Em julho de 2004, uma delegação comercial da companhia vietnamita General Rubber Corporation visitou o Laos. Naquele momento, apenas uma pequena área estava plantada com seringueiras no sul do Laos. “Nós podemos provindenciar de 50.000 a 100.000 hectares de terra ao Vietnã para plantar seringueira,” Thongloun Sisolit, o Vice- Primeiro Ministro laosiano, disse à delegação.
Uns meses depois, o governo do Laos concedeu licença para um projeto de US$ 30 milhões da Dac Lac Rubber Company, uma companhia estatal vietnamita. A Dac Lac Rubber Company é designada posterioremente como uma província nas terras altas centrais do Vietnã onde a companhia tem 14.000 hectares de plantações de seringueiras. A companhia pretende plantar 10.000 hectares com seringueiras nas províncias de Champasak, Saravane, Sekong e Attopeu, sob um contrato de arrendamento de 50 anos. Em outubro de 2006. a companhia tinha plantado 3.200 hectares com seringueiras.
O jornal Vietnam Economic Times informou que Thongloun Sisolit descreveu o projeto da companhia como “um modelo para ajudar seu povo a encaminhar-se para a produção comercial”.
Porém, a Dac Lac Rubber Company substituiu as florestas e as terras dos moradores por plantações de seringueira. A companhia pagou uma compensação nos lugares em que acabou com plantações comerciais, mas não pagou nada nos lugares em que clareou campos de arroz de terras altas dos agricultores. Antes de a companhia ter estabelecido suas plantações de borracha, a maior parte da terra era uma mistura de arrozais, barbechos e floresta. A companhia simplesmente declarou o local como “ floresta degradada” e clareou a terra.
Em março de 2005, outra companhia vietnamita começou suas atividades na província de Champasak. A Viet Nam- Laos Rubber Joint Stock Company planeja plantar 10.000 hectares de seringueiras com um investimento total de US$ 30 milhões. A companhia paga uma quantia anual de US$ 9 por hectare ao governo do Laos. A companhia faz parte da Vietnã General Rubber Corporation.
Em dezembro de 2006, a Quang Minh Rubber Production Joint Stock Company assinou um contrato com o Comitê laosiano de Planejamento e Investimento por um projeto de US$ 15 milhões para estabelecer 4.900 hectares de plantações de seringueira nas províncias de Sekong e Attopeu.
No mês passado, o Movimento Mundial pelas Florestas Tropicais esteve no Laos e visitou uma das áreas de plantação da Viet Nam- Laos Rubber Joint Stock Company, próxima à vila de Mak Ngeo na província de Champasak. Um cartaz na plantação proibe o pastoreio. Um lado do caminho de terra tem sido plantado faz pouco tempo. O solo vermelho e as fileiras de seringueiras de um metro de altura se estendem Além da plantação, é possível ver o que restou da floresta que tem sido derrubada para deixar lugar às seringueiras. Do outro lado do caminho, as seringueiras são mais antigas e de mais de dois metros de altura. Quatro moradores laosianos estavam clareando a pastagem e os pequenos arbustos que rodeavam as árvores. Os moradores disseram que a companhia tinha se apropriado de suas terras. Trabalhando em conjunto podiam clarear cerca de 150 metros ao dia, às vezes mais, outras menos, dependendo do tipo de ervas daninhas. A companhia paga 50.000 kip (aproximadamente US$ 5.25) por cada trecho de 150 metros clareado; portanto, cada um recebe pouco mais de US$ 1 ao dia.
Uns 200 trabalhadores vietnamitas trabalham aqui. Quando estávamos no local, chegaram de motocicleta dois trabalhadores vietnamitas. Um deles falava laosiano e começou a dar instruções aos trabalhadores. Ele tinha vivido no Laos durante um ano aproximadamente.
Um pouco mais à frente do caminho, vimos um viveiro de seringueiras. As estacas das seringueiras são plantadas em compost em pequenas sacolas de plástico. Quando brotam folhas e raízes das estacas, podem ser plantadas no exterior. As estacas provêm do Vietnã.
Há poucos anos, uma companhia dendezeira da Malásia instalou uma plantação de ensaio nos arredores. Atualmente, a plantação está descuidada e cheia de ervas daninhas. Do lado da plantação de dendê, está a plantação de seringueira recém- clareada, cercada e com fosso para não deixar passar o gado.
Em maio de 2006, em uma oficina sobre “Desenvolvimento da Borracha no Laos” realizado em Vientiane, o vice- diretor do Centro de Pesquisas Florestais do Laos, Sounthone Ketphanh, explicou que a demanda do mercado por borracha na China tinha incentivado os investimentos de companhias chinesas e vietnamitas nas plantações de seringueira no Laos. Os investimentos chineses estão no norte do país e os vietnamitas, no sul.
Conforme uma reportagem no Vientiane Times, Sounthone descreveu os benefícios das plantações de seringueiras: “Ao contrário de outras plantações comerciais, a borracha oferece benefícios aos agricultores no longo prazo, durante um período de 30 a 40 anos. Os agricultores não apenas se beneficiam com a extração do látex mas também com a lavouras alternadas (intercropping) nos primeiros anos depois de plantar e com a venda de madeira quando a extração já não é possível.”
Os participantes do encontro notaram que o preço da borracha no mercado mundial tem ciclos de auge e queda, o que poderia significar um desastre para as companhias e agricultores que plantassem seringueiras em suas terras. Desde maio de 2006, o preço da borracha tem despencado, no entanto, os analistas prevêm uma recuperação.
Southone reconheceu outro problema. “Como lado negativo,” disse durante a oficina em Vientiane, “o rápido crescimento das plantações de seringueiras provoca perdas em grande escala dos recursos florestais e a destruição das bacias, fato que é particularmente importante no Laos onde a segurança alimentar do meio rural está relacionada diretamente com a saúde das florestas.”
Por Chris Lang, e-mail: chrislang@t-online.de, www.chrislang.blogspot.com