É impossível pensar em extração sem pensar em uma vasta rede de infraestrutura complementar e, portanto, em desmatamento e destruição ainda mais amplos.
Boletim 244 - Junho / Julho 2019
Cimentando desmatamento: infraestrutura a serviço das grandes empresas e do capital.
Este Boletim tem artigos escritos pelas seguintes organizações e indivíduos: Nicholas Hildyard da The Corner House, Reino Unido; Leonardo Tello Imaina da Rádio Ucamará, Loreto, Peru; Wendra Rona Putra da LBH Padang (Assistência Jurídica Pandang), Indonésia; Rosalva Gomes do Movimento Interestadual das Quebradeiras de Coco Babaçu, Brasil; Bryan Anderson, ativista de Long Liam, Malásia; o Movimento Xingu Vivo para Sempre, Brasil; e membros do Secretariado Internacional do WRM.
Boletim WRM
244
Junho / Julho 2019
NOSSO PONTO DE VISTA
CIMENTANDO DESMATAMENTO: INFRAESTRUTURA A SERVIÇO DAS GRANDES EMPRESAS E DO CAPITAL
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15 Julho 2019A construção de estradas, linhas ferroviárias e outras infraestruturas que ligam centros de produção e extração de recursos a grandes áreas de consumo está relacionada a formas profundamente antidemocráticas de planejamento elitista.
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15 Julho 2019A Hidrovia afirma querer conectar a Amazônia ao mundo, mas esse argumento parte da ideia de que nós estamos desconectados, e isso não é verdade. O que realmente se quer é colocar a Amazônia a serviço do capital, arrastando as pessoas que convivem com suas florestas e rios.
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15 Julho 2019“Se as nossas terras, nossas fontes de água, nosso ar e nossos meios de subsistência estão sendo destruídos pela exploração geotérmica, como se pode chamar essa energia de “limpa”? Limpa para quem?” Apesar da criminalização, sua luta está ficando maior e mais forte.
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15 Julho 2019A construção da fábrica da Suzano, juntamente com as estradas contíguas, o constante transporte de madeira e o afluxo maciço de trabalhadores, trouxeram muita devastação para as populações. Este é o testemunho de uma mulher que luta pelo seu território.
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15 Julho 2019Os corredores de megainfraestrutura, que são prioridade em ambiciosos programas de investimento abrangendo o continente africano, estão voltados diretamente a facilitar a exportação de minérios e commodities agrícolas e a importação de manufaturados.
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15 Julho 2019Como condição para instalar sua segunda fábrica de celulose, a UPM exigiu que o governo uruguaio construa uma nova ferrovia, do local onde a empresa planeja sua fábrica até o porto. Os custos dos projetos de infraestrutura a serviço da UPM serão pagos pelo governo.
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15 Julho 2019Após o cancelamento da megabarragem de Baram, em 2016, os moradores de Long Liam, entre os milhares que se opunham à construção de uma megabarragem, se uniram para instalar a fonte de energia tão necessária em sua comunidade. Algo que a megabarragem não teria proporcionado.
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15 Julho 2019A luta segue viva contra a Usina Hidrelétrica de Belo Monte, os povos do território ainda precisam lidar com a negação de direitos básicos, o aumento da violência no campo e na cidade e os enormes desafios de continuar produzindo após os impactos de “Belo Monstro”.
RECOMENDADOS
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15 Julho 2019Em um contexto de crescimento da indústria de plantações de eucalipto na China, cerca de 150 moradores de Yong’an estão processando a Guangxi Lee & Man Forestry Technology Ltd. – madeireira que opera uma plantação de eucalipto de quase 300.000 m2 – e o órgão do governo local que fez parceria com ela, por violar uma cláusula do direito contratual chinês que proíbe as empresas de prejudicar interesses públicos. Os moradores afirmam que o eucalipto suga a água de três nascentes situadas nas montanhas, deixando-lhes pouco para cozinhar e cultivar arroz a jusante. É o primeiro caso desse tipo na China.
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15 Julho 2019O estudo “Amazônia na Encruzilhada”, da Rede Amazônica de Informação Socioambiental Georreferenciada (RAISG) apresenta uma visão geral da pressão causada pelas estradas em Brasil, Bolívia, Colômbia, Equador, Peru e Venezuela. De acordo com o relatório, dos 136 mil quilômetros de extensão mapeados na região, pelo menos 26 mil se sobrepõem a áreas naturais protegidas e territórios indígenas. Por exemplo, na Amazônia brasileira, o relatório afirma que a maior parte do desmatamento ocorre nas proximidades das estradas. O relatório também sugere que a tendência está aumentando.
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15 Julho 2019Na região de Yich K’isis, na Guatemala, foi planejada a construção de três usinas hidrelétricas: Pojom I, Pojom II e San Andrés, a ser alimentadas com desvio dos rios Negro, Pojom, Yalwitz Primavera, Varsovia e Palmira. As comunidades estão lutando para resistir à imposição dessas usinas, o que já causou a morte de um morador em 2017. Um vídeo curto, do portal de notícias Avispa Midia, divulga as vozes de membros da comunidade prontos para lutar para defender seus territórios e suas vidas.
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15 Julho 2019No sistema paralelo de justiça destinado a empresas e ricos, conhecido como ISDS (resolução de disputas entre investidores e o Estado, na sigla em inglês), as empresas podem processar países quando considerarem que decisões governamentais ou judiciais afetam seus lucros, mesmo aquelas cujo objetivo explícito é proteger as pessoas ou o meio ambiente. Essas ações judiciais ignoram tribunais nacionais e ocorrem perante um tribunal internacional de árbitros – essencialmente, três advogados da área de investimentos que decidem se os lucros privados ou os interesses públicos são mais importantes.
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15 Julho 2019Um artigo da pesquisadora Carol Yong examina criticamente, através de uma lente de gênero, as questões relacionadas a deslocamentos induzidos por barragens e reassentamentos de comunidades indígenas na Malásia. Para entender por que a aquisição compulsória de terras é traumática para os povos indígenas rurais no contexto mais amplo de deslocamento causado por barragens na Malásia, é importante entender os direitos consuetudinários à terra e os sistemas de posse, o papel do adat (leis consuetudinárias) na regulação desses direitos e o que a terra significa para mulheres e homens.
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15 Julho 2019Além de danos numerosos e profundos às florestas do mundo, as indústrias também causam algo mais: o surgimento de movimentos, fortes e diversos, de resistência por parte de comunidades afetadas que defendem seus territórios, meios de subsistência, culturas e até mesmo sua existência. A luta continua!