Ao analisar os processos de destruição ambiental, identificam-se, geralmente, uma série de causas, que se classificam em diretas e em subjacentes. Por exemplo, uma das causas diretas da destruição de florestas é sua conversão em monoculturas de soja (Brasil, Paraguai), de dendezeiros (Indonésia, Malásia, Papua Nova Guiné, Colômbia), de pinheiros (Chile), de eucaliptos (Brasil, Equador). Contudo, por trás dessa causa facilmente identificável há outras- as subjacentes- que foram as que, definitivamente, determinaram e fizeram possível essa conversão.
Boletim Nro 131 - Junho 2008
NOSSO PONTO DE VISTA
O ESBANJAMENTO DO PAPEL: UM ASSUNTO POLÍTICO
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26 Junho 2008Temos produzido um vídeo de 10 minutos (em inglês,em breve também em português) sobre os impactos da indústria do papel. Esperamos que o vídeo seja uma ferramenta útil para as campanhas sobre o uso excessivo de papel e para vincular essas campanhas com as lutas das comunidades locais que confrontam a expansão das plantações de madeira para celulose e fábricas de pasta no Sul. O vídeo está disponível em: http://www.wrm.org.uy/Videos/Paper_Consumption.html
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26 Junho 2008“O papel é um material extraordinário que durante séculos tem servido para uma troca de idéias fértil entre os seres humanos. Para todos nós que o usamos como um veículo essencial para compartilhar o que pensamos, imaginamos, sonhamos, sabemos ou acreditamos que sabemos, o papel é uma ferramenta maravilhosa que queremos continuar usando … mas não à custa das pessoas e do meio ambiente. Como pessoas que vivemos nesta realidade somos conscientes das sérias injustiças e desigualdades –sociais e ambientais- decorrentes da produção e consumo de papel do mundo.
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26 Junho 2008O papel é um material que muitas pessoas em países industrializados dão totalmente por certo. Milhões de árvores são cortadas, polpadas, transformadas em papel, impressas e depois botadas no lixo sem sequer ser lidas. Por que é que tratamos o algodão, o linho e outros tecidos feitos com fibras vegetais com grande respeito, lavando-os com cuidado, até consertando-os quando se rasgam –e no entanto jogamos folhas de papel quase não usadas na lixeira que são obtidas das árvores, os organismos vivos mais velhos no planeta?
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26 Junho 2008Desde o começo da década de 60, o consumo de papel e papelão do mundo tem aumentado quase sete vezes. Todo ano, cada pessoa no Reino Unido usa uma média de mais de 200 quilogramas de papel. Nos EUA, o número é quase 300 quilogramas. O consumo de papel global é massivamente desigual. No Laos, por exemplo, as pessoas usam em média menos de um quilograma de papel ao ano. No entanto, as comunidades rurais no Laos estão enfrentando atualmente a rápida expansão das plantações de eucaliptos para satisfazer as demandas de matéria prima da indústria global do papel.
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26 Junho 2008“Quando eu uso uma palavra, ela significa o que eu quiser que ela signifique- nem mais nem menos”, disse Humpty Dumpty a Alice. Bem- vindos ao País das Maravilhas. Não àquele do “Alice no País das Maravilhas” de Lewis Carrol, e sim àquele da CEPI (Confederação de Indústrias Papeleiras Européias). A CEPI representa 800 empresas de papel e celulose de 18 países europeus, que produzem mais da quarta parte da produção de papel no mundo. A CEPI é, conforme suas próprias palavras, “a voz e a cara pública da indústria de papel e celulose na Europa, representando seus interesses junto às Instituições Européias.” Com sede em Bruxelas, a CEPI faz lobby na União Européia visando criar uma legislação em favor da indústria.
COMUNIDADES E FLORESTAS
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26 Junho 2008Buxa era uma das florestas que orgulhavam os engenheiros florestais britânicos. A área, originariamente de pradaria e de florestas de Sal (Shorea robusta) em terras altas pedregosas, foi irreversivelmente alterada quando os engenheiros florestais coloniais chegaram ao local em 1865 e baniram a agricultura migratória indígena dos Rava, Mech, Dukpa e os Garo. As árvores perenes colonizaram rapidamente os espaços vazios enquanto que os incêndios florestais eram “controlados”, e os silvicultores vieram a perceber que não poderiam ter novas plantações de Sal a menos que as queimas fossem reintroduzidas.
