Costa do Marfim: floresta dos Pântanos de Tanoé está sendo destruída pelas plantações de dendezeiros da Unilever/Palm-Ci

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A Floresta dos Pântanos de Tanoé no departamento de Adiaké é o último bloco remanescente de floresta no canto do sueste da Costa do Marfim e se estende em uma área que tem sido classificada pelos expertos em conservação como, entre outras características, de alta importância para a conservação de mamíferos e pássaros, e de muito alta importância para a conservação de ecossistemas de água doce. É considerada uma Floresta de Alto Valor e um refúgio fundamental para primatas como o macaco colobo vermelho de Waldron (Piliocolobus badius waldronae) ameaçado de extinção, o mono de roloway (Cercopithecus diana roloway) e o mangabei da nuca branca (Cercocebus atys lunulatus).

Os pântanos da Floresta de Tanoé tem atuado até agora como um poderoso “escudo” que tem protegido a floresta de maiores agressões. A floresta se estende ao longo das subprefeituras de Noah, Nouamou e Tiapoum, e os povoados vizinhos de Kongodjan Tanoé, Kadjakro, Yao-Akakro, Kotouagnouan, Dohouan, Atchimanou, Saykro e Nouamou.  Os povoadores a consideram como sua reserva de recursos de pesca, medicinas e alimentos. (1)

Desde fevereiro de 2008, a companhia de azeite de dendê PALM-CI tem começado a destruir esse centro de biodiversidade de 6.000 hectares para transformá-lo para plantações de dendezeiros. Atualmente está construindo sistemas de drenagem na periferia e uma vez que a estação das chuvas acabe, eles têm a intenção de cortar rente toda a floresta.

Se a Floresta de Tanoé for destruída, as três espécies de primatas –bem como muitas espécies de plantas- quase com certeza vão extinguir-se globalmente e grandes volumes de dióxido de carbono serão liberados das florestas de pântanos ricas em carbono.

Os sistemas de drenagem estão sendo construídos para produzir viveiros de mudas de dendezeiros em aproximadamente 5 hectares de terra entre Kongodjan Tanoé e Kadjakro –uma situação que de acordo com muitos observadores, pode fazer surgir outro conflito sobre a terra em breve no departamento de Adiaké, já que as comunidades locais têm dito que estão dispostas a defender a integridade da floresta.

A Unilever –uma das principais marcas do mundo de alimentos e cuidado pessoal- tem sido um investidor de longo prazo na PALM-CI e está representada na diretoria da companhia. São partes interessadas em uma joint venture, a Newco, que é a principal cliente da PALM-CI. A Unilever se apresenta a si mesma publicamente como a “responsável” da companhia de azeite de dendê, sendo presidente da Mesa Redonda sobre Azeite de Dendê Sustentável (RSPO). Anuncia que tem a intenção de comprar apenas azeite de dendê certificado como sustentável e até tem dito recentemente que apoiará uma moratória sobre a destruição das florestas tropicais e turfeiras na Indonésia. São as florestas tropicais da África menos importantes para a Unilever que as da Indonésia? (2)

Apesar dos anos de participação no RSPO e proclamações sobre “sustentabilidade”, até agora a Unilever não tem deixado de comprar azeite de dendê produzido em terras desmatadas, turfeiras secadas ou à custa das comunidades e da produção de alimentos. A Unilever continua obtendo lucros da expansão das monoculturas de dendezeiros que são intrinsecamente insustentáveis e o azeite de dendê certificado “é esverdeamento injustificado”. (3)

Artigo baseado em:

(1) “Adiake: 6000 ha de forêt menacés de disparition”, Moussa Touré, http://news.abidjan.net/article/?n=294294;

(2) “Action Alert: Unilever Threatens Côte d'Ivoire's Primary Rainforests, Showing Promises of ‘Sustainable’ Palm Oil Meaningless”, Por Rainforest Portal, http://www.rainforestportal.org/ e Climate Ark, http://www.climateark.org/ , 2 de junho de 2008;

(3) “Rainforest alert”, Rainforest Portal, 2 de junho de 2008, http://www.ecoearth.info/alerts/send.asp?id=ivory_coast_oil_palm início