Nigéria: mulheres de Idheze fecham instalações petroleiras da Agip

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Em nosso boletim Nº 111 já falamos do que a “Operação Mudança Climática”- iniciada no dia 1º de janeiro de 1999- conseguiu no Delta do Níger: ativistas conseguiram o encerramento de estações de fluxo de petróleo e combustão de gás. Como resposta, houve destruição de moradias, mortes e estupros.
No entanto, a luta continuou e principalmente as mulheres iniciaram uma campanha conjunta em favor da vida com o intuito de colocar um freio à depredação provocada pelas Gigantes Petroleiras. Elas ganharam a batalha: em janeiro de 2006, a justiça nigeriana ordenou a Shell que detivesse a queima de gás natural em Ogoniland.

Agora, continuam na luta. Mulheres da comunidade Idheze na divisão administrativa de Isoko South do Estado de Delta encerraram novamente os escritórios da petroleira Nigeria Agip Oil Company(NAOC) alegando falta de pagamento de compensações pelos danos decorrentes do despejo de efluentes residuais/ químicos na comunidade.

Recentemente, os detritos/ produtos químicos da plataforma petroleira foram vertidos na região pantaneira de Idheze provocando a morte e a destruição da vida aquática. Nos dias seguintes, muita fauna aquática morta ainda flutuava no local.

No início de dezembro de 2006, as mulheres tinham tomado conta das instalações petroleiras da Agip, devido a companhia não ter implementado um acordo prévio assinado com a comunidade quando entrou em suas terras.

Elas revelaram que um derramamento levou à morte de sete adultos e três crianças e ainda destruiu árvores e culturas econômicas em 1982.

As mulheres, munidas de cartazes, obstruiram a entrada principal das instalações da companhia e fizeram que todos os trabalhadores recuassem. Nos cartazes expressavam: “Estamos cansados do tratamento inumano da NAOC”, “Continuaremos impedindo suas atividades até nossas exigências serem satisfeitas”, “Paguem as compensações pelos efluentes residuais/ produtos químicos que vocês usaram para poluir nossa terra.”

As mulheres chegaram ao local com seus utensílios e alimentos, desde sacos de arroz, batatas doces, garri [comida feita com mandioca] até toldos com os que improvisaram tendas. E juraram que não sairiam do local até suas exigências serem satisfeitas.
Elas relatam que depois de tudo o que a comunidade sofreu em decorrência do derramamento, a Agip desconsiderou o conselho do departamento de fiscalização da Nigeria National Petroleum Company (NNPC) que requisitou que a Agip compensasse a comunidade.

A senhora Mercy Okunwa, líder das manifestantes, que falou em nome do presidente geral da comunidade, Joel Ogbru, acusou a companhia de insensibilidade diante da situação premente dos moradores bem como de descumprimento do acordo feito com a comunidade em Port Harcourt, no passado mês de dezembro.

Ela disse que a atitude impassível da NAOC diante dos problemas da comunidade, provocou um protesto da comunidade no dia 19 de dezembro de 2006, a fim de manifestar sua “aflição, até agora nenhuma das promessas feitas pela NAOC foram implementadas”.

Ela revelou que muitas das empresas de serviços que operam nas plataformas estão “realizando as atividades com o consentimento da Agip mas em detrimento da comunidade porque nenhuma delas paga royalties à comunidade.”

Acusaram as empresas de serviços SERIC, IMPEANTI e KCA Deutage por descumprirem completamente os acordos com a comunidade, alegando que a Agip conspirou com algumas delas a fim de roubar os direitos da comunidade. Ela lamentou que os contratos que deviam ter sido dados à comunidade local tenham sido executados por estrangeiros.

“Nós somos gente pacífica e sabemos que fomos iludidos pela Agip; desta vez, não queremos que nada prejudique nossa gente e portanto, até a administração da companhia não responder a nossa reclamação, não sairemos do local,” disse a mulher com amargura.

Artigo baseado em: “Women protesters shut oil facility as toxic waste ravages community”, Chido Okafor, Warri, http://www.guardiannewsngr.com/news/article25, enviado por Oilwatch, e-mail: info@oilwatch.org