Os Mro (também conhecidos como Mru) são um dos povos indígenas que moram há muito tempo nas colinas de Chittagong. Eles dependem completamente da floresta, onde não apenas caçam mas realizam cultivos de variedades locais, agricultura coletiva e jardinagem.
A dimensão de sua dependência da floresta reflete seu conhecimento etnobotânico. De acordo com um estudo do Institute of Forestry and Environmental Sciences (Instituto de Ciências Florestais e Ambientais) da Universidade de Chittagong, “a conservação do conhecimento indígena da tribo Mro também pode conservar as florestas, e pode ser uma ferramenta de conservação” em Bangladesh.
No entanto, as políticas oficiais preferem levar a cabo projetos –supostamente para o desenvolvimento econômico bem como para a preservação do meio ambiente- que substituam as florestas e seus povos por jardins para turistas, os chamados “ecoparques”. Os povos indígenas sabem bem que eles vão levar a efeito seu despejo e desmatar milhares de acres de floresta derrubando árvores e nivelando colinas para construir caminhos serpeantes através das colinas para a passagem de veículos.
Há algum tempo, o ecoparque Madhabkunda-Muraichhari também tinha ocasionado o despejo de centenas de famílias Khasia e Garo que moravam nas colinas. Na época, o líder do Chittagong Hill Tracts Reserved Forestry Protection and Land Rights Committee (Comitê de Proteção Florestal Reservada e Direitos à Terra das Colinas de Chittagong), Rang Lai Mro, tinha alegado que: “Apenas em Bandarban, centenas de famílias que moram nas colinas têm sido desarraigadas de seus lares ancestrais depois de que 20.000 acres de terras foram adquiridas pelo departamento florestal em nome do Florestamento Social.”
Agora o governo está propondo outro ecoparque nas terras da comunidade Mro em Chimbuk Range no distrito montanhoso de Bandarban. Os Mro, cujo papel essencial como guardas da floresta tem sido reconhecido até por pesquisas acadêmicas, estão ameaçados de serem expulsos de seu lar.
Rang Lai Mro, presidente do Conselho Social Mro, disse que aproximadamente 700 famílias Mro seriam despejadas se o governo implementasse seu plano de construir um ecoparque em um terreno de 5.500 acres em “upazilas” (subdivisões administrativas rurais de um distrito) em Sadar, Roangchhari, Ruma e Lama.
Em decorrência disso, os povos indígenas locais têm declarado que resistirão qualquer mobilização para estabelecer um ecoparque através de seu deslocamento . A convocação para a resistência veio de uma reunião realizada em Empu Para, a 36 quilômetros da sede do distrito Bandarban. O Committee to Protect Land and Forest Preservation (Comitê para Proteger a Terra e a Preservação das Florestas) organizou a reunião de 500 chefes de família da comunidade Mro. O próximo passo será realizar uma reunião imediata com todos os caciques e Karbaries (líderes populares) nas áreas, para delinear um programa para resistir a mobilização .
Artigo baseado em informação de: “ Indigenous people to resist eco-park in Bangladesh”, PraxisNews, enviado por Zakir Kibria, E-mail: banglapraxis@yahoo.com ; “ Foundation of ‘controversial' Eco-park to be laid today”, Rajat Kanti Goswami, Moulvibazar, http://www.sdnbd.org/sdi/news/pages/eco-park/eco-park.htm ; “Bangladesh Hills Rumble With Discontent”, Sharier Khan, http://www.banglarights.net/marginalised/marzinalized-8.htm ; “Traditional forest utilization practice by the Mro tribe in Bandarban region, Bangladesh”, http://www.bnp2004.com/p/p219.pdf , “Planned Eco Park: Unrest brewing in Bandarban: Indigenous leaders held meetings, decide to resist”, Monirul Islam Monu, URL:http://www.thedailystar.net/2005/03/14/d50314070176.htm , distribuído por PraxisNews, Zakir Kibria, E-mail: banglapraxis@yahoo.com