Há milhares de anos que, em especial as mulheres, mas também os homens de diferentes povos em várias partes do mundo têm garantido a soberania alimentar, baseando-se na biodiversidade das regiões onde vivem. Com sabedoria, souberam distinguir e utilizar sementes, raízes, frutas, folhas, árvores, arbustos, plantas medicinais, animais, peixes e muito mais.
Mas o nosso mundo chamado de moderno conseguiu reduzir de forma drástica a riqueza da biodiversidade, introduzindo monoculturas em larga escala para a produção de alimentos e produtos como madeira.
Enquanto os defensores do modelo monocultural argumentam que o mesmo tem produzido mais grãos e mais comida, constata-se que o mesmo tem reduzido a soberania alimentar.
Nro 171 - Outubro 2011
NOSSO PONTO DE VISTA
SOBERANIA ALIMENTAR E BIODIVERSIDADE
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30 Outubro 2011A soberania alimentar, que põe seu foco na autonomia local, os mercados locais e a ação comunitária e incorpora aspectos como a reforma agrária, o controle territorial, a biodiversidade, a cooperação, a saúde e muitos outros assuntos vinculados à produção de alimentos, transforma- se em um processo de resistência popular. E, como já dissemos no Boletim 115, a conceituação da soberania alimentar não apenas está imersa nos movimentos sociais que impulsionam essas lutas, mas também permite que eles se aglutinem em torno de um acordo comum de objetivos e ações.
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30 Outubro 2011As monoculturas em larga escala para a produção de alimentos foram sendo introduzidas, acompanhadas pelos ´pacotes tecnológicos´ da ´revolução verde´ que, ao longo dos anos, têm envenenado e empobrecido a biodiversidade. Isso tem afetado em especial as mulheres, por elas, em muitas comunidades ao redor do mundo, serem as principais responsáveis para cuidar da saúde, do abastecimento de água e da produção de alimentos, atividades muito atreladas à conservação da biodiversidade.
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30 Outubro 2011Na África há uma história que tem perdurado ao longo dos anos sobre uma mulher do Mali de nome Nyéléni, que desafiou o poder patriarcal desde a agricultura, considerada uma tarefa de homens. Além de superar os homens em numerosas competências agrícolas, Nyéléni venceu também a aridez do território e conseguiu domesticar lavouras de grãos como o fonio e o samio, que permitiram alimentar toda a população malinesa.
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30 Outubro 2011
Tecnologia Terminator em cultivos agrícolas e árvores transgênicos: uma ameaça a soberania alimentar
“Eu venho de uma família que tem a semente como uma coisa sagrada. No tempo do meu pai, os vizinhos dormiam tranqüilo pois sabiam que meu pai tinha semente garantida para o plantio”. (Agricultor familiar - Paraíba) As sementes são o maior patrimônio dos agricultores. São a base para a produção agrícola, portanto para a alimentação de qualquer nação. Durante dez mil anos, comunidades de agricultores, indígenas e povos tradicionais melhoraram e multiplicaram suas sementes livremente, fazendo da troca de sementes um momento de união e partilha entre povos e nações.
AMEAÇAS À SOBERANIA
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30 Outubro 2011O Uruguai é um país com base produtiva agropecuária ocupando a produção leiteira um lugar importante. A produção leiteira foi desenvolvida principalmente em três departamentos, sendo que dois deles- San José e Colonia- apresentam uma matriz diversa de explorações familiares e uma sociedade local organizada que atingiu bons níveis de renda e de vida conformando-se em uma das regiões mais produtivas e bem-sucedidas do meio rural uruguaio. Mas essa situação está ameaçada pela expansão da indústria florestal- celulósica, uma produção que se transforma em excludente pelo açambarcamento de terras que acarreta.