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26 Junho 2008A inciativa ‘Aliança para uma Revolução Verde na África’ (AGRA) financiada pelas Fundações Gates e Rockefeller chegou na África anunciando que irá ajudar os pequenos agricultores a entrar no mercado. O que isso significa? Por trás dos milionários projetos financiados está a promoção da biotecnologia na agricultura. A agricultura africana irá ficar mais dependente dos produtos químicos, das monoculturas de sementes híbridas, e das plantações geneticamente modificadas.
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26 Junho 2008Em 1989, o WRM e o Sahabat Alam Malaysia (Amigos da Terra) produziram a publicação “A batalha pelas florestas de Sarawak”, que documenta não apenas a destruição das florestas e dos meios de vida dos habitantes das florestas em Sarawak, como também o processo de resistência, que incluiu importantes bloqueios nas rodovias promovidos desde 1987 pelas comunidades locais a fim de deterem a entrada dos caminhões para transporte de madeira em seus territórios. Essa publicação visava servir como ferramenta para uma campanha em nível mundial que tinha sido lançada havia dois anos por inúmeras organizações do Norte e do Sul contra a destruição ambiental e social decorrente da extração industrial de madeira no estado de Sarawak, na Malásia.
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26 Junho 2008No final de maio, como resultado de um sobrevôo pilotado pelo coordenador da Frente de Proteção Etnoambiental da FUNAI (Fundação Nacional do Índio ) órgão brasileiro que toma conta da proteção dos grupos isolados), várias fotos aéreas revelaram a existência de índios em isolamento voluntário de uma das quatro etnias que vivem nessa situação na fronteira do Estado do Acre (Brasil) com o Peru.
COMUNIDADES E MONOCULTURAS DE ÁRVORES
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26 Junho 2008O processo de migração campo- cidade no Chile é o resultado de conflitos internos na estrutura agrária, e no caso da VIII região-- a Região do Bio- Bio-- acrescenta-se uma reconversão produtiva que é mesmo uma reconversão florestal. O setor florestal é propagandeado no Chile como um setor chave da economia, representando o segundo setor exportador depois da grande mineração de cobre. Não obstante, os territórios em que são instaladas as plantações e indústrias florestais registram efeitos adversos, se comparados com os benefícios que poderiam ser obtidos caso as terras fossem destinadas para localizar atividades econômicas alternativas.
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26 Junho 2008A companhia pública Perhutani se gaba de ter “uma das maiores percentagens de plantação de florestas no mundo” (http://perhutaniproducts.com/) com uma área de terras de 2.426.206 hectares em Java e na Ilha Madura da Indonésia. Também possui o triste recorde de ter prejudicado ou destruído seriamente bem mais da metade das ‘florestas do estado’ de Wonosobo em Java Central (ver Boletim do WRM Nº 96). Além disso, tem adquirido mais notoriedade recentemente por matar povoadores da margem da floresta das plantações de teca nos setores Madiun e Bojonegoro da Perhutani. Lidah Tani, uma ONG local baseada em Blora, Java Oriental, Indonésia, que apóia os granjeiros da floresta emitiu uma carta de protesto denunciando que:
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26 Junho 2008A Floresta dos Pântanos de Tanoé no departamento de Adiaké é o último bloco remanescente de floresta no canto do sueste da Costa do Marfim e se estende em uma área que tem sido classificada pelos expertos em conservação como, entre outras características, de alta importância para a conservação de mamíferos e pássaros, e de muito alta importância para a conservação de ecossistemas de água doce. É considerada uma Floresta de Alto Valor e um refúgio fundamental para primatas como o macaco colobo vermelho de Waldron (Piliocolobus badius waldronae) ameaçado de extinção, o mono de roloway (Cercopithecus diana roloway) e o mangabei da nuca branca (Cercocebus atys lunulatus).
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26 Junho 2008Em fevereiro de 2008, a Autoridade para a Vida Silvestre (UWA) e as forças armadas da Uganda expulsaram mais de 4.000 pessoas das comunidades Benet e Ndorobo que habitam o Parque Nacional Monte Elgon na Região Leste da Uganda. As casas e as lavouras foram destruídas, o gado foi confiscado e as pessoas que ficaram sem-teto se refugiaram onde puderam: em cavernas e sob as árvores. Os mais afortunados permaneceram em uma escola primária ou se mudaram para a casa de parentes.