Em todo o Sul global, comunidades que resistem a grandes empresas controladoras de seus territórios enfrentam não apenas a violência empresarial, mas também gás lacrimogêneo, cassetetes e repressão por parte do Estado. Questionando a interpretação falsa e conveniente de que “toda a terra pertence ao Estado”, usada por governos para proteger os interesses de empresas, comunidades se mantêm fortes na luta para recuperar suas terras ancestrais “porque são um lugar sagrado, um lugar que dá sentido à nossa existência”.
Boletim 274 - Abril 2025
Táticas sujas por trás de negócios 'verdes'
Boletim WRM
274
Abril 2025
NOSSO PONTO DE VISTA
TÁTICAS SUJAS POR TRÁS DE NEGÓCIOS 'VERDES'
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23 Abril 2025Na província do Cabo Ocidental, na África do Sul, comunidades rurais afetadas pela histórica expropriação de terras também enfrentam, em vários lugares, os muitos impactos de uma vida cercada por plantações industriais de árvores. Buscando fortalecer seu acesso à terra, essas comunidades se mobilizaram em um fórum apoiado por organizações da sociedade civil, exigindo participação em decisões e outros direitos comunitários.
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23 Abril 2025Várias empresas estão ampliando as monoculturas de árvores na Orinoquia colombiana, agravando antigos conflitos e violência. “Essas empresas não são reflorestadoras, e sim desmatadoras, porque trouxeram espécies exóticas, como acácia, eucalipto e pinus, que não são nativas do território e estão eliminando o que é desta área” – Líder indígena Sikuani
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23 Abril 2025A “Deklarasi Solidaritas Merauke” (Declaração de Solidariedade de Merauke, veja mais adiante) foi escrita coletivamente pelos participantes do “Konsolidasi Solidaritas Merauke” (Encontro de Consolidação da Solidariedade de Merauke), uma reunião popular que ocorreu na cidade de Merauke, província de Papua do Sul, em março de 2025. A declaração pede a interrupção imediata do Projeto Estratégico Nacional (PSN) de Merauke.
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23 Abril 2025Uma nova onda de expansão de projetos de usinas hidrelétricas avança pelo Sul Global sob a bandeira de produzir ´energia limpa´, agilizar a ´transição energética´ e promover uma ´economia de baixo carbono´. No dia 14 de março, comunidades emitiram uma declaração conjunta denunciando o rastro de destruição que as grandes barragens já têm causado mundo afora, rejeitando mais barragens e gritando, em alto e bom som: grandes usinas hidrelétricas não são energia limpa!
DOS ARQUIVOS DO BOLETIM DO WRM
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23 Abril 2025Nos primeiros meses de 2025, incêndios florestais voltaram a afetar centenas de famílias e queimar dezenas de milhares de hectares na Patagônia argentina. Nesse contexto, resgatamos um artigo de Aguayala publicado no Boletim 259 do WRM, que explica como as plantações industriais de pinus vêm sendo uma das principais causas não só de incêndios florestais mortais, como tambémde apropriação de terras, desmatamento, esgotamento da água e conflitos violentos com as comunidades Mapuche. Ao mesmo tempo, tais plantações têm sido falsamente promovidas como uma solução para as mudanças climáticas. Acesse o artigo aqui.
RECOMENDADOS
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23 Abril 2025Comunidades na região de Apouh à Ngog, em Edéa, Camarões, continuam resistindo à violência da empresa Socapalm (subsidiária da SOCFIN) e de soldados fortemente armados que tentam impedir a comunidade de recuperar parte de suas terras ancestrais para plantações de alimentos, após anos de ocupação por plantações industriais de palma. A opinião pública internacional e nacional deve estar atenta a essa situação. Para isso, compartilhamos abaixo um artigo que descreve e apresenta imagens da violência e a impunidade com que essas empresas operam. Estamos vigilantes. Nossa solidariedade está com a comunidade de Apouh à Ngog!
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23 Abril 2025
Comunidades indígenas Marudi se opõem a projeto de carbono de empresa madeireira em Sarawak, Malásia
A Samling é uma empresa madeireira, de plantações e construção notoriamente destrutiva da Malásia, que enfrenta décadas de oposição de povos indígenas como os Penan (veja, por exemplo, o Boletim 100 do WRM) e os Kenyah por destruir suas terras consuetudinárias. (1) Em dezembro de 2023, a SaraCarbon, subsidiária da Samling, cadastrou um projeto de carbono no estado malaio de Sarawak no registro da Verra, ‘certificadora’ de projetos carbono. (2) O projeto de carbono baseia-se na alegação duvidosa de que a empresa destruiria florestas pantanosas para estabelecer plantações de acácia em mais de 30.000 hectares. Os moradores, no entanto, relatam que a terra se provou inadequada para plantações de acácia. -
23 Abril 2025Em 2023, em paralelo à conferência climática da ONU em Dubai, no estado petrolífero dos Emirados Árabes Unidos, o governo brasileiro apresentou a ideia de um “Fundo Florestas Tropicais para Sempre” (Tropical Forests Forever Facility, TFFF). Inicialmente pensado pelo Banco Mundial em 2018, o fundo está sendo preparado para ser lançado com grande alarde na conferência climática da ONU de 2025, na cidade amazônica de Belém, no Brasil. Investimentos e doações do setor privado proporcionariam o capital inicial para gestores financeiros especularem nos mercados de capitais. Se as apostas financeiras dos gestores forem lucrativas o suficiente para pagar mais que dividendos a quem empresta seu capital ao fundo, talvez sobre algum dinheiro para a proteção de florestas no Sul global.