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30 Outubro 2011Recentemente, a Oxfam da Grã Bretanha lançou um relatório sobre as atividades da empresa inglesa New Forests Company (NFC), que possui 27 mil hectares de plantações de árvores em Uganda, Tanzânia, Ruanda e Moçambique, além de ter contratos com os governos desses países envolvendo cerca de 90.000 mil hectares. A empresa afirma que a madeira que será produzida pode suprir as demandas da população, evitando o desmatamento de florestas nativas. Em Uganda, plantou, desde 2006, cerca de 9.300 hectares de pinus e eucalipto, em terras dadas em concessão pelo governo.
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30 Outubro 2011Os Dayak habitaram a floresta em Kalimantan durante um longo período antes de o atual Estado da Indonésia ser estabelecido. Sua adat (tradição) garantiu a integridade do meio ambiente e da floresta até a exploração comercial imposta começar a devastar, prejudicar e invadir suas terras tradicionais. Desde então, eles denunciam que décadas de destrutivos projetos impostos direta ou indiretamente pelo Governo vêm desempodeirando e empobrecendo progressivamente os Dayak por meio da emissão, descontrolada e frequentemente ilegal, de licenças e/ ou concessões através da corrupção.
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30 Outubro 2011Há mais de 20 anos que na Colômbia avançam as monoculturas florestais em benefício de empresas transnacionais, que contaram e continuam contando com políticas oficiais que as favorecem. Para analisar esta expansão que açambarca territórios, viola direitos e desloca comunidades, a organização CENSAT Amigos da Terra Colômbia realizou em Bogotá, o fórum “Plantações florestais na Colômbia. Um olhar crítico”, no contexto das ações pelo Dia Internacional contra as Monoculturas de Árvores, 21 de setembro.
NOTÍCIAS BREVES
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30 Outubro 2011Desde o ano 1997 publicamos mensalmente o boletim eletrônico do WRM. Atualmente, o boletim é enviado em quatro línguas a mais de 15.000 assinantes. Neste mês iniciamos uma enquete para fazer uma avaliação, com o objetivo de aprimorá-lo e conseguir que cumpra da melhor forma sua missão de ser uma plataforma de informação de dupla via e uma ferramenta para as lutas das comunidades. Convidamos vocês para que participem e respondam à breve enquete para que o boletim cumpra sua missão da melhor forma. Quem quiser participar da enquete pode acessá-la em:https://www.surveymonkey.com/s/BoletimWRM
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30 Outubro 2011No passado 21 de setembro, em ocasião do Dia Internacional de Luta Contra as Monoculturas de Árvores, organizações socioambientais da África, América Latina, Ásia e Europa reuniram-se em Montevidéu, Uruguai, para intercambiar conhecimentos e experiências de resistência aos impactos das plantações de árvores. Como resultado da reunião, foi divulgada uma Declaração que pode ser acessada em:http://www.wrm.org.uy/plantaciones/21_set/2011/Declaracion.html
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30 Outubro 2011Lembramos a vocês que estamos no facebook emhttps://www.facebook.com/WorldRainforestMovement Entre outras coisas, podem acessar as fotos da última reunião internacional do WRM bem como da saída de campo e todas as novidades que irão alimentando o site.
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30 Outubro 2011Centenas de homens e mulheres indígenas, pescadores e ribeirinhos, ocuparam no dia 27 de outubro o canteiro de construção de uma das maiores hidreléctricas do mundo, Belo Monte, no Pará, Brasil, obra que terá impactos devastadores sobre a vida das populações locais. Era um protesto contra a intransigência do governo em dialogar, bem como contra a postura do governo brasileiro que se negou a comparecer numa audiência convocado em Washington pela Comissão Interamericana de Direitos Humanos da OEA que quer explicação porque as comunidades afetadas não foram propriamente ouvidas. Por último, os manifestantes denunciam a morosidade da justiça em se pronunciar sobre as diversas ações na justiça que pedem a paralização da obra, devido a inúmeras irregularidades devidamente comprovadas.