A ONG liberiana Save My Future Foundation (SAMFU) tem levado a cabo uma investigação sobre os 69 anos de operação da Firestone Rubber Plantation Company, e o resultado é o relatório “Firestone: The Mark of Slavery” (Firestone: A Marca da Escravidão) (vide o relatório completo em: http://www.samfu.org/firestone.html).
A plantação da Firestone, estabelecida em 1926, está entre as maiores plantações de seringueiras do mundo. A área que cobre atualmente –terra baixa costeira, entremeada com pântanos, riachos e córregos- era originalmente propriedade das tribos Mamba Bassa que moravam nela e que foram despejadas pela Firestone Plantations Company e o Governo da Libéria durante a assinatura do contrato de concessão sem benefícios para esses habitantes locais.
A Bridgestone se uniu à Firestone como sócia em suas operações. Desde o início dessa companhia, tem produzido bilhões de toneladas de borracha seca e látex, mas de acordo com o relatório não tem podido estabelecer qualquer fábrica para transformar qualquer um de seus produtos em produtos finais.
A investigação expõe as péssimas condições de trabalho e de vida da maior parte da mão-de-obra da companhia. A Firestone tem aproximadamente 14.000 trabalhadores. Aproximadamente 70% deles são peões (seringueiros) que são em sua maioria liberianos analfabetos e não especializados. A falta de emprego para trabalhadores não especializados na Libéria e a incapacidade do governo liberiano, no passado e no presente, de monitorizar as atividades da Companhia, têm levado ao abuso de trabalhadores e às deficientes condições de trabalho e de vida que devem suportar.
A maioria dos trabalhadores moram em unidades habitacionais com uma sala só, em acampamentos superpovoados que podem albergar até 50 famílias, mas com apenas dez banheiros e latrinas e sem acesso a água potável e eletricidade. Os trabalhadores se queixam pelo deficiente sistema de atenção da saúde, dizendo que não são devidamente atendidos, o que às vezes leva a incapacidades permanentes.
A maioria dos filhos dos trabalhadores da plantação não estão assistindo à escola pela falta de escolas na maioria dos acampamentos da Companhia, e pelo fato de que a maioria dos pais permitem que seus filhos os ajudem a completar suas tarefas diárias. As crianças que conseguem ter acesso à escola de primeiro grau em seus acampamentos estão apreendendo em más condições porque as escolas são de qualidade inferior com instalações deficientes.
Parece não haver padrões ambientais para as operações da companhia, como fica evidenciado pela falta de um sistema de manejo ou despejo dos resíduos sólidos. Grandes volumes de produtos químicos aplicados às seringueiras são vertidos a céu aberto. Os resíduos químicos da fábrica vão através de uma linha de despejo e eventualmente verte no rio Farmington, que é usado pelos membros de comunidades vizinhas para banhos, lavagem e outros afazeres domésticos.
O relatório acaba com uma série de recomendações, inclusive que a Firestone Plantation Company tome medidas imediatas para melhorar as condições de trabalho e de vida dos seringueiros; que tome medidas para proibir o uso de mão-de-obra de crianças na plantação; que limpe o resíduo sólido que se tem acumulado em sua plantação com o tempo, bem como os riachos poluídos e o rio Farmington.
A SAMFU também exige que o governo liberiano realize imediatamente uma avaliação do impacto ambiental nas concessões e dê instruções à companhia para que melhore as condições de trabalho e de vida de seus empregados; que a obrigue a cumprir com as normas e princípios internacionais de trabalho; e que lhe solicite que comece a fabricar produtos finais para consumo nacional e exportação.
Em seu relatório, a SAMFU também faz um chamamento às organizações internacionais de direitos humanos e aos consumidores de borracha da Firestone para que pressionem à Firestone para que tome medidas no intuito de solucionar os problemas indicados no relatório ou que deixem de comprar seu produto no mercado internacional até que sejam feitas reformas.
Artigo baseado em informação de: “Firestone: The Mark of Slavery”, Save My Future Foundation (SAMFU), E-mail: samfu1@yahoo.com, http://www.samfu.org/index.html