Os conhecimentos e as práticas ancestrais de uso, manejo e cuidado do fogo controlado nas florestas estão sendo identificados, pelas políticas relacionadas às mudanças climáticas, como a causa do desmatamento e dos incêndios florestais.
Boletim 238 - Junho / Julho 2018
Fogo bom, fogo mau, quem decide? Uma reflexão sobre o fogo e as florestas.
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Este Boletim tem artigos escritos por as seguintes organizações: The Corner House (UK), The Institute for Ecosoc Rights (Indonésia), MapuExpress (Chile), Acción Ecológica (Equador), líder indígena da Amazônia peruana e por membros da secretaria do WRM.
Boletim WRM
238
Junho / Julho 2018
NOSSO PONTO DE VISTA
FOGO BOM, FOGO MAU, QUEM DECIDE? UMA REFLEXÃO SOBRE O FOGO E AS FLORESTAS
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9 Julho 2018Hoje, predomina uma concepção capitalista de fogo, mas concepções vernaculares continuam evoluindo e lutando contra ela.
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9 Julho 2018A proibição da agricultura tradicional indígena dos Delang, com o uso de fogo e tempos de descanso, ameaça a soberania alimentar e o tecido cultural desse povo. A grande maioria dos incêndios florestais na Indonésia teve início na expansão das áreas de plantações de dendê. (Disponível em indonésio).
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9 Julho 2018As empresas de plantação de árvores têm poder e impunidade enormes no Chile. Os incêndios de 2017 demonstraram o conluio dessas empresas com funcionários públicos para evitar investigações e criminalizar o povo indígena Mapuche.
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9 Julho 2018Os incêndios na Amazônia estão acontecendo com mais frequência e intensidade. Mas quem realmente está queimando as florestas?
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9 Julho 2018Desde que a vegetação nativa no entorno de Quito foi destruída para dar lugar a plantações de eucalipto e pínus, os incêndios que a cidade enfrenta a cada ano vêm se intensificando.
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9 Julho 2018Em 1989 houve uma guerra no vale do Lila, Portugal. Centenas de pessoas juntaram-se para destruir 200 hectares de plantações de eucalipto, com medo que as árvores lhes roubassem a água e trouxessem o fogo.
ALERTAS DE AÇÃO
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9 Julho 2018Em 2016, um canal de televisão na França (Canal 2) transmitiu uma reportagem que contava a história de Vincent Bo lloré, empresário à frente da empresa de plantação de dendezeiros Bolloré, subsidiária da multinacional Socfin. A reportagem mostrou os abusos sociais e ambientais cometidos em Camarões pela Socapalm, outra subsidiária da Socfin. Vincent Bolloré tem 38,7% das ações da Socfin. O empresário decidiu processar o jornalista por difamação, em uma clara estratégia de intimidação. No início de junho de 2018, o tribunal criminal de Nanterre, na França, decidiu que não havia difamação na reportagem e ainda parabenizou a audácia e o trabalho independente do jornalista.
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9 Julho 2018Um relatório do Instituto Oakland documenta detalhadamente os diversos abusos aos direitos dos maasais nas regiões de Ngorongoro e Loliondo, na Tanzânia. Nos últimos anos, centenas de casas dos maasais foram queimadas e dezenas de milhares de pessoas, expulsas de suas terras em nome da conservação e do turismo de safári. Em setembro de 2017, maasais de quatro aldeias em Loliondo processaram o governo da Tanzânia pelo direito de retornar às suas aldeias, que se tornaram parte de um parque de safári. Mas, de acordo com a União Pan-Africana de Advogados e o Instituto Oakland, o governo está intimidando e criminalizando os moradores das aldeias e as ONGs aliadas para que abandonem o caso.
RECOMENDADOS
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9 Julho 2018Entre 15 e 17 de junho de 2018, povos indígenas e de comunidades que vivem e trabalham na floresta se reuniram em Sena Madureira, Acre, para denunciar as falsas soluções propostas pelo capitalismo verde para as degradações ambientais e climáticas. Denunciou-se os projetos que creem na falácia de que é possível seguir poluindo a terra, a água e a atmosfera em determinado ponto do planeta e “compensar” esta poluição por meio da manutenção de florestas em outra região. Além da impossibilidade, tais medidas acabam por prejudicar as populações que de fato se relacionam com as florestas de maneira equilibrada.
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9 Julho 2018Um artigo da Transparência Internacional em Portugal mostra como o poder político daquele país – que deveria gerir a floresta, o ordenamento territorial e os meios de prevenção e combate aos incêndios – é refém de interesses empresariais influentes. Segundo o artigo, isso explica por que tantas pessoas morrem e tanta área é arrasada pelo fogo, ano após ano. Entre os grupos mais poderosos está a indústria de celulose e papel, cuja produção depende de plantações de monoculturas de eucalipto, estimadas em quase um milhão de hectares. A empresa Navigator Company tem uma posição dominante no país e está envolvida em todas as etapas da produção.
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9 Julho 2018Um plano apoiado pela China para construir a maior barragem do Camboja poderia “literalmente matar” o rio Mekong, segundo uma avaliação confidencial do governo à qual o jornal The Guardian teve acesso e que diz que o local proposto em Sambor é o “pior lugar possível” para uma usina hidrelétrica. O artigo do jornal afirma que são previstos impactos terríveis sobre os botos e uma das maiores migrações de peixes de água doce do mundo, o que, por sua vez, afeta as muitas aldeias de pescadores que dependem dessa bacia hidrográfica.