Membros de vinte e cinco ONGs indonésias e organizações comunitárias se reuniram em Riau, Sumatra, no dia 13 de janeiro de 2007, para manifestarem suas sérias preocupações pelo impacto da indústria papeleira e celulósica e das plantações de árvores de crescimento rápido, sobre os povos e as florestas.
Sob o programa chamado de HTI (Hutan Tanaman Industri), “Plantações madeireiras industriais e Desenvolvimento da Indústria da Celulose”, lançado pelo governo no início dos anos 80, mais de cinco milhões de hectares foram destinados à monocultura de árvores de crescimento rápido (Acacia mangium e Eucaliptus) a fim de abastecer as indústrias da celulose, do papel e do raiom. Essa expansão maciça está levando à transformação de florestas primárias em plantações madeireiras – além de plantações de seringueiras e dendezeiros.
Representantes de organizações da sociedade civil (CSOs), que vêm discutindo as demandas básicas a serem feitas à indústria da celulose e do papel, bem como ao governo, apresentaram e assinaram um documento que expressa sua profunda convicção de a expansão das plantações de madeira para celulose “ter ultrapassado os limites que as florestas e a humanidade podem suportar”.
O processo em andamento para incluir o país no mercado mundial do papel como fornecedor de matéria prima barata tem sido sustentado pela exploração da natureza assim como pelo sofrimento e desapropriação dos povos da floresta. Como afirmam no documento: “O uso da floresta para satisfazer a demanda de matéria prima para a indústria da celulose e do papel visando o fornecimento de papel para consumo internacional, tem um histórico terrível de expropriação e violação dos direitos das comunidades, que já deixou cicatrizes. Vimos como a manipulação do mercado, facilitada por várias políticas governamentais, acarretou, direta e indiretamente, práticas de empresas que prejudicam o modo de vida dos povos e o meio ambiente em geral.”
Os impactos negativos da indústria da celulose e do papel no meio ambiente e nas comunidades vizinhas priva os habitantes de seu sustento e gera conflitos sociais e pobreza. Portanto, a reivindicação é “salvar as florestas remanescentes e proteger os direitos das comunidades locais e indígenas de desastres inimagináveis em todas as áreas atingidas pelas plantações madeireiras para celulose e pelas fábricas de celulose e papel.”
Entre as partes envolvidas há agora uma “visão compartilhada sobre a reconstrução e transformação necessárias para o desenvolvimento das indústrias papeleira e celulósica na Indonésia.”
Eles afirmaram que: “Uma série de tópicos foram levantados à medida que compartilhamos nossas experiências de organizar a forma de dar apoio e ajuda às comunidades afetadas através de discussões sérias sobre a indústria papeleira e celulósica. Isso nos motivou a juntar nossas forças e pressionar para mudar políticas no intuito de deter todas as práticas prejudiciais e qualquer expansão ulterior dessa indústria. Nos próximos anos, pretendemos monitorar de perto todos os instrumentos políticos e pressionar para conseguirmos as mudanças e revisões correspondentes, trabalhando juntos cada um do seu jeito.”
Com base nestas experiências, redigimos esta Visão Comum para mudanças na Indústria Indonésia do Papel e da Celulose que trata de políticas, a indústria e condições sociais.
INTENÇÕES
Garantir que os direitos e os interesses das comunidades locais e indígenas sejam respeitados e que as prioridades ecológicas sejam protegidas ao ser atendida a demanda de papel indonésio.
OBJETIVOS
1. Intervir nas mudanças das políticas em nível local, nacional e internacional que promovam a expansão de plantações madeireiras para celulose e da indústria papeleira e celulósica na Indonésia.
2. Ampliar o reconhecimento das práticas florestais sustentáveis das comunidades locais e das comunidades indígenas.
3. Fechar as fábricas de papel e de celulose que provoquem poluição ambiental e prejudiquem os interesses comunitários; opor-se à construção de novas fábricas e deter a expansão das plantações de madeira para celulose.
A próxima ação das CSOs é fazer uma reunião estratégica de acompanhamento no fim deste ano.
Artigo baseado no “CSOs take a stand on the take a stand on pulp”, Down to Earth Nº 73, May 2007, e-mail: dte@gn.apc.org, http://dte.gn.apc.org