Os povos indígenas de Camarões não apenas veem suas terras ameaçadas, sob forte pressão de investidores estatais e empresariais, mas também enfrentam um sistema judicial discriminatório, que tende a culpabilizá-los e criminalizá-los.
Boletim 245 - Setembro 2019
Comunidades enfrentam desmatamento, soluções falsas e interesses corporativos.
Este Boletim tem artigos escritos por as seguintes organizações e indivíduos: Muyissi environnement, Gabão; Zidane, Sawit watch, Indonésia; NGONO OTONGO Martin Romuald, Centro para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (CED - Centre pour l’Environnement et le Développement), Camarões; Luis Romero Rengifo, Centro Waman Wasi, Lamas, Peru; Marquardt, Kristina, Pain Adam e Bartholdson Örjan, Universidade Agrícola da Suécia; Verónica González Correa, Observatório Latino-Americano de Conflitos Ambientais (OLCA – Observatorio Latinoamericano de conflictos ambientales); e membros do Secretariado Internacional do WRM.
Boletim WRM
245
Setembro 2019
COMUNIDADES ENFRENTAM DESMATAMENTO, SOLUÇÕES FALSAS E INTERESSES CORPORATIVOS
-
-
30 Setembro 2019A OLAM, com sede em Cingapura, garantiu acesso a 500 mil hectares de terra para estabelecer grandes plantações de dendezeiros no Gabão, um país com 85% de cobertura florestal. Sendo assim, como a empresa pode afirmar que tem compromisso com “desmatamento zero”?
-
30 Setembro 2019O governo alega que a pequena agricultura é responsável pelo desmatamento, mas essa declaração ignora as políticas do próprio governo para promover mudanças no uso da terra, os mercados destrutivos e a exclusão dos povos indígenas com a criação de reservas.
-
30 Setembro 2019As condições de exploração do trabalho na indústria das plantações de dendezeiros na Indonésia são persistentes, e a maioria das principais vítimas é de mulheres.
-
30 Setembro 2019O REDD+ se revelou um grande fracasso para o clima, as florestas e os povos das florestas, mas muitas agências internacionais e governos continuam a apoiá-lo.
-
30 Setembro 2019A produção industrial de borracha natural sempre foi sinônimo de destruição e exploração. Cerca de 70% são para a fabricação de pneus. À medida que aumenta o uso de carros, caminhões e aviões, o uso de borracha também aumenta. E isso não vem sem controvérsias.
-
30 Setembro 2019A Rede de Organizações de Mulheres de Tirúa, no centro-sul do Chile, está implementando estratégias para que a vida prevaleça em um território fragilizado pela invasão intensa de plantações de árvores, que continuam sendo incentivadas pelas políticas de Estado.
NOSSO PONTO DE VISTA
-
30 Setembro 2019Choque” é uma reação comum quando surge uma crise... ou quando ela vem à tona. Mas também proporciona uma cortina de fumaça conveniente para governos, instituições financeiras e empresas ocultarem seu papel e sua responsabilidade pelas atuais crises nas florestas.
POVOS EM AÇÃO
-
30 Setembro 2019O Centro de Acompanhamento de Povos Pigmeus e Minorias Vulneráveis (CAMV, na sigla em francês) alerta sobre a situação preocupante e desastrosa no Parque Nacional Kahuzi Biega, na República Democrática do Congo. Já houve incidentes violentos em abril e julho de 2019, com pessoas feridas gravemente e mortas. E em 1º de agosto de 2019, um pigmeu e um “eco-guarda” foram mortos como resultado de outra briga em um território ocupado pelos pigmeus dentro do parque. Outros confrontos entre “eco-guardas” e pigmeus são relatados diariamente.
-
30 Setembro 2019No final de julho de 2019, a UPM confirmou que instalará uma segunda fábrica de celulose no Uruguai. Esse megaprojeto produzirá até 2,33 milhões de toneladas de celulose por ano, o que acarretará importantes danos ambientais, sociais e culturais. O projeto não tem licença social. Várias organizações sociais, grupos de cidadãos locais e interessados expressaram suas preocupações com as maneiras em que o megaprojeto afetará suas vidas, e suas preocupações não foram abordadas adequadamente pelo processo de consulta pública. A versão mais recente do contrato permite que a UPM se retire, com aviso prévio de apenas um ano, sem justificativa e sem consequências materiais.
RECOMENDADOS
-
30 Setembro 2019A campanha “Vozes Territoriais Frente ao Projeto MAPA: Testemunhos sobre a megaexpansão da Celulose Arauco” busca dar visibilidade a testemunhos sobre os danos decorrentes do projeto que pretende triplicar a produção da planta da empresa no Chile. O Coletivo Ojo de Treile produziu uma série de microcápsulas audiovisuais para enfrentar o projeto mais ambicioso da indústria de plantações na história daquele país, que ameaça intervir em outras florestas e territórios ancestrais.
-
30 Setembro 2019A TV Yle, um canal de comunicação da imprensa finlandesa, produziu um documentário sobre o envolvimento da Stora Enso, uma mega-empresa de celulose sueco-finlandesa e um dos donos da Veracel Celulose, empresa que atua no Brasil e é acusada de apropriação de terras, suborno, crimes ambientais e trabalhistas. É preocupante que a polícia prendeu as pessoas entrevistadas no documentário, como o fazendeiro Geraldo Pereira, que alega possuir parte das terras defendidas pela Veracel desde os anos 1970, fato confirmado em uma audiência pelo tribunal local em Eunápolis que ouviu testemunhas que narraram e confirmou a alegação da posse das terras.
-
30 Setembro 2019A RSPO é o sistema de certificação voluntária mais usado por empresas de dendê, e realiza sua 3ª Conferência Africana de Óleo de Dendê Sustentável em Accra, Gana, em agosto de 2019. Mas grupos da Amigos da Terra África a denunciaram como lavagem verde. Casos de degradação ambiental e violações de direitos permanecem visíveis em muitas das plantações que possuem esse selo. Os grupos também culpam as atividades das empresas de plantação de dendezeiros por perda de biodiversidade, aumento da pobreza, violações dos direitos humanos e o desastre climático na África, entre outros.
-
30 Setembro 2019Este relatório -por Anne Petermann e Orin Langelle, Global Justice Ecology Project- examina os eventos e pesquisas divulgados ao longo de duas semanas, entre 23 de junho e 4 de julho de 2019, discutindo a utilização maciça de árvores para permitir o estilo de vida insustentável do segmento de 1% mais rico do mundo ante as catástrofes ecológicas iminentes: desde as árvores geneticamente modificadas para facilitar a geração “verde” de energia, plásticos e produtos químicos; a plantação de trilhões de árvores para reduzir os níveis globais de carbono atmosférico; e as “reformas” do sistema econômico para permitir lucros futuros sob o disfarce de proteção da biodiversidade.