Long Lunyim, comunidade Penan de Sungai Pelutan, Baram, localizada no departamento de Miri, estado de Sarawak, Malásia, antigamente fazia parte de um outro povoado chamado Long Tepen. Anos atrás, os moradores de Long Lunyim resolveram abandonar o povoado de Long Tepen, para se estabelecer bem perto, numa “longhouse” (unidade habitacional e organizacional) diferente, devido a desentendimentos com o chefe de Long Tepen, por seu posicionamento a respeito da invasão de terras tradicionais da comunidade para atividades madeireiras.
A madeireira Lajong Lumber, subsidiária da Rimbunan Hijau, retribuiu com dinheiro em espécie a atitude do chefe de Long Tepen, além de oferecer a seus filhos emprego na empresa, em troca das terras do povo. As operações da empresa começaram a se aproximar cada vez mais de Long Lunyim, até finalmente invadir propriedades individuais e florestas comunais. Quando os moradores de Long Lunyim foram à empresa para se queixar e exigir da Lajong Lumber a paralisação das atividades, a mesma respondeu simplesmente que já tinha pago ao chefe do povoado a licença para entrar nessas terras.
Entre os anos 2000 e 2003, a comunidade de Long Lunyim enviou várias cartas a diversas autoridades locais e à própria empresa, explicando, entre outras coisas, que não faziam mais parte do povoado de Long Tepen e que não ficavam sob a autoridade desse chefe e seu comitê, e que, porquanto o seu povoado era bem mais numeroso que o outro, a empresa não tinha o direito de comprar seu consentimento, pagando ao povoado de Long Tepen.
Em agosto de 2003, os moradores de Long Lunyim construíram uma barricada, retirada seis dias depois, quando conseguiram que os manifestantes fossem recebidos pelo gerente geral da empresa, em Miri, oportunidade em que este se mostrou aberto a todas suas reivindicações.
No entanto, no dia 4 de setembro, a Polícia apareceu em Long Lunyim, procurando um dos moradores, Semali Sait. Sait foi preso e a arma de seu pai – aliás, com porte legal – confiscada. Algemado o tempo todo, ele foi conduzido à delegacia de Polícia de Marudi, uma viagem por terra e pelo rio que deve ter levado de seis a sete horas.
Os moradores ficaram traumatizados com esse acontecimento, particularmente negativo, pois a época do plantio estava prestes a começar. No dia seguinte, Sait Kiling, pai do morador preso, foi à delegacia de Polícia mais próxima, para exigir uma explicação. Ele também foi preso, algemado e transferido para a prisão de Marudi. Tanto o pai quanto o filho ficaram oito dias presos, sendo que depois foram injustamente acusados de suposta intimidação criminosa, invocando o artigo 506 do Código Penal. Os dois foram libertados sob fiança.
A prisão e posterior acusação tiveram por base uma denúncia feita na Polícia pelo encarregado do acampamento da Lajong Lumber e um trabalhador, os quais afirmaram ter sido ameaçados e intimidados por cinco moradores de Long Lunyim, entre eles, Semali e seu pai. Não obstante, os dois acusados negaram veementemente tais acusações, tendo provas que sustentam suas declarações.
Por sua vez, a empresa agiu impiedosamente. Enquanto os moradores estavam na prisão, ou terrivelmente aflitos, em Marudi, por causa da situação dos dois moradores presos e dos outros três – que, apesar de não terem sido presos, foram denunciados –, ou ainda amedrontados em seus lares, a empresa aproveitou para introduzir 10 tratores, 2 unidades para a construção de estradas e 8 unidades para a derrubada na área de reserva florestal do povoado, para tirar às presas toda a madeira possível. É assim que eles fazem o negócio.
Se você quiser expressar o seu apoio à luta em Penan, visite o sítio Web: http://www.wrm.org.uy/alerts/october03.html#2
Artigo baseado em informação de: Sahabat Alam Malaysia/FoE Malaysia, correio eletrônico: sammarudi@yahoo.com , enviado por Damien Ase, correio eletrônico: dase@celcor.org.pg