia e ao Ministério Público Federal, segurança e proteção para o Cacique Babau e sua Família, pois há 519 anos, o povo tupinambá vem sendo violentado por forças amparadas no Estado e pela sociedade regional calcada na cobiça, através de expropriação e exploração dos territórios tradicionais, responsáveis por áreas de preservação da natureza e recursos naturais.
A Serra do Padeiro, onde vivem o Cacique Babau e sua família, diversas vezes atacadas, chama à atenção dos predadores, especialmente pela exuberância de Mata Atlântica preservada e suas riquezas associadas. Essa área além de ser território tradicional, garantido pela Constituição Federal de 1988, deve ser também, objeto de zelo e manutenção por tratar-se de Área de Mata Atlântica, uma das Florestas mais ricas em diversidade e ameaçadas do planeta!
Num passado não tão distante, uma das lideranças, do povo Tupinambá, conhecido como Caboclo Marcelino, foi perseguido, caluniado e “desaparecido misteriosamente”. E, ainda hoje, o movimento histórico mostra que a mesma estratégia vem sendo usada para incriminar e enredar outra liderança, utilizando-se, do processo construído sob a égide do preconceito, baseado em calúnias e difamações, construídas por grupos com interesses econômicos ligados à exploração dos recursos naturais, que são, responsavelmente preservados por toda comunidade da Serra do Padeiro, pois a Natureza é para o Povo Tupinambá, o Grande Espírito que nutre o corpo e a alma de todos os seres vivos.
Os grupos interessados na área organizaram um plano de ação contra o Cacique e sua Família. De acordo com as informações amplamente divulgadas na imprensa, o plano foi traçado com a presença de fazendeiros, políticos e policiais civis e militares, que planejam incriminar falsamente os índios por tráfico de drogas e forjar troca de tiros que inclui matar o Cacique, os seus três irmãos e duas sobrinhas. Para o Cacique é como “matar duas vezes a mesma pessoa, tirar a vida e sujar o nome, pois somos veementemente contra o tráfico de drogas”.
O Brasil não pode continuar oprimindo e dizimando as populações indígenas, uma das riquezas culturais do País e da humanidade. O Estado não pode ser o exterminador dos povos para manter a lógica doente e abominável da cobiça e da ganancia que alimenta a doente ‘necessidade’ de poucos, e estes poucos, alimentam-se do sangue de populações inteiras. Assim, de todas as partes do Planeta, rogamos, pedimos, exigimos, o amparo da Lei e da Justiça na proteção da VIDA do Cacique Babau e sua família, bem como de toda a comunidade.
Fevereiro 2019
Assinaturas
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(*) Para mais informações sobre os Tupinambá:
- “Brasil: liderança indígena Cacique Babau pede proteção após plano para matá-lo ser revelado”
- “A luta do povo indígena tupinambá pelo território e pela conservação da mata”
- Tupinambá: pelo direito de viver