Recentemente, soube-se que o consórcio Montes del Plata, formado pela empresa papeleira sueco-finlandesa Stora Enso e a chilena Arauco, vendeu 45.000 hectares ao administrador de fundos de investimento estadunidense GMO, em sua maioria com plantações de árvores, situados nos departamentos de Tacuarembó e Rivera (1).
Nro 191 – Junho 2013
Financiando a expansão das plantações de monoculturas de árvores
Boletim WRM
191
Junho 2013
O FOCO DESTE BOLETIM: FINANCIANDO A EXPANSÃO DAS PLANTAÇÕES DE MONOCULTURAS DE ÁRVORES
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30 Junho 2013Dentro da lógica capitalista de crescimento econômico permanente como parâmetro necessário para o chamado desenvolvimento, a tendência tem sido de incrementar a produção, aumentar o consumo, inventar produtos novos para que os mercados cresçam e, assim, expandir o comércio. As grandes massas de dinheiro geradas com esses movimentos também possibilitaram sua reprodução, em uma espiral ascendente de exploração dos ecossistemas e das pessoas, com um corolário de concentração e apropriação por parte de minorias privilegiadas e de exclusão e despojo de grandes maiorias populares. Montando o cenário
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30 Junho 2013O surgimento de “Dragões do Papel”. (Disponível em indonésio).
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30 Junho 2013A cifra oficial da área de plantações industriais de monocultivos de árvores em Moçambique é de 62 mil hectares em 2010, conforme a FAO, a organização da ONU para agricultura e alimentação. No entanto, Moçambique está na mira de financiadores que querem multiplicar esta área várias vezes. Vindos da Europa, Estados Unidos, Brasil e África do Sul, eles pretendem financiar uma ampliação para cerca de 1,4 milhão de hectares, sobretudo com eucaliptos e pinus, mas também com dendê, conforme um estudo sobre a concentração de terras (land grabbing) no país, realizado pela organização camponesa UNAC e a Justiça Ambiental/Amigos da Terra Moçambique em 2011. (1)
RECOMENDADOS
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30 Junho 2013“Sanguessugas do Brasil”, do jornalista Lucio Vaz. Publicado pela Geração editorial, o livro é resultado de uma investigação jornalística e reflete, de maneira vívida, várias denúncias de corrupção e desenfreada exploração da natureza por empresas brasileiras e multinacionais. Entre os casos, são descritas as tragédias provocadas pelos monocultivos de eucaliptos.
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30 Junho 2013“Expansão do dendê na Amazônia brasileira: elementos para uma análise dos impactos sobre a agricultura familiar no nordeste do Pará”, da ONG Repórter Brasil, analisa os resultados da agricultura familiar integrada a grandes empresas produtoras de óleo de dendê, bem como os impactos ambientais, sociais e sobre a saúde da produção industrial de dendezeiros em regime de monocultivo. O download do estudo (em português) pode ser feito em www.reporterbrasil.org.br/documentos/Dende2013.pdf
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30 Junho 2013“Carbon discredited: why the EU should steer clear of forest carbon offsets”, publicado por FERN e Amigos da Terra-França, explica por que os projetos de carbono florestal não proporcionam ganhos climáticos, ambientais ou financeiros. As organizações demandam que a União Europeia, a Califórnia e qualquer outro mercado de carbono se afastem dos créditos de compensação florestal internacional. O documento está disponível em http://www.fern.org/pt-br/nhambita.
NOSSO PONTO DE VISTA
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30 Junho 2013
O financiamento para plantações industriais de árvores no Sul global em tempos de crise: qual crise?
As notícias da Europa e dos Estados Unidos descrevem um cenário de crise econômico-financeira grave, de pouco ou zero crescimento da economia, falta de investimentos e altas taxas de desemprego. Mas, desde que essa crise surgiu, uns cinco anos atrás, também vemos um processo intenso de investimentos em terras e plantações de monoculturas de árvores e outros cultivos na América Latina, na África e na Ásia. Esse processo acontece cada vez mais através de diversos fundos de investimentos, na sua maioria vindos de países industrializados do Norte em crise, por exemplo, de fundos de pensão e fundos que especificamente fazem investimentos chamados “florestais”. Qual seria, então, a crise de que estamos falando?
UMA FERRAMENTA PARA AS COMUNIDADES
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30 Junho 2013Tratando das afirmações feitas pela indústria do dendê para “vender” suas plantações industriais, o Movimento Mundial pelas Florestas Tropicais (WRM) produziu uma nova cartilha que está disponível emhttp://wrm.org.uy/publicaciones/12_respostas_para_12_mentiras_sobre_dende.pdf
POVOS EM AÇÃO
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30 Junho 2013Após a Conferência Internacional de Tóquio sobre o Desenvolvimento Africano, os membros da União Nacional dos Camponeses, conhecida como UNAC, em Moçambique, e representantes de organizações não governamentais internacionais apelaram aos governos de Japão, Brasil e Moçambique para que interrompam o programa ProSavana. Patrocinado pelo Japão e pelo Brasil, o programa vai facilitar o investimento estrangeiro na agricultura em grande escala em uma vasta área de savana ao norte de Moçambique, abrangendo mais de 10 milhões de hectares em três províncias. A UNAC adverte que o projeto vai prejudicar o sistema local de produção baseado na agricultura familiar e resultará em concentração de terras.
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30 Junho 2013Estes são momentos fundamentais de votação sobre biocombustíveis nas diversas comissões do Parlamento Europeu, com discussões em curso no Conselho. Mais de 100 organizações (incluindo uma série de coalizões que representam muitos outros grupos) assinaram uma Carta Aberta a quem toma decisões sobre política de biocombustíveis da UE – e de todos os continentes.
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30 Junho 2013Depois do anúncio do presidente do Equador, de que vai realizar uma avaliação para a coleta de verbas do projeto Yasuní – ITT, com um interesse claro na exploração de petróleo, a iniciativa Guardiões do Yasuní convocou uma vigília em defesa da floresta. E declarou: “O Sumak Kawsay (bem viver) é possível sem o petróleo, como demonstrou a grande diversidade de vida no Yasuní, junto com os povos milenares que souberam coexistir com ela. Não há preço que pague a destruição dessa parte do paraíso equatoriano. O país e o mundo já decidiram: queremos o petróleo que está no subsolo do Yasuní”.
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30 Maio 2013No dia 6 de junho, a Comissão Regional dos Atingidos pelo Deserto Verde organizou na cidade de Imbaú no estado de Paraná, o 1º. Seminário sobre a Violação de Direitos Humanos e as plantações industriais de eucaliptos na região de Telêmaco Borba. Na presença de um público diverso de 200 pessoas, na sua maioria composto de camponeses, foi apresentado o resultado de uma pesquisa participativa sobre os graves impactos da monocultura de eucalipto no município de Imbaú: seca e envenena as águas, provoca êxodo rural, destrói as matas, e causa o confinamento das famílias, sendo apenas alguns dos impactos que foram citados e mostrados ao público através de um Mapa social dos impactos dos monocultivos de árvores.