Milhares de pessoas mundo afora estão se preparando para viajar neste mês a Porto Alegre, Brasil, para assistir ao Quinto Fórum Mundial Social (WSF: World Social Forum). Embora muitos possam ter agendas muito específicas, todos compartilham o desejo comum de trabalhar juntos com o intuito de construir outro mundo possível.
De fato outro mundo não é apenas possível: é urgentemente necessário. Os alicerces da vida na Terra estão sendo ameaçados pelo modelo de “desenvolvimento” baseado na exploração não sustentável da natureza. O clima está sendo destruido, a água está se agotando e está sendo poluida, a biodiversidade está sendo devastada enquanto parte dela está sendo sometida a manipulação genética, os solos estão sendo envenenados e erodidos.
Ao mesmo tempo, o modelo econômico prevalecente está explorando sem piedade as sociedades humanas – descritas como meros “recursos humanos” – enquanto aumenta a pobreza, o desemprego e se perdem medios de vida.
Está assim claro que a mudança é necessária, tanto para a sociedade quanto para o ambiente. A esse respeito é interessante notar que está crescendo entre muitos ativistas sociais e ambientais, que vão assistir ao WSF, a percepção de que é necessário juntar as lutas e as diversas temáticas, que até agora permaneceram isoladas, para assim dar força ao movimento para a mudança. Tudo isso implica fazer uma nova análise das áreas temáticas desde uma perspectiva diferente, primeiro tentando visualizar os temas “escondidos” e segundo agindo para estabelecer laços com organizações de importância que já estejam trabalhando neles.
Por exemplo, à primeira vista, as florestas podem parecer um assunto tipicamente ambiental, no entanto, as florestas são, também, um assunto de direitos humanos, principalmente nos lugares onde sua destruição – ou ainda sua conservação – implica o despejo de populações indígenas ou de comunidades locais que dependem das florestas para sobreviver. As florestas são muitas vezes um assunto relacionado com as mulheres ou jovens ou trabalhadores florestais, sempre que sua exploração produza impactos diferenciais sobre esses grupos sociais.
Também podem identificar-se claros laços entre assuntos e atores, aparentemente, mais afastados. Por exemplo, tratados comerciais internacionais podem causar posterior destruição de florestas através da diminuição nas regulamentações; instituições financeiras internacionais podem fornecer verbas para a extração de madeira, construção de represas, mineração, explotação de petróleo , ou criação de camarões, ações que usualmente têm como resultado desastres ambientais e sociais em áreas florestais. Outra instituição financeira – O Fundo Monetário Internacional – pode impor programas de ajuste estrutural que podem ter como resultado uma posterior destruição florestal.
As questões acima citadas são apenas alguns exemplos de uma lista bem maior de assuntos e atores relacionados com as florestas e fica bem claro para nós que é necessário estabelecer tantos laços quanto seja possível com pessoas que já estão trabalhando neles. Juntar as diversas temáticas e as lutas é um passo na direção certa e o Fórum Mundial Social, com certeza, será uma boa oportunidade para ir além nessa trilha.