Como já informamos, o Conselho de Manejo Florestal (FSC, por sua sigla em inglês) tem iniciado um processo de revisão de certificação de plantações. (vide Boletim nº 92 do WRM).
Várias organizações, entre elas o WRM, que faz muito tempo, vêm solicitando que o FSC faça uma revisão da certificação de plantações, contribuiram com documentação e estudos a respeito dos severos impactos sociais e ambientais das plantações de monoculturas florestais em grande escala, estabelecidas em diferentes países.
Na reunião que começou o processo, o WRM manifestou que o FSC “deveria suspender novas certificações de plantações industriais de árvores em grande escala até que a revisão estiver concluída”. É gritante a necessidade de uma moratória para novas certificaçðes até as avaliaçðes já outorgadas serem re-avaliadas.
Devido ao fato de a Diretoria do FSC não ter tomado uma resolução sobre a moratória, várias organizações sociais e ambientais de diversas partes do mundo encaminharam uma carta aberta ao FSC solicitando a “moratória da certificação e re-certificação de plantações florestais”.
As organizações também decidiram iniciar uma campanha de coleta de assinaturas para uma carta que será encaminhada ao Grupo de Trabalho da Revisão antes da próxima reunião, que será realizada no dia 7 de novembro em Madri, Espanha.
Na carta encaminhada à Diretoria do FSC, as organizações expõem que: “As plantações florestais industriais, com alto grau de mecanização e emprego de produtos químicos, produzem impactos negativos no nível social e ambiental que ainda não foram quantificados nem avaliados de forma adequada, e portanto resulta impossível mitigar o impacto que produzem”.
Explica-se, também, que mesmo que os problemas causados pelas plantações florestais industriais atinjam também a países do Norte: “Os problemas decorrentes das plantaçðes industriais são, geralmente, mais graves no Sul, onde as árvores crescem mais rapidamente e as espécies exóticas de rápido crescimento alcançam ciclos de rotação de até sete anos. Este rápido crescimento implica um alto grau de diminuição dos nutrientes do solo, o que leva a processos de empobrecimento do solo bem como a uma perda de solo superficial”.
À guisa de exemplo, salienta-se que: “Na África do Sul, mais de um milhão de hectares de plantações florestais industriais têm sido certificadas pelo FSC e as empresas plantadoras usam o selo do FSC para promoverem seus produtos como “ecologicamente corretos”. Porém, estas plantações têm sido responsáveis pela escassez dos recursos locais de água, têm diminuido as águas subterrâneas e secado inúmeros arroios e rios, o que restringe, em forma severa, o uso da terra e portanto coloca em risco o sustento das populações rurais”.
Finalmente, estabelece-se que: “Há no mundo uma crescente e justificada oposição ao incremento de plantações florestais e não podemos continuar aceitando que as plantações sejam certificadas pelo FSC aplicando os atuais e defeituosos princípios e critérios. Por isso, a junta diretiva do FSC deve suspender a certificação das plantações industriais até que o processo de revisão estiver concluído e os achados e recomendações aprovados forem ampliamente incorporados”.
Na carta que será encaminhada proximamente ao FSC, as organizações fazem um “apelo urgente para o FSC se retirar da certificação de plantações e ainda reafirmam a demanda da moratória”.
A carta está disponível em http://www.wrm.org.uy/actores/FSC/cartacomite.html. As organizações que quiserem aderir a ela, podem assinar através do web site ou enviar sua adesão a Ana Filippini (anafili@wrm.org.uy) até sexta feira 4 de novembro de 2005.