Revisão da certificação de plantações do FSC: um bom começo

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O Forest Stewardship Council – FSC (Conselho de Manejo Florestal) foi fundado em 1993, com o fim de promover "o manejo das florestas mundiais de maneira ambientalmente apropriada, socialmente justa e economicamente viável. Os padrões de manejo florestal do FSC estão baseados em 10 Princípios e Critérios para o manejo florestal responsável."

Infelizmente, o FSC decidiu incluir às plantações dentro de seus objetivos, o que tem resultado em desaprovação geral, especialmente no Sul, onde muitas comunidades locais e ONGs se opõem à expansão das plantações de árvores em grande escala.

Admitindo o problema, os membros do FSC concordaram na necessidade de avaliar a experiência da organização com a certificação de plantações e iniciaram a “Revisão das Plantações” (vide http://www.fsc.org/plantations/index.htm ).

Como parte dessa revisão, em 9 de setembro, o FSC convocou uma reunião em Bonn e convidou o WRM –entre outras organizações- para fazer uma apresentação. Nessa reunião, nós começamos expressando nossa satisfação a respeito de duas questões:

1) que a revisão das plantações estava em marcha, porque isso implicava aceitar que há problemas que devem ser tratados. Isso é em si mesmo um grande avanço na direção correta.

2) que essa reunião -e o processo de revisão em geral- estava aberto a organizações como o WRM e outras que têm um ponto de vista crítico a respeito das plantações.

Continuamos esclarecendo que o WRM e outras organizações fazem campanhas que não são contra as plantações em geral. Nós não somos contrários às plantações de árvores nem sequer às espécies como o eucalipto ou o pinheiro. Nossa oposição está focalizada em um tipo específico de plantação, definida como monocultura de árvores em grande escala com fins industriais que não aponta à restauração da floresta.

Também explicamos que enquanto estávamos fazendo campanhas contra esse tipo de plantações, enfrentamos um problema inesperado: que o FSC está certificando as mesmas plantações contra as que lutam os povos locais e as ONGs locais por causa de seus impactos sociais e ambientais negativos. Isso debilita as lutas locais bem como a credibilidade do FSC.

Depois de fornecer exemplos de alguns problemas causados pelas plantações e por sua certificação, concluímos com várias recomendações para o processo.

A recomendação principal se refere a que o FSC deveria suspender a realização de novas certificações de plantações de árvores em grande escala com fins industriais até que a revisão acabe. Se o FSC reconhecer que existem importantes problemas a respeito da certificação de plantações, pareceria que uma moratória temporária nas novas certificações seria a providência mais sensata.

Para a própria revisão propusemos várias recomendações específicas, organizadas em três amplos tópicos:

1) Realizar uma avaliação geral da certificação das plantações.

2) Realizar uma pesquisa em profundidade a respeito dos impactos sociais e ambientais das plantações de árvores em grande escala.

3) Realizar estudos independentes sobre as plantações certificadas que estão sendo objetadas pelas ONGs locais e as comunidades locais.

Acreditamos que a reunião de Bonn tem sido um bom começo para a necessária revisão da certificação das plantações. Como foi dito durante a reunião, o WRM está aberto e disposto a colaborar na implementação das recomendações supra, em especial acompanhando os membros do FSC para visitar as comunidades locais afetadas pelas plantações e fornecendo-lhes toda informação pertinente a respeito dos impactos documentados das plantações de árvores em grande escala.

Sinceramente esperamos que as constatações da revisão resultem em mudanças radicais nas políticas e práticas atuais do FSC e que as monoculturas de árvores em grande escala já não recebam mais a certificação do FSC:

NB. A apresentação completa do WRM -em inglês- está disponível em http://www.wrm.org.uy/actors/FSC/concerns.html