SOCAPALM é o nome de uma empresa que controla quase 60 mil hectares de plantações industriais de dendezeiros em Camarões. Ela foi estatal até o ano 2000, quando foi privatizada e adquirida pela empresa agroindustrial SOCFIN, de propriedade majoritária do grupo francês Bolloré, controlado pela família Bolloré e pela família Huber Fabri, de Luxemburgo. O Banco Mundial teve um papel fundamental na história de como o conglomerado SOCFIN e as poucas famílias bilionárias europeias que controlam essa empresa lucraram com a compra da SOCAPALM. (1)
Atualmente, a empresa está em processo de renovação de parte de suas plantações de dendezeiros em Edéa, para manter e aumentar ainda mais sua produtividade e, portanto, seus lucros.
No final do ano passado, as comunidades de Edéa começaram a se mobilizar contra esse processo, principalmente as mulheres de uma das aldeias que se organizaram na Associação de Vizinhas da Socapalm em Edéa – AFRISE, na sigla em francês.
Elas lançaram um abaixo-assinado (2) para mobilizar a solidariedade internacional para com sua demanda de impedir a SOCAPALM de replantar, e alertaram que estavam prontas para fazer o que fosse necessário para impedir a operação da SOCAPALM em Edéa, dizendo: “Não aceitaremos passar os próximos 50 anos nesta miséria. Estamos determinadas a lutar para libertar nossas terras e conquistar espaços de vida para nossos filhos, que são as gerações atuais e futuras”.
Alertada pelo início da operação de replantio em algumas aldeias, no início deste mês, a Aliança Informal contra as Plantações Industriais de Dendê na África Ocidental e Central, um coletivo de comunidades e ativistas que luta contra a expansão das plantações na África, divulgou uma declaração em apoio às comunidades.
Na declaração, (3) a Aliança Informal diz que nós “exigimos que a Socapalm pare imediatamente de replantar dendezeiros nas proximidades das casas e sepulturas das comunidades que vivem em Apouh à Ngog, o que vem acontecendo desde quarta-feira, 8 de agosto de 2024. O plantio de dezenas de milhares de hectares de dendezeiros em frente aos quintais desses moradores locais é um grave ataque à soberania alimentar das famílias da aldeia e à dignidade das mulheres de Apouh à Ngog, no distrito de Edéa 1, em Camarões”.
A resistência da comunidade e sua determinação em parar a empresa levaram o prefeito a solicitar que a Socapalm parasse suas atividades.
Esta é uma primeira vitória da comunidade e das mulheres organizadas de Edéa, mas a luta continuará até que a SOCAPALM devolva as terras às comunidades!
(1) https://www.wrm.org.uy/pt/artigos-do-boletim/o-legado-duradouro-de-um-projeto-pouco-conhecido-do-banco-mundial-visando-garantir-plantacoes-africanas
(2) https://www.wrm.org.uy/pt/alertas-de-acao/apoie-as-mulheres-de-camaroes-que-resistem-as-plantacoes-de-dendezeiros
(3) https://www.wrm.org.uy/action-alerts/stop-socapalms-replanting-operations