Bem-vindos à região do Mekong!
Nro 137 - Dezembro 2008
Plantações de Árvores Região do Mekong
PLANTAÇÕES DE ÁRVORES NA REGIÃO DO MEKONG
As plantações de monoculturas de eucaliptos, dendezeiros, seringueiras e jatrofa estão se espalhando nas terras e florestas das comunidades locais dos países da região do Mekong. Promovidas sob a aparência do desenvolvimento, a mitigação da pobreza e inclusive a atenuação da mudança climática, tais plantações provocam diversos impactos sociais e ambientais. A despeito do difícil contexto político em que as plantações são estabelecidas, as populações locais vêm resistindo através de todos os meios de que dispõem, desde as amplas alianças contra as plantações (na Tailândia) até os grupos que começam a se manifestar contra as plantações no Camboja e Laos. O objetivo deste boletim é providenciar um panorama geral da realidade in situ das plantações em seis países da região- Birmânia, Camboja, China, Laos, Tailândia e Vietnã- de forma a gerar conscientização sobre a problemática e, o mais importante, a ajudar para que possam ser ouvidas as vozes das comunidades locais. Ao mesmo tempo, esperamos que as informações contidas neste boletim sirvam como uma ferramenta útil para fortalecer a resistência contra esse tipo de plantações, tanto dentro quanto fora da região do Mekong.
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Boletim WRM
137
Dezembro 2008
NOSSO PONTO DE VISTA
PLANTAÇÕES NA REGIÃO DO MEKONG: PANORAMA GERAL
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15 Dezembro 2008O entrelaçamento das seis economias na Bacia do Mekong desde a década de 90 tem sido promovida sob o programa de cooperação econômica da Sub-região do Grande Mekong, que objetivava aumentar o fluxo do investimento transfronteiriço de países com poder econômico considerável, como por exemplo China, Tailândia e Vietnã, para países vizinhos, como por exemplo, Laos RDP e Camboja, que têm um enfoque ‘de portas abertas’ que convoca companhias estrangeiras para que venham investir. A terra extensiva e a mão de obra barata têm sido utilizadas como incentivo para atrair investidores para desenvolver plantações de árvores comerciais na forma de centenas de concessões de terras em grande escala no período dos últimos 4-5 anos.
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15 Dezembro 2008Justamente hoje de manhã, fora da conferência sobre mudança climática em Poznan, Amigos da Terra realizou uma passeata contra o financiamento pelo Banco Mundial das centrais termoelétricas a carvão. Figuras do Banco Mundial com sancos, usando ternos pretos, lutavam contra ursos-polares, atirando-lhes pedaços de carvão. “Esse é um exemplo típico de como as ONG não conseguem entender a mudança climática” disse alguém atrás de mim. Aconteceu que ele trabalhava com o Banco Asiático de Desenvolvimento, na unidade de mudança climática do Banco. Ele me disse que a mudança climática será decidida na Índia e na China, onde precisamos desenvolver “formas limpas de queimar combustíveis fósseis”.
PLANTAÇÕES NA REGIÃO DO MEKONG: POR PAÍS
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15 Dezembro 2008Desde 2002, quando todas as concessões de manejo de florestas foram suspendidas, o governo cambojano tem passado a outorgar Concessões Econômicas de Terras para companhias privadas, principalmente para o desenvolvimento de cultivos agroindustriais como arroz, mandioca, seringueiras, acácias e agrocombustíveis. Essas plantações estão destinadas não apenas a gerar receitas para o estado e a desenvolver atividades agrícolas intensivas, mas também a reduzir a pobreza, promovendo as oportunidades de emprego locais. No entanto, desde o começo, essas plantações em grande escala não têm cumprido adequadamente esses objetivos e em decorrência disso, o Governo tem estado pressionado para regular e monitorizar melhor suas operações.
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15 Dezembro 2008O crescente mercado de pasta e papel da China está sendo o mais rápido do mundo. Apesar de que o consumo per capita é menor que dez por cento do volume consumido nos EUA, a China responde por 14 por cento do consumo global de papel. A Jaakko Pöyry tem estimado que o consumo de papel na China aumentaria 4,4 por cento ao ano entre 2000 e 2015. Grande parte desse “consumo” é utilizado em embalagens para mercadorias de importação, o que significa que o consumo de papel real per capita na China é realmente bem menor.
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15 Dezembro 2008Os investimentos de empresas estrangeiras nas plantações comerciais na República Democrática Popular do Laos aumentaram bruscamente no período de 2004 a 2006. As plantações em grande escala são promovidas através de concessões de terras estatais. Atualmente, uma área de 167.000 ha tem sido transferida a empresas estrangeiras sob concessões de terra em larga escala nas regiões central e sul do Laos. Dessa área, 48% ou 80.000 ha estão destinados à borracha, e 28% dos 46.600 ha são alocados para a plantação de eucaliptos. Contudo, a área total das plantações de borracha em todo o país subiu para 182.900 ha. (Ministério da Indústria e o Comércio e Autoridade do Manejo Territorial da província de Champasak)
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15 Dezembro 2008A borracha faz parte da vida dos povos do Sul, relacionada tanto com a cultura quanto com a economia dos passados 108 anos. O sistema de produção de monoculturas tem substituído um sistema tradicional de florestas de seringueiras, onde as seringueiras costumavam ser cultivadas em hortos frutíferos e florestas naturais conhecidas como suan somrom ou “quintal integrado”. As plantações de seringueiras têm sido promovidas através do Fundo de Assistência para Plantações de Seringueiras do governo. A promoção da expansão da área de seringueiras pelo Escritório do Fundo de Assistência para
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15 Dezembro 2008Nos últimos dez anos, o Vietnã tem enfrentado déficit de papel. Este ano não é uma exceção. Em maio de 2008, a imprensa do Vietnã informou que as editoras e as gráficas vinham enfrentando dificuldades para comprarem fornecimentos. A escassez ocorreu mesmo quando as duas maiores fábricas de papel e celulose, a Bai Bang e a Tan Mai, vinham operando com capacidade máxima e as importações de papel tinham aumentado bruscamente durante os primeiros meses do ano.
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15 Dezembro 2008Pergunte para qualquer cambojano o que ele/ela considera a base da sociedade e da vida no Camboja e provavelmente a resposta será “a terra”. A terra constitui o meio de subsistência, mas da mesma forma, a terra é valorizada como emblema de enraizamento e é amplamente considerada como a própria base da organização social no país. A afeição de uma família por sua porção de terra tem particular importância em uma sociedade que durante os passados cem anos tem enfrentado sucessivos períodos de conflito civil, guerra, deslocamento massivo, coletivização forçada e genocídio, e finalmente em uma economia de mercado desregulada e capitalista.
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15 Dezembro 2008Em dezembro de 2005, o general birmanês Than Shwe ordenou o início de uma campanha em todo o país visando a plantação de Jatropha curcas para a produção de biodiesel. O país deveria plantar 8 milhões de acres [3,2 milhões de hectares]- uma área do tamanho da Bélgica-, no período de três anos. Cada estado e divisão birmanesa, sem importar o tamanho, devia plantar 500.000 acres no mínimo. Na divisão de Rangoon, 20% das terras disponíveis seriam cobertas pela jatrofa.