Entre 1991 e 2001, a Shell Renewables- uma divisão da Shell Oil International- implementou suas operações florestais com base na plantação de eucaliptos clonados de rápido crescimento (vide Boletim 46), com o intuito de estabelecer uma fonte de biomassa de alto rendimento para a futura geração de energia.
Posteriormente, a Shell vendeu suas plantações. Recentemente, a MagForestry- a divisão florestal da MagIndustries, uma empresa canadense envolvida em projetos industriais e energéticos na África Central (com maior ênfase na República do Congo e na República Democrática do Congo)- tomou o controle da plantação de eucaliptos de 68.000 hectares que antes pertencia à Shell, através da aquisição de todas as ações da Eucalyptus Fibre Congo S.A. (EFC), a arrendatária da plantação industrial.
Atualmente, a EFC tem um acordo exclusivo de concessão florestal de 50 anos com o governo da República do Congo, renovável por parte da EFC por um período adicional de 21 anos. Isso faz possível que a MagForestry se aproprie de milhares de hectares de terras para desenvolver não apenas uma atividade florestal que produz escassas vagas de trabalho, mas também para garantir direitos territoriais no longo prazo para as divisões voltadas para a mineração: A MagMining e os campos de salmoura, a MagMinerals e sua planta de potassa e a MagMetals e sua fundição de magnésio.
As plantações de eucaliptos estão localizadas nas proximidades de Pointe- Noire, cidade-porto sobre o Atlântico, de onde a MagForestry pode enviar seus embarques aos portos marítimos de Antwerp na Bélgica e Roterdã nos Países Baixos, prontos para ser distribuídos por toda a Europa ou ser exportados novamente a qualquer canto do mundo.
Outro negócio florescente é adicionado ao pacote. O auge do combustível de biomassa impulsionou a MagForestry a começar a construção de uma planta de lascagem de madeira com capacidade de 500.000 toneladas ao ano, com o intuito de tornar-se um fornecedor importante para o mercado mundial de biomassa, que está aumentando rapidamente.
Ao mesmo tempo, a empresa espanhola Aurantia está investindo em um grupo de plantações de palmeiras na República do Congo com o objetivo de produzir biodiesel a partir do azeite. Ainda estão em andamento os estudos de factibilidade para analisar as diferentes plantações e localizações das fábricas, e para avaliar o estado da infra-estrutura logística existente no país.
O tamanho real do investimento ainda não foi desvendado e a empresa não oferece nenhum elemento para compreender como se considera dentro do contexto de sustentabilidade e da fragilidade do meio ambiente congolês, nem como irá garantir que o azeite seja produzido de forma respeitosa com o ambiente.
Enquanto isso, perigosos resultados de um estudo encomendado pela União Européia e realizados pelo CIRAD anunciam que o Congo “ tem cerca de 12 milhões de hectares de terras adequadas para o estabelecimento de plantações de monoculturas destinadas à energia (tais como eucaliptos e acácias)”. Isso pode implicar que os grupos privados tomarão posse dos 12 milhões de hectares de terra para expandirem seus negócios.
Grandes negócios nas terras congolesas....para grandes companhias.
Artigo baseado em: “500,000 tonne mill for energy wood chips in the Republic of Congo”, Biopact, http://biopact.com/2006/11/500000-tonne-mill-for-energy-wood.html; “Une société espagnole veut investir dans l'exploitation de l'huile de palme au Congo”, Congoplus.info, http://www.congoplus.info/tout_larticle.php?id_article=2269; “Spanish company Aurantia to invest in Congo's palm oil sector for biodiesel”, Biopact, http://biopact.com/2007/03/spanish-company-aurantia-to-invest-in.html