Camponeses no norte de Moçambique estão lutando para manter suas terras e seus recursos hídricos à medida que governos e empresas estrangeiras avançam agressivamente para criar grandes projetos de agronegócio. Foi lançado o tão esperado Plano ProSavana para o desenvolvimento do agronegócio no Corredor de Nacala, inspirado no chamado desenvolvimento “bem sucedido” do agronegócio na região do Cerrado brasileiro. Embora seja muito diferente de uma primeira versão que vazou devido à pressão da sociedade civil, ele ainda não discute a questão controversa da concentração e dos conflitos de terras. O Plano prevê que as famílias usem mais suas terras de forma permanente (eliminando sistemas de rotação), aumentando a produtividade através de “sementes melhoradas e fertilizantes”, enquanto ampliam a área lavrada com tratores. O Plano nada diz sobre a quantidade de terras que o investimento estrangeiro está planejando ocupar. Também não aborda a grave crise hídrica que esse modelo de agronegócio deixou no Brasil, na qual graves problemas de abastecimento de água estão afetando centros urbanos, apesar de vários pesquisadores brasileiros estabelecerem uma ligação direta entre a escassez de água e o desmatamento em grande escala devido à expansão do agronegócio. Veja a nota (em inglês) aqui:
http://www.clubofmozambique.com/solutions1/sectionnews.php?secao=business&id=2147488847&tipo=one
Um novo relatório da ONG GRAIN fornece informações detalhadas sobre casos de grilagem de terras para a produção agrícola, que já estão ocorrendo no Corredor de Nacala. Ele expõe alguns dos principais atores envolvidos e mostra como os investidores estrangeiros e seu modelo industrial de agronegócio estão causando estragos nas comunidades camponesas locais e em seus sistemas alimentares. Esses casos de concentração de terras apresentam uma clara imagem do tipo de “investimento” que os camponeses moçambicanos podem esperar do ProSavana. Veja o relatório aqui:http://www.grain.org/article/entries/5138-les-accapareurs-de-terres-du-couloir-de-nacala