Uganda: Banco Mundial tenta manter vivo o projeto hidrelétrico de Bujagali

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Em agosto de 2003, a empresa de geração de energia elétrica AES Corp, sediada nos Estados Unidos, retirou-se do projeto de usina hidrelétrica em Uganda, patrocinado pelo Banco Mundial, por motivos econômicos. A decisão – que implicou o cancelamento pela companhia dos US$ 75 milhões investidos no projeto – levantou sérias dúvidas quanto ao futuro da polêmica represa.

Esse projeto de US$ 580 milhões, a ser realizado em Bujagali, no rio Nilo, está sendo fortemente resistido por diversas organizações e pessoas, pois o mesmo inundaria todo o trecho do Nilo até a base da hidrelétrica de Owens Falls, destruindo o espaço vital de milhares de pessoas – uma paisagem espetacular que, além disso, possui especial significado espiritual para a população local. Aqueles que se opõem à hidrelétrica chamam a atenção para os graves impactos econômicos, sociais e de saúde na população, os quais não foram devidamente levados em conta quando do planejamento do projeto (consulte o boletim 42 do WRM).

Recentemente, o enviado dos Estados Unidos a Uganda, Jimmy Kolker, tentou reafirmar que o governo de seu país considerava o projeto hidrelétrico de Bujagali um empreendimento viável, e que a retirada da AES “não [tinha] nada a ver com problemas ambientais”.

O Banco Mundial também interveio para ajudar no financiamento do projeto hidrelétrico, embora tenha deixado o processo de molho, até ser resolvido o inquérito por corrupção que está sendo levado a efeito perante tribunais estadunidenses. Em meados de outubro, a Corporação Financeira Internacional, braço prestamista do Banco para o setor privado, declarou que o governo ugandense e a AES estavam formando um grupo de trabalho, para garantir uma transição sem problemas no desenvolvimento do projeto de US$ 520 milhões. O governo de Uganda receia que “entrem em pânico”, devido à retirada da AES.

Os proponentes do “oneroso elefante branco”, como é chamado por muitos o projeto de usina hidrelétrica, argumentam que o empreendimento visa a prover Uganda de energia elétrica mais barata.

Os que são contra o projeto estão exigindo há muito tempo do governo que procure fontes de energia alternativas e que promova um uso adequado dos bens e serviços ambientais fornecidos pelo rio. Como afirma a campanha “Save Bujagali” (Salvemos Bujagali): “Em Uganda, o problema real não é a energia elétrica, mas a pobreza”.

Artigo baseado em informação de: “World Bank Steps in to Save Hydropower Project”, de Ronald Muwanga, Business Day, 15 de outubro de 2003, http://allafrica.com/stories/200310150307.html , enviado por Pambazuka News 128, correio eletrônico: pambazuka-news@pambazuka.org ; “AES pulls out of $580 million Uganda dam project”, Reuters, 13 de agosto de 2003, editado por Probe International, http://www.probeinternational.org/pi/wb/index.cfm?DSP=content&ContentID=8315 , National Association of Professional Environmentalists (NAPE), correio eletrônico: napesbc@afsat.com