A autora Nigeriana Chimamanda Ngozi nos alerta para os riscos de escutarmos repetidamente uma única versão do mesmo relato. Esse relato que escutamos reiteradamente nos livros de história, nos meios de comunicação ou na literatura, sobre um povo, uma cultura ou um lugar em particular, é um dos muitos existentes e possíveis. Mas então, qual é esse relato que se repete constantemente? A predominância de uma história em particular responde quase sempre às estruturas mundiais de poder: “como são contadas, quem as conta, quando são contadas, quantas são contadas é algo que depende verdadeiramente do poder (…) as histórias foram usadas para destituir e para difamar.” (1)
Boletim Nro 223 – Abril 2016
Racismo na floresta: um processo de opressão a serviço do capital
Boletim WRM
223
Abril 2016
NOSSO PONTO DE VISTA
RACISMO NA FLORESTA: UM PROCESSO DE OPRESSÃO A SERVIÇO DO CAPITAL
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9 Maio 2016Em 1969, quando eu tinha três anos, meus pais foram forçados a se mudar da casa onde eu nasci, em um bairro de pessoas de todas as cores, etnias e até classes, para uma duna de areia sem qualquer vegetação, deixada nua, exceto por casas mal construídas, de um cômodo, sem eletricidade, reboco nem forro, e coroadas com um telhado de amianto. Nós fomos transferidos porque a minha família era classificada na África do Sul como de cor (negra), ou pessoas de ascendência mista. Por causa de nossas características físicas, fomos tratados de forma diferente pelo Estado, que era um Estado do apartheid, todo branco.
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9 Maio 2016É difícil imaginar que o ambientalismo um dia tenha prescindido do conceito de “Racismo ambiental”. Ele dá nome a uma realidade que não pode ser combatida “antes” ou “depois” de campanhas ambientais, mas tem que ser confrontada todos os dias, na construção de movimentos contra as formas com que as sociedades opressivas organizam a natureza.
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9 Maio 2016O que é a Indigenous Environmental Network (Rede Ambiental Indígena)?
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9 Maio 2016Seria a-histórico e apolítico não situar firmemente as raízes dos conceitos ocidentais sobre conservação da natureza na época colonial. A ecologista política e ecofeminista Dra. Vandana Shiva deixa essa relação muito clara em seu livro “Staying Alive: Women, Ecology and Survival in India’” (Mantendo-se viva: Mulheres, Ecologia e Sobrevivência na Índia), onde afirma que, “Ao colonizar a Índia, os britânicos começaram pelas florestas. Ignorando a riqueza dessas florestas e a riqueza de conhecimento da população local para geri-las de forma sustentável, desrespeitaram direitos, necessidades e conhecimentos locais, e reduziram essa fonte básica de vida a madeira para corte”. (Shiva, 1990)
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9 Maio 2016Se nos tocam o sangue, nos tocam a terra, se nos tocam a terra, nos tocam o sangue. Palavra de ordem das mulheres do povo Xinka (Guatemala)
ARMADILHAS E ENGANOS QUE PROMOVEM A CONCENTRAÇÃO DE TERRAS
ALERTAS DE AÇÃO
RECOMENDADOS
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9 Maio 2016Um curta-metragem da Rainforest Foundation UK sobre comunidades florestais afetadas pela Reserva Tumba Lediima, na República Democrática do Congo (RDC) mostra como as comunidades que vivem na área estabelecida para a Reserva eram, e ainda são, completamente ignoradas. A Reserva foi criada em 2006 pelo governo da RDC em colaboração com o WWF, que contratou “ecoguardas” do Instituto Congolês para a Conservação da Natureza (ICCN). As práticas agrícolas e de caça das comunidades locais são restringidas de forma tão severa que a desnutrição tem aumentado significativamente. Além de tudo isso, as comunidades estão enfrentando vários abusos aos direitos humanos.
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9 Maio 2016O Caderno Conflitos no Campo 2015 da Comissão Pastoral da Terra (CPT) foi lançado nesta sexta-feira 15 de abril. Os dados do relatório mostram realidades terríveis. Ano passado foram 50 assassinatos. E a impunidade reina. Pior: 59 pessoas sofreram tentativas de assassinatos, como outras 144 receberam ameaças de morte, e vivem sabendo que podem ser mortas em breve. Uma barbárie que, em termos quantitativos, não ocorria desde 2004. O pior ocorre na Amazônia, sobretudo Pará e Rondônia: nesses estados 40 pessoas foram mortas.
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9 Maio 2016O número recém-lançado do Boletim Nyéléni pela soberania alimentar destaca a importância da luta contra o crescente poder que as corporações transnacionais estão ganhando e o impacto negativo disso na vida das pessoas. Água, sementes, terra, entre outros, estão se tornando cada vez mais uma parte essencial do negócio de um grupo de empresas, que exercem as suas atividades com a impunidade, levando a uma espécie de “colonialismo corporativo”. O boletim trata de crimes cometidos pelas empresas contra comunidades na Nigéria e a privatização de cidades em Honduras. Acesse o boletim (em inglês) em: http://viacampesina.org/en/images/stories/pdf/2016-03-16-Nyeleni_Newsletter_Num_25_EN.pdf