As plantações da Forestal Valdivia S.A., que pertence ao grupo ARAUCO, não apenas contam com a certificação CERTFOR Chile (avalizada pelo selo internacional PEFC), como também com a certificação FSC de Cadeia de Custódia (SGS-COC-005376).
De acordo com o expressado no site do CERTFOR, “Este padrão permite que os possuidores de florestas [leia plantações] demonstrem que o manejo aplicado cumpre com os requisitos de desempenho social, econômico e ambiental que os stakeholders (partes interessadas) relevantes demandam”. O selo FSC garante por sua vez “o manejo ambientalmente adequado, socialmente benéfico e economicamente viável das florestas” [incluindo plantações].
O explicado anteriormente parece implicar uma dupla garantia para os consumidores conscientes, que querem ter certeza de que os produtos que compram não tiveram impactos negativos sobre as pessoas ou o meio ambiente. No entanto, um comunicado de imprensa emitido recentemente pela Agrupação de Engenheiros Florestais pela Floresta Nativa (AIFBN) do Chile, questiona a validade dessa conclusão.
De fato, uma equipe de profissionais da Agrupação de Engenheiros Florestais pela Floresta Nativa realizou, a partir do ano 2008, uma sequencia de vôos sobre as cordilheiras dos Andes e da Costa na Região dos Rios e no extremo norte da Região dos Lagos, com o objeto de avaliar o estado de conservação e a possível eliminação de áreas com florestas nativas.
A AIFBN informa que, “A partir da análise dessa informação foram agrupados os setores que evidenciaram cortes ilegais, detectando 23 ações irregulares em diferentes parcelas, que foram denunciadas diante da Corporação Nacional Florestal (CONAF) em julho do ano passado. Tal instância estatal respondeu à totalidade das denúncias apresentadas, nas quais foi verificado o descumprimento da legislação vigente em matéria florestal". Entre os principais infratores identificados no estúdio está a duplamente certificada Forestal Valdivia.
Consultado o engenheiro Cristián Frene (contato do mencionado comunicado de imprensa), ele opinou que “Se este monitoramento se repetisse nas regiões mais ao norte (Bío Bío, Maule e Araucanía), eu te garanto que o panorama seria bastante pior, mas infelizmente ninguém realiza esta tarefa nesses territórios”.
Quanto à denúncia das ações da Forestal Valdivia no município de Lanco, o comunicado de imprensa da AIFBN salienta que , "os terrenos nos que se faz a colheita a tala rasa pela empresa mencionada fazem parte da montanha que providencia água a 5 comunidades que estão no município de Lanco, e afeta no mínimo 700 pessoas com a colheita de plantações e posterior queima de vegetação NATIVA existente, com químicos de alta toxicidade". Acrescenta-se a isso que "no setor norte da montanha... atualmente convivem 45 comunidades jurídicas mapuche com um total de 1.258 famílias mapuche conforme dados do recenseamento de 2002”.
Tanto a constatação da destruição de floresta nativa quanto os graves impactos do manejo das plantações por parte da empresa levaram à Agrupação de Engenheiros Florestais pela Floresta Nativa a denunciar junto à Corporação Nacional Florestal, os gravíssimos descumprimentos ambientais da empresa Forestal Valdivia, pertencente ao Grupo Arauco, no município de Lanco, ao norte da região dos Rios”.
O comunicado de imprensa acrescenta que tais descumprimentos “implicam também uma falta absoluta de consciência social, por não respeitar as fontes de água das comunidades mapuche da região. Desde fevereiro deste ano, a empresa envia empreiteiros para queimar a vegetação NATIVA existente com químicos de alta toxicidade. Estes químicos, quando aplicados sobre a vegetação, permanecem no solo e são levados pelas chuvas até os cursos de água, que abastecem centenas de famílias do município de Antilhue".
Onde estão, então, as garantias da CERTFOR quanto ao cumprimento dos “requisitos de desempenho social, econômico e ambiental” e do FSC sobre o “manejo ambientalmente adequado e socialmente benéfico” das plantações? Pelos menos neste caso, a resposta parece ser bem clara: em um grande engano para o consumidor.
Artigo baseado em “Una historia de no respeto a los bosques nativos y la ley forestal”, maio 2010. Agrupação de Engenheiros Florestales pela Floresta Nativa (AIFBN). CONTATO: Engenheiro Cristian Frene cristianfrene@bosquenativo.cl
http://www.ecoportal.net/content/view/full/93312