Mulheres na resistência
Quando as florestas são destruídas, as mulheres das comunidades que dependem delas são atingidas com muita força: suas condições de vida são especialmente precárias, e obter alimentos, medicamentos, materiais e água potável fica ainda mais difícil. Os conhecimentos e a sabedoria tradicionais que as mulheres transmitem ao longo de gerações também são colocados em risco. É por isso que elas costumam estar na vanguarda da resistência contra a destruição das florestas.
As interdependências que ocorrem dentro e entre comunidades das florestas – em vez dos discursos masculinos de conquista – ajudam a esclarecer suas práticas de conservação. Em essas interdependências estão as histórias das mulheres.
Uma visão feminista dos Bens Comuns revela que a acumulação é contrária aos princípios básicos de compartilhar e sustentar: é garantindo que as necessidades definam a proporção da extração que se recebe da abundância da natureza.
As assembleias de aldeia em Korchi, junto com a resistência contra a mineração, estão ativamente engajadas em reimaginar e reconstruir as instituições locais. Os coletivos de mulheres também começaram a afirmar sua voz nesses espaços. (Disponível em suaíli).
O programa indiano para compensar a destruição de florestas por projetos de desenvolvimento constantemente estabelece monoculturas de árvores em terras comunitárias. As mulheres, que são as mais afetadas, estão no centro da resistência.
Da Moçambique, onde as mulheres enfrentam escassez de água e poluição, à Zimbábue, onde a violência militarizada e muitas vezes sexualizada assombra o cotidiano das mulheres, o paradigma extrativista no Sul da África ameaça as vidas e os meios de subsistência das comunidades camponesas, principalmente de mulheres e meninas.
O 8 de março não é apenas um dia para celebrar e dar visibilidade às lutas das mulheres; também é um dia para relembrar de processos de luta e organização das mulheres que representam uma inspiração importante para todas as demais lutas de hoje. Um exemplo é o movimento de mulheres Chipko, da Índia, e sua importante luta, cerca de 40 anos atrás, pela conservação da floresta e contra as monoculturas de árvores.